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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

As armadilhas da experiência




"Melhor é o jovem pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que já não se deixa admoestar" (Eclesiastes 4:13; ARA)

Ao interpretar a mensagem bíblica acima citada, o mestre judeu medieval Ibn-Ezra contrastou a inútil experiência de vida de um velho-rei com a mente aberta de um jovem-sábio. Segundo ele, a disposição de alguém em ouvir um bom conselho seria superior a quem, devido à própria tolice, já não exercita mais a capacidade de relacionar as suas observações da realidade com as situações vivenciadas.

Tal reflexão fez-me pensar mais profundamente acerca dos erros que todos cometemos nas diversas áreas de nossas vidas. Quer seja nas profissões, no convívio fraterno dentro do meio religioso, nas relações familiares ou no comando da política. Não raramente, por exemplo, encontro pessoas arrogantes nos ambientes de trabalho achando que estão absolutamente certas em suas opiniões apenas porque teriam tantos anos de exercício de uma determinada função. Só falta baterem no peito e dizer: "Eu sou o chefe! Manda quem pode..."

Em momento algum a experiência deve ser ignorada. Para o sábio, quanto mais aprendizado de vida, melhor será. A diferença para o insensato é que ele percebe diante da vida o quanto ainda precisa evoluir e crescer nas suas concepções aproximando-se daquilo que, numa certa ocasião, assim teria dito o filósofo grego Sócrates: "só sei que nada sei". E, agindo assim, quer seja jovem ou idoso, a mente sábia permanece com o grau de abertura necessária para a renovação/atualização do conhecimento.

Na nossa caminhada espiritual será que não ocorre a mesma coisa?!

O crente arrogante custa a se desfazer da pretensão de se tornar um conhecedor onisciente de algo e diz ser convertido há tantas décadas como se o tempo de membresia numa determinada igreja fosse algo superior. Faz da frequência a cultos, a aulas bíblicas, participações em vigílias, jejuns, orações e da atuação em ministérios itens de uma espécie de currículo, mas nem sempre experimenta os mesmos sabores de um neófito na fé. Este, com toda a sua simplicidade e humildade, consegue encontrar-se maravilhosamente com Deus todas as vezes quando se põe de joelhos para falar com o Pai Celestial. Quer ele tenha ou não assimilado os costumes de expressão do lugar onde congrega.

Verdade é que o jovem-sábio e o velho-rei estão dentro de nós! Um velho-rei de hoje pode ter sido um jovem-sábio quando iniciou a sua carreira sendo que o contrário também se aplica. Daí podemos identificar no texto bíblico as inclinações que todos temos tanto pro bem quanto para o mal de modo que cabe a cada um incentivar aquilo que há de positivo dentro de si, estar sempre disposto a ouvir a voz da sabedoria, reconhecer as falhas e procurar mudá-las.

Nas cartas às sete igrejas do Apocalipse, Éfeso é advertida pelo abandono do seu "primeiro amor" (Ap 2:4). A orientação recebida pelos crentes daquela extinta cidade da Ásia Menor foi para se lembrarem de onde caíram, arrependerem-se e voltarem às práticas das primeiras obras (Ap 2:5). Logo, o passo inicial para o caminho do retorno é aceitarmos a repreensão de que estamos indo na direção errada e, com humildade, revermos onde foi que aconteceu a falha. A partir de então, os passos seguintes passam a ser o arrependimento sincero juntamente com a atitude coerente de mudança.

Meus amados, tenhamos sempre uma mente jovem!

Tenham todos um excelente descanso semanal.


OBS: A ilustração acima trata-se de uma obra dedicada ao domínio público com autoria atribuída a David Castor e que foi extraída por mim do acervo virtual da Wikipédia. A imagem refere-se ao rei Asa, o qual, segundo a Bíblia, teria reinado 41 anos sobre Judá. Foi considerado um bom monarca. Entretanto, já nos anos finais de seu governo, veio a ser advertido pelo profeta Hanani pela aliança que fizera com os sírios. Ao invés de dar ouvidos à repreensão, Asa resolveu encarcerar o homem de Deus agindo, portanto, com insensatez (ler 2Cr 16:7-10).

30 comentários:

  1. É pela experiência e reflexão acurada que chegamos a conclusão de que O MITO de Caim e Abel revela, acima de tudo que esses dois irmãos representam os pólos antagônicos da alma humana.

