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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O boto em extinção na Baía de Sepetiba



Segundo uma matéria publicada hoje pelo portal de notícias G1, pesquisadores estão procurando saber qual a causa da morte de 88 botos cinzas aqui na região da Baía de Sepetiba, o que foi registrado durante um lapso de tempo de apenas 18 dias, representando mais de 10% da população da espécie no local (clique AQUI para ler). De acordo com uma reportagem anterior:

"Ali está concentrada a maior população de botos cinzas do planeta. Ainda assim, estão ameaçados. O número subiu repentinamente.
De acordo com os biólogos, a população local é de cerca de 800 botos - ou seja, quase 10% deles morreram em pouco mais de duas semanas. O motivo ainda é desconhecido.
A conclusão deve sair até o fim do mês. Exames em laboratórios especializados estão sendo realizados. Pesquisadores da ONG SOS Botos afirmam que a pesca predatória não é o motivo.
Todos os dias, o instituto tem recolhido de quatro a cinco carcaças dos animais. Os filhotes estão sendo encontrados com lesões de pele. Muitos deles estão magros.
O padrão de mortalidade também mudou: hoje são fêmeas e filhotes; antes, eram machos e adultos." (extraído de https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/morte-de-78-botos-cinzas-em-17-dias-na-baia-de-sepetiba-rj-intriga-pesquisadores.ghtml)

Ao que parece, estamos testemunhando a extinção de uma espécie aqui no litoral sul-fluminense. Pois, se esse processo assim continuar, é o que poderá acabar ocorrendo na atual década, ou ainda antes da segunda metade de 2018, sem que nenhuma medida eficaz esteja sendo tomada para reverter essa tragédia ambiental.

Nesta quarta-feira (03/01), recebi a informação pelos grupos de WhatsApp de que a causa do problema poderia ser a troca de água de lastro dos navios e que o correto seria fazerem o procedimento a 500 milhas náuticas. E foi levantada a suspeita de que uma alteração no ecossistema impactada por essas embarcações teria relação tanto com as mortes dos botos como com a proliferação de uma perigosa espécie de águas vivas gigantes.

Já na matéria de hoje, os pesquisadores levantaram a hipótese de que a causa seja alguma doença. Daí, caso as mortes em massa estejam sendo provocadas por vírus ou bactéria, a moléstia se propagaria com maior rapidez. E a este respeito, entrevistado pelo G1, o biólogo Leonardo Flach, do Instituto Boto Cinza, ONG sediada aqui em Mangaratiba (Itacuruçá), forneceu um diagnóstico pessimista da situação:

"Não existe a possibilidade de um tratamento no ambiente selvagem. Se confirmar algum patógeno, alguma doença relacionada especificamente pro boto-cinza, a gente pode ter aí uma perda de 70% da população , 80%, infelizmente a gente não tem muito o que fazer a não ser contar com o órgão ambiental pra diminuir as outras ameaças e criar maneiras de proteção, que é por exemplo uma unidade de conservação marinha, um refúgio para os animais poderem dar continuidade os que sobreviverem"

Por enquanto, até que saia uma análise conclusiva do que vem acontecendo, temos mais indagações do que respostas, mas podemos seguramente afirmar que um dos principais motivos da extinção do cetáceo se chama poluição, a qual vem aumentando muito ultimamente devido aos grandes empreendimentos econômicos que continuam se multiplicado aqui na Baía de Sepetiba. Principalmente na área portuária, com a construção de novos estaleiros e terminais marítimos, além dos indevidos condomínios residenciais de luxo em frente à praia e sobre áreas de manguezais.

Seja como for, penso que é chegado o momento da sociedade local refletir se vale a pena continuar negociando o meio ambiente em troca de verbas compensatórias de poderosas empresas que, na verdade, nada compensam, ou se iremos optar por uma decisiva preservação do meio ambiente, definindo como meta elevar a nossa qualidade de vida em harmonia com a natureza. Pois, se tal processo negativo não for interrompido, certamente os nossos netos não verão mais botos, tartarugas aquáticas, nem pescarão no mar, e, dificilmente, conseguirão tomar banho nas praias do continente. Olharemos para o horizonte diante de um oceano morto, agitado apenas pelo vento.




OBS: Imagem de divulgação/Instituto Boto Cinza

8 comentários:

  1. passando para deixar cumprimentos e desejar um Ano Novo de 2018 muito feliz.
    Abraço

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  2. Boa noite,Nuno. Desejo-lhe também um excelente 2018.Tudo de bom.

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  3. Eu cheguei à Mangaratiba em 1975. Tive o grande privilégio de nadar no meio das tartarugas e de beber a água do Rio da Boca da Barra (final da Praia do Saco).
    Durante 20 anos lutei contra a destruição dos Manguezais. Infelizmente os "poderosos" de Mangaratiba venceram!
    Hoje quem paga são os inocentes!
    O mesmo "poderoso" que destruiu os manguezais, a meu ver, também é o maior culpado pelas mortes dessas lindas criaturas de DEUS. ������

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  4. Eu cheguei à Mangaratiba em 1975. Tive o grande privilégio de nadar no meio das tartarugas e de beber a água do Rio da Boca da Barra (final da Praia do Saco).
    Durante 20 anos lutei contra a destruição dos Manguezais. Infelizmente os "poderosos" de Mangaratiba venceram!
    Hoje quem paga são os inocentes!
    O mesmo "poderoso" que destruiu os manguezais, a meu ver, também é o maior culpado pelas mortes dessas lindas criaturas de DEUS.

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    1. Olá, Ana.

      Inicialmente muito obrigado por sua leitura e comentários.

      Realmente é muito triste essa degradação ambiental aqui no litoral sul fluminense e, em especial, na nossa Mangaratiba.

      Desde o final dos anos 70, ainda criança, eu já vinha com meus pais para Muriqui, época em que a praia era muito mais limpa. E continuei frequentando a casa de minha avó paterna na Rua Primeiro de Maio durante a infância e adolescência. Agora, porém, não sinto mais vontade de entrar na água do mar tendo em vista os boletins que o INEA publica periodicamente sobre a balneabilidade das principais praias do Município.

      Recentemente foi aprovado na Câmara o novo Plano Diretor de Mangaratiba e, sem que a cidade tenha estrutura para crescer, novas áreas urbanas e de expansão estão sendo criadas. Inclusive em lugares próximos ao Parque Estadual do Cunhambebe, como no Porto Bello, nas fazendas de Santa Justina e de Santa Izabel e em Ingaiba.

      Tão prejudicial quanto os terminais marítimos, são os novos condomínios que vão se proliferando. Por isso, torna-se preciso que a sociedade reveja isso é vá se posicionando, reivindicando também estações de tratamento de esgoto.

      Um abraço e ótimo final de semana.

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  5. Lamentável estarmos assistindo a tudo isso.

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  6. Lamentável estarmos assistindo a tudo isso.

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