"Eis que és formosa, ó meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas." (Ct 1:15)
No primeiro sábado do ano, resolvi ler um trecho da obra bíblica Cântico dos Cânticos junto com Núbia enquanto eu descansava da fatigante semana do Réveillon. Durante a reflexão que fiz, chamou-me a atenção o fato do esposo e a esposa trocarem elogios mútuos no livro como se verifica no verso acima citado e em inúmeras demais passagens.
É certo que algumas comparações de Cantares, caso feitas nos dias atuais, não seriam bem recebidas pelo cônjuge a exemplo de Ct 1:9. Imaginem como uma mulher reagiria se o marido a chamasse de égua egípcia mesmo que carinhosamente?! Ou qual seria a reação de um cara machão se a esposa se referisse a ele como alguém "semelhante ao gamo ou ao filho da gazela" (Ct 2:17)? Só que, se tivermos em vista o contexto histórico-cultural da época das Escrituras Sagradas, bem como a pureza ética do autor bíblico, compreenderemos que se trataram das mais belas declarações de amor já ouvidas pela humanidade.
O que pude observar da leitura de Cântico dos Cânticos é que o elogio precisa estar sempre presente nas relações conjugais. Proferir palavras agradáveis um ao outro, de reconhecimento, incentivo e de elevação, constitui uma conduta ativa para se temperar o casamento diante da desgastante rotina diária a qual nos submetemos. Seria uma espécie de profilaxia para manter acesa nos corações a chama eterna do amor.
Já o contrário acontece quando as pessoas ficam acusando umas às outras, procurando ver defeitos no outro, ou se ofendendo mutuamente. Por isso é lamentável que muitos casais já não se respeitem mais havendo entre os cônjuges sentimentos de acusação e de culpa. Logo, as coisas boas que eram ditas no começo do namoro vão deixando de se repetir em diversos lares brasileiros.
Às vezes um cônjuge fica se perguntando por que aquela "magia" do início do namoro teria desaparecido tempos depois das núpcias? Uma atração que antes era espontânea acabou se transformando em indiferença ou até em repulsa a ponto de um já não mais admirar o outro. Afinal, por que aquela "química" já não funciona mais no casamento?!
No entanto, se um casal começar a compor elogios desde as primeiras horas do dia, nutrir bons sentimentos um pelo outro e dialogar de maneira cordial, acredito que toda aquela alegria dos encontros iniciais tende a retornar. Claro que será de uma forma diferente. Talvez com mais maturidade e consciência, o que importaria numa redescoberta do amor.
Penso que, mesmo com o passar dos anos, uma relação ainda pode se renovar, o que depende da atitude e do esforço dos cônjuges. Talvez a iniciativa possa ser tomada por apenas um deles mesmo que em meio às lutas e compromissos profissionais. Aí o importante nesses momentos seria começar algo novo na relação afetiva, não se deixando levar por aquelas tendências reativas que temos. Pois, se agirmos assim, rompendo as tendências ruins, estaremos plantando flores e cultivando belos jardins em nossa convivência relacional cotidiana.
Um ótimo final de semana para todos e que 2015 seja um ano de renovação em sua vida!
OBS: Ilustração acima extraída do acervo virtual da Wikipédia conforme consta em http://mk.wikipedia.org/wiki/%D0%9F%D0%B5%D1%81%D0%BD%D0%B0_%D0%BD%D0%B0%D0%B4_%D0%BF%D0%B5%D1%81%D0%BD%D0%B8%D1%82%D0%B5#mediaviewer/File:Llyfr_Caniad_Solomon_-_Caerwynt_2.jpg
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