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    1. Olá, Levi Bronzeado! Discordo ferrenhamente e recomendo a leitura do livro: Documentos do Antigo Testamento do Dr. Walter Kaiser Jr. Nele, você verá que Gênesis não se trata de mito de forma alguma. Também gostaria de solicitar que baixe o livro de David Engelsma. Eis onde pode baixá-lo: http://livros.gospelmais.com.br/files/livro-ebook-genesis-1-11-historia-ou-mito.pdf

      Sem mais,

      Apologeta

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    2. Caro Apologeta

      É passeando pelas estruturas do Mito que entendemos mais a respeito do nossos sentimentos ou dos nossos afetos paradoxais mais profundos.

      Para compreender a minha abordagem sobre os pólos antagônicos que permeiam a nossa alma, clique no link abaixo:

      http://levibronze.blogspot.com.br/2012/01/acolhendo-o-caim-e-o-abel-interior.html

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    3. Olá Levi! Fico feliz que respondeu meu comentário. Permita-me tomar como empréstimo sua frase e refazê-la: "É passeando pelas estruturas do Mito que entendemos mais a respeito do nossos sentimentos ou dos nossos afetos paradoxais mais profundos e ficamos cada vez mais embebidos da sabedoria terrena, animal e diabólica (Tiago 3:15) e solidificamos cada vez mais o nosso castelo de arrogância que não nos permite ter a humildade diante do Espírito de Deus para compreendermos que a Sua Palavra (Bíblia) é A verdade absoluta!'

      Grato,

      Apologeta

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    4. Caro Levi e demais internautas,

      Boa noite.

      Penso que independentemente de entrarmos na questão da historicidade sobre Caim e Abel, isto é, se foram personagens bíblicos reais ou apenas mitos, considero boa a análise de que ele vêm a representar "pólos antagônicos da alma humana" assim como as figuras do jovem-pobre-sábio e do rei-velho-insensato de Eclesiastes. Assim sendo, não há como se afirmar que fulano seja um Caim enquanto o outro inteiramente como Abel uma vez que em cada um de nós existem ambas as tendências. Aliás, foi o que Paulo muito bem colocou séculos depois nas suas epístolas aos romanos e aos gálatas. Nesta o apóstolo escreveu que "a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si" (5:17a).

      Ainda sobre o que o irmão colocou, ressalto que a experiência deve caminhar junta com a permanente disposição para refletir. Por isso o rei-velho de Eclesiastes tornou-se insensato pelo fato de confiar somente em sua experiência como se esta fosse suficiente para tornar corretas as decisões tomadas por ele. Para tal monarca as suas concepções da vida tidas como absolutas enrijeceram de tal maneira que acabaram bloqueando a sua capacidade de reflexão.

      Um abraço a todos e a paz do Senhor.

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    5. Irretocável, Rodrigo, a sua sábia intervenção. Assino embaixo.


      Ainda algumas considerações sobre o tema:


      “A história registra que alguns antigos ao reconhecerem a dualidade existencial, simbolizada pelo joio(metáfora do mal) e pelo trigo (metáfora do bem), imaginavam que o ser humano fosse possuidor de duas almas: uma boa e outra má. Assim é que Xenofonte em sua obra: “A Vida de Ciro”, sobre certo nobre persa de nome Araspe, o qual teve conduta errônea para com Pantéia, uma bela escrava, assim declamou: “Ó Ciro, estou convencido que tenho duas almas; quando a alma boa domina passo a praticar ações nobres e virtuosas; mas quando a alma má predomina sou constrangido a praticar o mal. Tudo quanto posso dizer quanto ao momento é que minha alma boa é encorajada pela tua presença, tendo assim obtido o domínio sobre minha alma má”.


      Uma versão cristã análoga a de Xenofonte, foi a que Paulo proferiu diante dos Romanos (7; 21): “Acho então esta lei em mim, que mesmo querendo eu fazer o bem, o mal está comigo”.


      A respeito do “trigo” ─ como metáfora do bem, e do que é verdadeiro; e do “joio” ─ como metáfora do mal e do que é falso, podemos assegurar que: quanto mais profunda for a espiritualidade do crente, maior será a sua percepção para entender esse conflito humano que fez o apóstolo Paulo num momento de arrebatadora intuição, assim se definir: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo dessa morte?”(Rom 7: 24).

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    6. Bom dia, Levi!

      Esta passagem de Romanos a qual se referiu foi justamente a que pensei embora tenha citado apenas a de Gálatas.

