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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Um herói que não pode ser esquecido




Nesta última terça-feira (03/11), a OAB prestou uma homenagem ao líder abolicionista Luiz Gonzaga Pinto da Gama, o qual viveu no século XIX, entre os anos de 1830 a 1882. Durante a solenidade ocorrida na Universidade Mackenzie, em São Paulo, o presidente do Conselho Federal da Ordem dos advogados do Brasil, Dr. Marcus Vinicius Furtado Coêlho, reconheceu a atuação de Luiz Gama como advogado conferindo-lhe título póstumo como profissional da advocacia, conforme discursou:

"Luiz Gama é um herói da nação brasileira. O reconhecimento pela OAB de sua condição de advogado é a declaração de um fato histórico.  Foi Luiz Gama um autêntico advogado, defensor de milhares de escravos nos tribunais.  Sua história há de ser reverenciada na galeria dos mártires da pátria"

Importante comentar que Luiz Gama não teve a oportunidade de cursar uma faculdade como os demais estudantes de sua época. Vivendo numa sociedade vergonhosamente racista e aristocrática, ele foi impedido de frequentar as aulas no Largo de São Francisco por ser negro, mas aprendeu sobre Direito através dos livros que lia na biblioteca e para isto recebeu o incentivo de juristas abolicionistas que o apoiavam.

Gama passou a infância em uma casa na Bahia e, aos 10 anos, foi vendido como escravo pelo próprio pai. Com 17 anos, conseguiu a liberdade de volta, o que não bastou. Usando os seus conhecimentos jurídicos, atuou como rábula para conseguir alforriar, pela via judicial, centenas de escravos. Tamanha foi a importância de seu trabalho na causa emancipacionista dos negros, em plena vigência das leis escravocratas, que ele recebeu o epíteto de "Apóstolo Negro da Abolição".

Segundo o presidente da OAB nacional, "a história do Brasil há de ser sempre lembrada para evitar a repetição de erros do passado". E, sem dúvida, precisamos fazer esse resgate a fim de encorajarmos a nossa sociedade a combater o preconceito e a discriminação racial, tornando o Brasil um país mais igualitário, onde haja oportunidades reais para todos.

Esta seria a primeira vez na história em que a OAB concede o título de advogado a uma pessoa que não se formou em Direito e que já morreu. Só que, no caso de Luiz Gama, nada mais do que justa a homenagem póstuma e que chega em boa hora, isto é, neste mês de novembro que é dedicado não só à Proclamação da República como também à Consciência Negra.

Valeu, Gama! As gerações de hoje reconhecem amplamente a sua luta por um país melhor.

Tenham todos um ótimo final de semana!


OBS: A imagem acima trata-se de uma foto sobre Luiz Gama por volta de 1860, a qual foi extraída do acervo virtual da Wikipédia conforme consta em https://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADs_Gama#/media/File:Luiz_Gama_perfil.png

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