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Martírio de Tiradentes, Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo. |
"Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão. Se todos quisermos, dizia-nos, há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la!" (Tancredo Neves)
O dia 21 de abril será lembrado por nós brasileiros pela perda de três grandes homens. Um deles, foi o militar Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, enforcado em 21 de abril de 1792, que liderou a Inconfidência Mineira, movimento este que lutava pela independência do Brasil da Coroa Portuguesa, ainda que restrito à região de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
Tal personagem da nossa história ficou praticamente cem anos esquecido até que a República foi proclamada em 1889. Foi quando então os positivistas o mitificaram como um herói da pátria, buscando personificar a identidade republicana.
Devido a essa mitificação de Tiradentes, pintado em vários quadros com barba, chegava a confundi-lo com a figura de Jesus quando ainda me achava na pré-escola. Até mesmo porque a Sexta-feira da Paixão costuma ocorrer em abril, pouco antes do dia 21/04.
Há exatos 40 anos atrás, em 21 de abril de 1985, os brasileiros choraram a morte de Tancredo de Almeida Neves, o nosso primeiro presidente civil depois de mais de 20 anos de ditadura militar. Apesar de eleito por ampla maioria pelo Colégio Eleitoral, com mais de 72% dos votos, ele não chegou a tomar posse pois adoeceu gravemente em março daquele ano, vindo a falecer um mês depois.
Na época da morte de Tancredo, eu tinha acabado de completar 9 anos e morava com meu avô paterno em Juiz de Fora, interior de Minas Gerais. Recordo que vi muita gente chorando e se lamentando pelo seu falecimento pois o presidente eleito simbolizava a esperança de um povo massacrado pela opressão polícia dos generais que haviam tomado o país de assalto 21 anos antes.
Nesta segunda-feira chuvosa, perdemos um outro líder que, embora não fosse brasileiro, era uma fonte de inspiração para todo o mundo. Nascido Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco deixou um legado de lutas, oposição às guerras, defesa do meio ambiente, dedicação aos pobres, respeito ao ser humano, aos imigrantes, aos presidiários, às mulheres e aos excluídos da sociedade.
Certamente, teríamos outros nomes de pessoas para rememorarmos as quais partiram nesta mesma data, embora em anos diferentes, como o escritor e poeta maranhense Joaquim de Sousa Andrade, mais conhecido por Sousândrade. Também temos o advogado, jornalista e político Paschoal Ranieri Mazzilli que, sendo o representante da Câmara Federal, por duas vezes presidiu interinamente o país na década de 60. E, no meio cultural, perdemos o produtor teatral Walter Pinto, o dublador Waldyr Sant'anna, e a atriz Carmem Silva, nome artístico de Maria Amália Feijó, sendo que, no mundo dos esportes, devemos recordar do saudoso técnico de futebol Telê Santana da Silva, o qual chegou a comandar a nossa seleção de futebol.
Enfim, o feriado de 21 de abril poderia ser considerado um segundo Finados para os brasileiros, com a diferença que a ressignificação de Tiradentes, mesmo mitificada pelos antigos republicanos, serve de motivação para lutarmos por um Brasil melhor. Aliás, eu diria que é uma grande honra alguém morrer nesta data, assim como em 20 de novembro, dia da Consciência Negra por se tratar da morte de Zumbi dos Palmares.
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