      A antiga religião dos persas, isto é, o zoroastrismo, era essencialmente dualista. Algo que suponho ter influenciado os judeus a partir do exílio babilônico ou quando retornaram para Israel com o decreto de Ciro. Continuaram adorando unicamente o Eterno, mas a visão de mundo pós-exílica tinha sido profundamente alterada. Um forte exemplo disso está na passagem bíblica de 1Cr 21:1 onde Davi teria sido incitado por Satanás e não mais pela "ira do SENHOR" como consta em 2Sm 24:1.

      Considerando que a Torá foi escrita antes do exílio babilônico, a ideia contida nos escritos de Moisés seria que o homem deve aprender a lidar com suas tendências e escolher aquilo que for bom e que leva à vida.

      Abraços e tenha uma excelente semana!

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  2. Ótima abordagem, Rodrigo. Publiquei na página da CPFG no Face.

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    1. Olá, Eduardo.

      Bom dia!

      Obrigado pela divulgação do texto nas redes sociais.

      Foi bem oportuna a criação de uma página da CPFG no Facebook pois isso realmente ajuda a promover os artigos lá postados pelos nossos colaboradores.

      Uma ótima semana pra você.

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    2. Caro Levi e Rodrigo Phanardzis. É uma prazer poder discutir tais assuntos de cunho essencial para o viver do cristão que crê na Bíblia como A Palavra Inerrante, Inspirada, Infalível e Suficiente do Senhor. Creio que Levi segue a mesma linha de raciocínio sua caro Phanardzis. Creio que a constatação do Dr. Norman Geisler nos elucidará a importância de Caim e Abel históricos (bem como todos o relatos da Bíblia) para a fé cristã: "Não se pode separar a verdade espiritual da ressurreição de Cristo do fato de que seu corpo deixou permanente e fisicamente o túmulo e andou entre as pessoas (Mateus 28.6; I Coríntios 15.13-19). Se Jesus não nasceu de uma virgem, ele não é diferente do resto da raça humana, sobre quem se acha o estigma do pecado de Adão (Romanos 5.12). Da mesma forma, a morte de Cristo pelos nossos pecados não pode ser separada do derramamento literal de seu sangue na cruz, pois “sem derramamento de sangue, não há perdão” (Hebreus 9.22). A existência de Adão e o pecado original não podem ser mito. Se não houve um Adão literal e um pecado real, os ensinamentos espirituais sobre o pecado herdado e a morte física e espiritual são falsos (Romanos 5.12). A realidade histórica e a doutrina teológica se mantêm ou desmoronam juntas." Isso vale para todos os relatos bíblicos. Quem não crê dessa forma, ou descrê na historicidade das narrativas bíblicas, não crê na Bíblia como a Palavra de Deus e é sentenciado por ela como um inconverso, não tendo nascido de novo e permanecendo ainda separado de Deus.

      Apologeta

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    3. Prezado "Apologeta" (chamo-o assim porque o irmão ainda não identificou seu nome),

      Bom dia!

      Tenho acompanhado o seu debate com o nosso irmão Levi e suponho que não o tenha compreendido. Talvez porque em sua primeira intervenção ele tenha desejado ressaltar cem caixa alta que Caim e Abel se tratasse de um "MITO", o que, a meu sentir, acabou desviando um pouco o foco da mensagem, sendo certo que aquilo que queremos passar independe da historicidade dos personagens e dos acontecimentos bíblicos.

      Glória a Deus que a Bíblia nos proporciona inúmeras interpretações e variados sabores para a nossa edificação. Considero-a, por excelência, o livro dos livros e possuidora de uma riqueza com a qual a literatura de hoje não se compara, sendo que a maior beleza não estaria somente nas letras, mas sim no Espírito da Palavra que seria a essência de toda a instrução por nós recebida. Quanto mais estudamos as Escrituras com o coração aberto, maior é a revelação que acontece em nosso íntimo, algo que independe do conhecimento teológico da pessoa. Até um analfabeto pode experimentar meditando na mensagem que teria ouvido num culto, num programa de rádio ou na conversa com um irmão. E até um neófito na fé pode experimentar grandes revelações na Palavra, mais do que muitos pastores e doutores teólogos...

      Mas voltando ao termo "mito" que foi trazido a este debate, penso que se trate também de uma palavra mal compreendida. Afirmar que Caim e Abel ou que Adão e Eva seriam mitos não significa dizer que sejam meras invenções ou que a historicidade estaria ausente nos relatos bíblicos. O mito corresponde a uma narrativa (popular ou literária) que transpõe os acontecimentos nela encontrados, nas quais se projetam determinados complexos individuais ou determinadas estruturas subjacentes das relações humanas/familiares.

