Nos últimos anos, o Brasil ampliou o acesso à educação como todos sabemos. Porém, a sociedade ainda aguarda uma significativa melhoria na qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas.
Quando se fala em qualificar o ensino, há que se incluir aí um modelo de educação que forme livres pensadores. Ou seja, alunos com senso crítico capazes de refletir, agir com dinamismo e exercitar a criatividade. Não basta o educando acumular conhecimento teórico memorizado, pois é necessário compreender e saber como aplicar a informação recebida.
Como havia comentado na postagem de 23/05 deste blogue (Coragem!), tenho feito a leitura do excelente livro Coragem para evoluir do administrador de empresas Luciano Vicenzi, o qual dedicou algumas páginas de sua instrutiva obra para tratar da instituição escola, comentando acerca dos estímulos à criatividade dado aos alunos em alguns modelos de ensino mais avançados. Segundo ele, estes seriam trabalhos que buscam desenvolver a habilidade do educando a fim de tornar o estudo algo divertido, sem deixar de ser produtivo.
Acontece que essas inovações no sistema ainda constituem exceções dentro da escola brasileira. Segundo o citado autor, o modelo atual de educação mais comum "pouco ensina a pensar, mas, prioritariamente, obedecer". E complementa:
"As manifestações mais espontâneas, diferentes daquelas preestabelecidas há várias gerações, sem qualquer revisão, são imediatamente reprimidas. Parte-se do princípio de que o diferente pode ser perigoso. Quando começariam a despontar as qualificações da consciência para a vida, sobrevem o reforço dos comportamentos da ideologia dominante, a massificação das repressões, autoritarismos e condicionamentos predeterminados. O indivíduo, ainda em formação, tem as posturas mais originais tolhidas, sem uma análise mais profunda das raízes e conseqüências dessas atitudes, da validade ou do conteúdo informacional das mesmas. Os próprios colegas, quando já trazem assimiladas as formas de repressão que lhes foram impostas, passam a pressionar esta criança que, discordando desse modo de agir, vê-se deslocada." (1ª edição. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, 2001, pág. 43)
Até quando teremos instituições de ensino que ainda reprimem o saber, a criatividade e a iniciativa de pesquisa?!
O fato é que precisamos tomar a consciência de que as escolas brasileiras e o próprio ambiente social no país ainda não são propícios para o desenvolvimento da criatividade. Não é por menos que somos importadores de tecnologia de ponta e perdemos inúmeros cientistas brilhantes para o estrangeiro. Também muitas crianças talentosas diferentes das demais não desenvolvem o aprendizado nessas instituições e, contrariamente ao que se deseja, saem das aulas bloqueadas para o aprendizado.
Criar um Brasil pensante neste alienante século XXI não será tarefa fácil. Além da escola, há que se levar em conta o ambiente familiar do indivíduo, a influência da religião (quase sempre emburrecedora), os diversos grupos de convivência social entre os quais costumam faltar estímulos para um debate instrutivo e também as redes de internet em que a leitura de textos vem sendo substituída por rápidas "curtidas". Porém, é preciso mudar com ousadia essa realidade sendo importantíssima a atitude motivacional do líder a exemplo não só dos professores como também dos pais, dos gestores empresariais, dos chefes das repartições públicas, dos ministros eclesiásticos e dos próprios pensadores em geral, tornando-se todos conscientes desse elevado dever ético para com a humanidade.
Um ótimo final de semana a todos!
OBS: A ilustração acima refere-se a uma foto da escultura feita em bronze O Pensador (1904), do artista francês François-Auguste-René Rodin (1840 — 1917), a qual se encontra no Museu Rodin, Paris, França, conforme extraído do acervo virtual da Wikipédia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Paris_2010_-_Le_Penseur.jpg
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