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domingo, 10 de dezembro de 2017

Serão tempos de Inquisição virtual?



Ontem 09/12, foi o Dia Internacional Contra a Corrupção, data que, mesmo caindo este ano num sábado, não teve, a meu ver, tantas manifestações quanto em 2016.

Entretanto, embora desanimada, a nossa população permanece indignada. E esse sentimento de revolta pode novamente vir à tona a qualquer momento, seja de maneira organizada ou não. Quer esteja direcionado para um sistema, um político, um réu num processo judicial ou mesmo em relação a uma pessoa que esteja apenas sendo investigada por mera suspeita de participação em crimes.

Penso que, nessas horas, é preciso tomar cuidado para não cometermos injustiças contra inocentes ou que, até haver prova em contrário, devem ser presumivelmente considerados nesta condição. Pois, de outro modo, estaremos jogando por terra princípios basilares do Estado Democrático de Direito, os quais protegem a todos nós da tirania pública e privada.

Faço parte de uma ONG que tem por objetivo lutar em favor da transparência na Administração Pública. E, ao mesmo tempo em que combatemos a corrupção, buscamos não embarcar em nenhuma histeria emocional contra políticos, na qual as pessoas iradas com os acontecimentos tornam a culpa como sendo algo presumido.

Fato é que, enquanto um réu não tem a sua sentença transitada em julgado, ou pelo menos não houver uma decisão quanto aos fatos a nível de segunda instância judicial, não há como se concluir pela culpabilidade de alguém. Menos ainda quando se tratar de um simples investigado ou de alguém cujo nome tenha sido citado em matéria de jornal por algum motivo.

Tudo isso se torna bem preocupante na atualidade com a internet cada vez mais presente nas nossas vidas e os chamados fakes news, que nada mais são do que boatos gerados nas redes sociais sem nenhuma fonte segura de informação. Pois, através de perfis falsos, pessoas mal intencionadas tentam manipular a opinião pública de várias maneiras, podendo elas mesmas serem reféns de um emocionalismo vulnerável que, por sua vez, torna-se indutor de suas ações nocivas.

No meu entender, só o cultivo da racionalidade poderá ajudar a população a não se deixar levar tão facilmente pelos discursos que expressam ódio ou que divulgam notícias falsas. E, neste sentido, considero que precisamos prestar bem a atenção nas mensagens passadas, procurarmos saber qual a sua fonte e colocarmos em funcionamento o nosso senso crítico. 

Por esses dias, durante um evento em Chicago, o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recordou a ascensão do nazismo na Alemanha da primeira metade do século passado e fez um alerta à sociedade de seu país sobre a fragilidade da democracia. Segundo ele, é preciso cultivar o "jardim da democracia" ou do contrário, "as coisas podem desmoronar muito rapidamente".

Igualmente, nós brasileiros também precisamos preservar os valores básicos de um Estado democrático e buscarmos meios para transformarmos a internet num ambiente saudável e construtivo.

Ótimo domingo a todos!

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