      É buscar compreender aquilo que está subjacente que a Palavra vem nos inspirar. Existe algo a mais do que uma simples compilação de histórias e de assuntos quotidianos. Logo a narrativa seria apenas a "veste exterior" da mensagem bíblica que esconde dentro de si um segredo. Algo muito mais além da letra e que requer a nossa investigação e interesse como bem ensinou o rabi Simeão ben Yohai, célebre mestre judeu da Galileia do século II:


      "Mas a Torá, em cada uma das suas palavras, contém verdades supremas e segredos sublimes (…) Assim, os textos que a Torá relata não são mais do que as suas vestes exteriores, e mal daquele que julgue que tal traje é a própria Torá (…) Considerai o seguinte: A parte mais visível de um homem é o vestuário que traz, e aqueles a quem falta entendimento, quando olham esse homem, podem ver nele apenas o vestuário. No entanto, é na realidade o corpo do homem que faz a nobreza das suas vestes e a sua alma é a glória do seu corpo. Acontece o mesmo em relação á Torá. As suas narrativas que descrevem as coisas do mundo compõem a veste que cobre o corpo da Torá. E esse corpo é formado pelos preceitos da Torá, gufey-torah (corpo: princípios fundamentais). Os homens sem entendimento só vêem a narração, o vestuário; mas os que têm um pouco mais de sabedoria vêem igualmente o corpo. Só os verdadeiros sábios, os que servem ao Rei Muito-em-Cima, os que se conservam no Monte Sinai, penetram até à alma, até à verdadeira Torá que é a raiz fundamental de tudo (…) Assim como o vinho deve ser colocado num cântaro para se conservar, assim também a Torá deve ser envolvida numa roupagem exterior. Essa roupagem é feita de fábulas e narrativas. Mas nós, nós devemos penetrar através dela.”

      Um abraço e a paz do Senhor.

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    4. Caro Rodrigo, esclareça-me algo: Dentre os demais significados atribuídos à palavra "mito" encontra-se algo como: "Descrição fidedigna de relato histórico"?

      Obs: Meu nome é Eduardo. Apologeta refere-se à posição enquanto cristão de defender o Santo e Puro Evangelho do Senhor de acordo com os textos:

      "Fui posto para defesa do evangelho." (Filipenses 1:17)

      "Tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos." (Judas 3)

      Aguardo sua resposta,

      Apologeta

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    5. Prezado irmão Eduardo,

      Eu diria que o mito não se prende a historicidade. Ele pode se formar com base num fato que tenha ocorrido como uma linguagem que busque expressar ideias e sentimentos por meio de uma narrativa.

      Na Antiguidade, a linguagem mítica era algo bem comum. Nem sempre os autores estavam interessados em registrar fatos tal como eles aconteceram. Daí os mitos se tornaram verdadeiras pontes para o inconsciente. Não que fossem a substituição da verdade pela mentira. Mas sim uma outra maneira de se investigar a realidade que nos cerca.

      Atualmente muitos perdem tempo tentando provar que certos fatos narra dos na Bíblia não teriam acontecido e que seriam mitos. Já outros desperdiçam suas preciosas horas querendo rebater tais argumentos. No fim, a experimentação do Evangelho acaba sendo esquecida sendo que o fato de alguém dizer que acredita na historicidade bíblica por si só não produz conversão. Sem arrependimento e a mudança de rumo, o sujeito apenas troca um conjunto de crenças por outro ou substitui a sua cultura religiosa.

      Não me importo se alguém considera as narrativas de Gênesis como sendo mitos. Se o sujeito resolve investigar esses relatos, mesmo acreditando na tese do evolucionismo das espécies, por ex., ele descobrirá os valores espirituais da mesma maneira. A fé pode coexistir neste caso. É diferente do ateu que considera as passagens da Bíblia apenas como fábulas sem significação para ele.

      O que me interessa de fato, mano, é que as pessoas tenham uma experiência verdadeira de conversão. Isto eu não posso proporcionar a elas. Só o toque do Espírito de Deus em cada coração o que certamente leva em conta o livre arbítrio de cada um. E muitos se convertem mesmo desconhecendo as Escrituras ou sem compreender a Bíblia. Uns cursam uma escola bíblia o que, a princípio, considero bom. Outros, no entanto, têm uma experiência com Cristo bem simples a exemplo daquele ladrão que se arrependeu na cruz. Daí eu entender que o meu papel é buscar oportunizar ocasiões para que as pessoas possam refletir e se abrir por meio da pregação da Palavra do Evangelho da Graça.

      Abraços e fica na paz.

