"Orai pela paz de Jerusalém!
Sejam prósperos os que te amam.
Reine paz dentro de teus muros
e prosperidade nos teus palácios.
Por amor dos meus irmãos e amigos,
eu peço: haja paz em ti!
Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus,
buscarei o teu bem."
(Sl 122:6-9; ARA)
Na véspera do último Natal, quando a comunidade judaica no mundo inteiro estava a celebrar a festa de Chanucá, assisti a uma reportagem no Jornal Nacional sobre uma escola em Israel onde alunos de diferentes religiões estudam juntos compartilhando do mesmo espaço para aprenderem, brincarem e se relacionarem. Lá um brasileiro idealista resolveu dar aulas de jiu-jitsu aos pequeninos, o que tem contribuído muito para a aproximação entre as crianças do estabelecimento considerando que se trata de uma luta na qual existe o socializador toque corporal (ler a íntegra da matéria Brasileiro participa de projeto que tenta aproximar árabes e judeus no portal do G1).
"Há quatro meses, o brasileiro Marcos Gorinstein viu na frente da escola um cartaz que defendia a união entre árabes e judeus. Se ofereceu para dar aulas e foi aceito na hora. 'Foi o motivo pelo qual eu vim para Israel. Para trabalhar por uma sociedade mais igual, uma sociedade onde judeus e árabes, muçulmanos e cristãos, não importa, possam estar convivendo juntos, sem preconceito, sem racismo', explica o professor de jiu-jitsu. No tatame, Marcos descobriu que o jiu-jitsu tinha algo poderoso. 'A gente tem o toque aqui. O toque com qualquer pessoa muda a relação, porque a gente passa a ser mais íntimo. A gente passa a ser mais pessoal', constata."
Achei interessante a iniciativa dessa inovadora instituição de ensino, embora ainda seja algo distante da dura realidade do Oriente Médio e do mundo no qual vivemos. Até mesmo em relação ao nosso querido Brasil porque também temos alguns conflitos entre pessoas de religiões diferentes aqui, além de uma forte discriminação social capaz de envolver casos violentos de homofobia, de desrespeito para com o negro, o índio, o idoso, a criança, a mulher, o deficiente físico, o nordestino, o sem-terra e o sem-teto. Em alguns momentos chega a soar hipócrita aquele velho papo de que somos uma "democracia racial", coisa que muitas das vezes acaba ficando só na Constituição quando a imprensa mostra determinados episódios de preconceito surgindo em pleno século XXI.
De fato, as comunidades judaica e muçulmana convivem tranquilamente nas metrópoles brasileiras, se comparado com outras regiões do planeta. Porém, não podemos nos esquecer de que ambos os grupos são minorias dentro do nosso país. E também existem leis que limitam o poder religioso em relação ao Estado brasileiro cujas características tendem mais para a laicidade, proclamando a liberdade formal de cada um perante a Carta Magna. Aí, se pensarmos bem, tudo isso ajuda a enfraquecer o sentimento preconceituoso das pessoas sendo certo que não podemos relaxar jamais quanto a conflitos de tal natureza.
Apesar das guerras envolvendo árabes e judeus em Israel serem consideradas umas das mais graves do mundo, considero que Jerusalém pode vir a se tornar exemplo de paz para toda a humanidade quando as pessoas por lá aprenderem a respeitar umas às outras. No fundo, mantenho o sentimento de que, em algum dia, israelenses e palestinos virão ao Brasil darem palestras sobre coexistência. Pois, como se sabe, é na aridez da vida que cultivamos os melhores valores e, por isso, não duvido de que, no futuro, o mundo ainda poderá se surpreender com o Oriente Médio hoje tão criticado. São as lições da adversidade que nunca podemos ignorar.
O trecho do poema bíblico que citei no começo deste artigo faz uma expressa referência à "Casa do SENHOR" que era o antigo Templo judaico cuja segunda edificação foi destruída no ano 70 da era atual pelos romanos. E, embora aquele histórico prédio não esteja mais totalmente ali em Jerusalém (no local encontra-se hoje a Mesquita de Al-Aqsa existente há muitos séculos), sabemos que uma comunidade não consiste apenas de tijolos, pedras e argamassa. Pois, antes de mais, ela é nada formada por seres humanos capazes de se relacionarem entre si e, assim sendo, há que se pensar num ambiente social cujas dimensões tornem-se mais amplas sendo o amor a base para tudo.
Uma comunidade de relacionamentos amorosos é o que corresponde ao visionário Templo de Ezequiel (Ez 40:1-48:35), o qual não deve ser tomado como uma mera planta de arquitetura sonhada pelo profeta. Na realidade, trata-se de uma idealização de futuro onde os bons princípios reinem e a Divina Presença seja perceptível aos habitantes do lugar. E, por mais que o escritor bíblico tenha se expressado em conformidade com os valores de sua cultura e época, a essência desse plano restaurador comunica-se com o nosso momento vivido. Com isso, o amor torna-se remédio para todas as gerações precisando ser praticado em relação a qualquer membro da espécie humana independentemente de credo, etnia, origem, nacionalidade ou orientação sexual.
Que venha paz sem fim sobre Jerusalém e reine o amor sobre toda a Terra!
OBS: Imagem acima extraída de uma página da EBC conforme consta em http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2013/02/organizacao-para-a-libertacao-da-palestina-apresentara-plano-de-paz-a
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