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    6. Preciso dizer-lhe que você está pecando contra o Deus da Bíblia, pois como pode haver conversão sem a exposição da Palavra do Senhor?

      "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos" (João 8:32)

      "Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus." (João 8:47)

      "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." (Romanos 10:17)

      Diante do exposto, como acreditar que existe um "significado oculto" através da leitura da Palavra de Deus? Isso à luz do textos acima, não passa de mentira. Mito pode ter vários significados, mas nenhum deles é: "verdade histórica". Se uma pessoa crê que a Bíblia não passa de um livro mitológico que possui um significado além das histórias ali apresentadas e não crê na historicidade da Palavra de Deus, como pode crer em Jesus, se, DE FATO, Ele pode não ter existido? Concordo e novamente apresento a constatação do Dr. Geisler: "A realidade histórica e a doutrina teológica se mantêm ou desmoronam juntas."

      Apologeta

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    7. Caro Eduardo Apologeta (vou chamá-lo assim para não confundir com o seu xará Eduardo Medeiros),

      Antes de mais nada vou te perguntar. Admita apenas por hipótese, a tútulo de argumentação, que um dia fique provado ter sido Jesus um mito. Neste caso, a sua fé em Cristo desmoronaria junto com a do Dr. Geisler? Pois digo ao irmão que mesmo que o personagem Jesus dos evangelhos tenha sido um arquétipo inventado pelos seus escritores, sei que Cristo vive em mim e que a consciência do Messias me eleva ao Pai. E isso pro meu coração já basta!

      Em seu ministério, nosso Senhor Jesus Cristo mostrou aos seus seguidores e interlocutores o significado da Palavra além da letra. No debate que teria ocorrido no Templo de Jerusalém com os saduceus, o Mestre soube como lhes explicar a ideia da ressurreição dentro do texto da Torá já que os tais sacerdotes não davam crédito aos profetas e aos demais livros da Bíblia hebraica. Tão aceitavam os cinco rolos de Moisés.

      Você acusou-me de estar pecando contra Deus, mas o Eterno conhece o meu coração e a este respeito não vou ficar aqui me justificando. Digo porém ao irmão que muitas das vezes a apologética como muitos a têm praticado está atentando contra a unidade da Igreja e desvirtuando o Evangelho de seu foco que é abraçar as vidas carentes do amor divino. É algo que reduz a leitura das Escrituras às lentes míopes de doutrina. Algo que amputa a atividade cerebral de pensar das pessoas fechando as mentes num cárcere fundamentalista. Ao contrário disso, prefiro pregar o Evangelho com simplicidade e falar às pessoas sobre a bondade de Deus. Penso que você pode avançar muito mais indo por esta linha do que defendendo uma versão que julga ser a verdadeira conforme pontos de vista humanos.

      Um bom descanso semanal com a paz do Senhor!

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    8. Olá caro Phanardzis! Gostaria de reproduzir suas palavras para minha contra-argumentação:

      "Antes de mais nada vou te perguntar. Admita apenas por hipótese, a tútulo de argumentação, que um dia fique provado ter sido Jesus um mito. Neste caso, a sua fé em Cristo desmoronaria junto com a do Dr. Geisler? Pois digo ao irmão que mesmo que o personagem Jesus dos evangelhos tenha sido um arquétipo inventado pelos seus escritores, sei que Cristo vive em mim e que a consciência do Messias me eleva ao Pai. E isso pro meu coração já basta!"

      Diante desse subjetivismo perigosíssimo, como fica então o registro divino, que afirma sobre O FATO da ressurreição? Se não, vejamos:

      "Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas DE FATO Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem." (I Coríntios 15:16:20)

      Gostaria da sua explicação para esse fato histórico...

      Apologeta

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    9. Caro irmão,

      É nessas horas que consigo compreender a fé daqueles teólogos liberais que dizem não acreditar numa ressurreição literal conforme consta nas narrativas dos evangelhos. Pena que muitos deles reduzem o valor desse magnífico ensino das Escrituras e do apóstolo Paulo que vc citou acima.

      Eu creio que Cristo ressuscitou e vive para sempre, mas se alguém entende as coisas de uma outra forma, então que não erre quanto à essência. Ter esperanças somente em relação a esta experiência terrestre é que torna "miserável" a existência do homem incrédulo capaz de fazer o indivíduo vegetar ao invés de viver verdadeiramente.

      Vale lembrar que a forma de como a ressurreição acontece em nada acrescenta para a nossa edificação, sendo algo oculto aos homens (Dt 29:29). Contudo, fico satisfeito em saber que somos todos chamados para a eternidade em Cristo. Encontramos em Cristo o Caminho da Vida de modo que pelo Senhor o homem recupera o sentido existencial e ainda aqui consegue experimentar os benefícios da ressurreição, a qual se tornará plena quando soar a trombeta.

      Portanto, estou muito em paz em relação a isso e desejo trazer ateus e agnósticos de volta à fé assim como buscar a unidade eclesiástica em todos os sentidos pela aproximação de ortodoxos, liberais, católicos, protestantes e ainda dialogar com pessoas de outras crenças bem como os gnósticos e espíritas. Estes, se acreditam na reencarnação, podem contemplar a maravilhosa graça divina superior a qualquer "carma". Mas aí já seria um outro papo... (rsrsrs)

      A paz do Senhor!

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    10. Meu caro Phanardzis! Se entendi bem, sua explicação demonstra total descrença nas Escrituras e firme embasamento no experiencial vivido por você. Porém, como podemos conhecer sobre a ressurreição, bem como a divindade de Cristo e demais princípios inegociáveis, senão por meio das Escrituras? Como você poderia saber algo sobre Deus, senão pela Bíblia? Os tais "teólogos liberais" mencionados por sua pessoa, não tem fé, mas sim vivem em torno de fábulas artificialmente compostas pela imaginação dos pensamentos do corrupto coração humano que assevera: "Não há Deus" (Salmo 14:1).

      Quanto a essa "unidade eclesiástica" que você almeja, nada mais é do que ecumenismo antibíblico, já revelado e combatido pelas Escrituras:

      "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?" (II Coríntios 6:14-16)

      Ou cremos na Escrituras como Infalíveis, Inerrantes, Inspiradas e Suficientes Palavras de Deus, ou descremos no Deus da Bíblia que atesta que para crer Nele é necessário crer na Sua Palavra:

      "De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. (Romanos 10:17)

      Espero que reflita e reveja se seu compromisso com Cristo (doutrinariamente falando) está embasado nas Escrituras ou apenas em experiências particulares fora das mesmas.

      Apologeta

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    11. Prezado Eduardo Apologeta,

      Você lançou a seguinte questão a qual parece resumir quae a totalidade do último comentário que postou:

      "Como você poderia saber algo sobre Deus, senão pela Bíblia?"

      Respondo ao irmão que as Escrituras, cujo cânon foi estabelecido por conveniência dos homens no século IV, não seriam a única fonte acerca do Deus vivo no qual vivemos e existimos. Antes, dentro do próprio texto sagrado oficial, encontramos passagens que demonstram que os "rastros" do Eterno estão para além dos 66 ou 72 livros selecionados pelos religiosos, respectivamente segundo as versões protestante e católica. Antes, já tinha percebido o salmista de que "os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos" (19:1) e Paulo ensinou ainda isto em sua lição epistolar:

      "Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis" (Romanos 1:19-20)

      Nesta mesma carta, o apóstolo mostra que é possível ao homem conhecer a Deus mesmo para os gentios que não eram herdeiros da tradição de Moisés e dos profetas de Israel (Rm 1:21), de modo que eles não poderiam se justificar por si mesmos quanto ao pecado e à idolatria praticada.

      Ora, o que é a Palavra de Deus? Por acaso são apenas as coisas escritas? Pois não limito desta maneira o Verbo uma vez que o Eterno falou aos homens das mais diferentes maneiras tendo enviado o Cristo em pessoa, encarnado como um ser humano igual a todos nós. Em Jesus o Verbo se fez carne e pelo nosso Senhor foi condenada a letra que mata enquanto o Espírito vivifica. Daí ele ter escolhido homens iletrados e incultos para o ministério apostólico descartando muitos religiosos e escribas, os quais seriam os teólogos da época.

      Vc perguntou sobre o meu compromisso com Cristo e aí já entramos numa área mais pessoal. Mas já que tocou no assunto, digo que a minha experiência tem se baseado tanto nas Escrituras como no meu cotidiano, sem considerá-la ainda suficiente para que eu possa soberbamente encher meu peito e afirmar que saberia tudo sobre Deus.

      Lendo o Evangelho de Lucas, capítulo 24, versículos de 44 a 49, podemos dizer que a ressurreição do Senhor fez com que o entendimento dos discípulos finalmente se abrisse e estes pudessem compreender qual o significado de cumprir as Escrituras dentro do tempo no qual viviam. Pois tendo em vista que as gerações se sucedem, nem sempre a atitude certa a ser tomada numa determinada época deve corresponder literalmente à mesma conduta dos nossos antepassados em sua exteriorização, muito embora a essência dos atos praticados nunca se altere. Deste modo, o Mestre veio ensinar os seus seguidores a interpretarem a Lei progressivamente de acordo com os tempos. Algo que, num determinado momento, a cúpula oficial da Igreja não suportou dar continuidade quando os antigos padres resolveram então estabelecer a ortodoxia cristã e o fundamentalismo religioso.

      Certamente que a mensagem bíblica de todas as eras (e que foi continuada por Jesus) jamais pode ser entendida como uma coisa estanque visto que ela evolui com o tempo e vem de encontro às necessidades de cada época. Por isso, o Salvador foi a resposta não só para a sua geração como também para os antepassados de seu povo e ainda para a posteridade na qual nos incluímos. Aliás, a própria profecia de Isaías, escrita séculos antes do Natal, faz menção expressa disso (conf. Is 53:10).

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    12. Continuando...

      Outrossim, Jesus mostrou que ninguém, nem os sacerdotes saduceus e tão pouco os escribas dos fariseus, detinham o monopólio da revelação. Esta pode ser apreendida pelo homem comum do povo como eram os seus discípulos formados por pescadores analfabetos e também em grande parte pelas tão desprezadas mulheres do século I. Consequentemente, já não precisariam obter reconhecimento dos conselheiros do Sinédrio, ou de qualquer outro colégio teológico, pois a recém-nascida Igreja, a partir daí, poderia buscar a interpretação das questões por ela enfrentada com a mesma força dos textos bíblicos básicos através da consciência do Messias existente em todos nós.

      Como consequência dessa revolucionária maneira de pensar, os discípulos passaram a ter uma nova tarefa que marcaria o ministério eclesiástico em sua bimilenar existência. Eles receberam a missão de pregar o arrependimento para remissão de pecados "a todas as nações" (Lc 24:47). Em outras palavras, não deveriam permanecer mais restritos ao mundo cultural-religioso de origem! Ainda que começassem a anunciar o Evangelho em Jerusalém, no Templo e nas sinagogas, o novo comissionamento teria como foco a humanidade inteira, incluindo os não judeus.

      Tendo se tornado testemunhas do Senhor, aqueles primeiros discípulos deveriam então agir iguais ao Mestre no manejo das Escrituras, o que significa também testemunhar as coisas que Deus tem feito. Isto ocorreria através do dom do Espírito Santo, a promessa feita pelo Pai (conf. com Jl 2:28-32; At 2:1-4) e, desta maneira, os seguidores de Jesus experimentariam em breve um revestimento de poder que os capacitaria para transmitir as boas novas do Reino em todas as nações. Quando interpretassem as Escrituras diante dos desafios do presente, as posições da Igreja gozariam de autoridade espiritual, desde que realizadas em Cristo obviamente.

      É certo que tanto a institucionalização eclesiástica quanto o fundamentalismo bíblico causaram enormes desvios nessa caminhada progressiva. Muitos dentro do próprio cristianismo tentaram apagar a tocha da reforma de Cristo Jesus que foi a mesma carregada pelos profetas, por Moisés e pelos patriarcas hebreus. Entre os que tiveram essa chama acesa em seus corações, inúmeros deles acabaram se queimando como hereges nas fogueiras dos inquisidores até hoje entre nós tentando patrulhar o pensamento. Contudo, a revelação jamais morreu fazendo-se viva na consciência de todo indivíduo que busca a vontade de Deus.

      A paz do Senhor.

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    13. Concordo com boa parte do que falas, o que aliás, em toda a sua fala, diverge desse ponto que citarei, do qual também divirjo:

      "Ora, o que é a Palavra de Deus? Por acaso são apenas as coisas escritas? Pois não limito desta maneira o Verbo uma vez que o Eterno falou aos homens das mais diferentes maneiras tendo enviado o Cristo em pessoa, encarnado como um ser humano igual a todos nós. Em Jesus o Verbo se fez carne e pelo nosso Senhor foi condenada a letra que mata enquanto o Espírito vivifica. Daí ele ter escolhido homens iletrados e incultos para o ministério apostólico descartando muitos religiosos e escribas, os quais seriam os teólogos da época."

      Permita-me citar o Dr. Geisler que explicará esse ponto melhor do que eu:

      "O que Jesus afirmou sobre o Antigo Testamento:

      O Novo Testamento só foi escrito depois que Jesus ascendeu ao céu. Então, suas afirmações sobre a Bíblia referem-se ao Antigo Testamento. Mas o que Jesus confirmou para o Antigo Testamento também prometeu para o Novo Testamento.

      Jesus afirmou a autoridade divina do Antigo Testamento:

      Jesus e seus discípulos usaram a expressão “está escrito” mais de noventa vezes. Geralmente o aspecto do verbo utilizado no original remete ao fato de que algo “foi escrito no passado e ainda permanece como A Palavra escrita de Deus”. Geralmente Jesus usava a frase no sentido de “essa é a palavra final sobre a questão. Assunto encerrado”. Esse é o caso quando Jesus resistiu à tentação do diabo.
      Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede de boca de Deus’” [...] Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não ponha à prova,o Senhor,o seu Deus’” [...] Jesus lhe disse:“ Retire- se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a Ele preste culto”’(Mateus 4.4,7,10), grifo do autor).
      Esse uso demonstra que Jesus acreditava que a Bíblia tinha autoridade final e divina.

      Jesus afirmou que o Antigo Testamento era imperecível: “Enquanto existirem céus e terra, de forma alguma desaparecerá da Lei a menor letra ou o menor traço, até que tudo se cumpra” (Mateus 5.18). Jesus acreditava que o Antigo Testamento era A Palavra imperecível do Deus eterno.

      Jesus afirmou que o Antigo Testamento era inspirado:

      Apesar de Jesus jamais ter usado a palavra inspiração, ele usou seu equivalente. À pergunta dos fariseus, ele replicou: “Então, como é que Davi ,falando pelo Espírito, o chama Senhor... ?” (Mateus 22.43, grifo do autor). Na verdade, o próprio Davi disse a respeito de suas palavras: “O Espírito do Senhor falou por meu intermédio; sua palavra esteve em minha língua” (II Samuel 23.2). É exatamente isso que se quer dizer com inspiração.

      Jesus afirmou que a Bíblia é infalível:

      A palavra infalível não é usada no Novo Testamento, mas um equivalente é — não pode ser anulada (literalmente: “não pode ser quebrada”). Jesus disse: “Se ele chamou ‘deuses’ àqueles a quem veio a palavra de Deus, e a Escritura não pode ser anulada...” (Jo 10.35). Na verdade, três frases poderosas descrevem o Antigo Testamento nessa passagem curta: “lei” (v. 34),“palavra de Deus” e “não pode ser anulada”. Então, Jesus acreditava que o Antigo Testamento era a lei infalível (ou indestrutível) de Deus.

      Jesus afirmou que o Antigo Testamento é a Palavra de Deus. Jesus considerava a Bíblia “Palavra de Deus”. Ele insistiu em outra passagem que ela continha o “mandamento de Deus” (Mateus 15.3, 6). A mesma verdade é sugerida em sua referência à indestrutibilidade dela em Mateus 5.17,18. Em outras passagens, os discípulos de Jesus a chamam de “palavras de Deus”(Romanos 3.2; Hebreus 5.12).

      Continua...

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    14. Continuação....

      Jesus atribuiu supremacia total ao Antigo Testamento:

      Jesus sempre afirmava a autoridade e supremacia total do Antigo Testamento sobre o ensinamento ou “tradição” humana. Ele disse aos judeus:

      "E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês? [...] Assim, por causa da sua tradição, vocês anulam a palavra de Deus" (Mateus 15.3,6).

      Jesus acreditava que só a Bíblia tem autoridade suprema mesmo quando todos os ensinamentos humanos mais reverenciados a contestam. Só as Escrituras são a suprema autoridade escrita de Deus.


      Jesus afirmou a inerrância do Antigo Testamento:

      Inerrância implica não conter erro. Esse conceito é encontrado na resposta de Jesus aos saduceus, uma facção que negava a inspiração divina do Antigo Testamento: “Vocês estão enganados por que, não conhecem as Escrituras [que não erram] nem o poder de Deus!” (Mateus 22.29). Na oração sacerdotal, Jesus afirmou a veracidade total das Escrituras, dizendo ao Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).

      Jesus afirmou a confiabilidade histórica do Antigo Testamento:

      Jesus afirmou serem historicamente verdadeiras algumas das passagens mais discutidas do Antigo Testamento, incluindo-se a criação de Adão e Eva (Mateus 19.4,5), O milagre com Jonas no grande peixe e a destruição do mundo por um dilúvio na época de Noé. Sobre esta última, Jesus declarou:

      "Como foi nos dias de Noé, assim também será na vinda do Filho do Homem. Pois nos dias anteriores ao Dilúvio o povo vivia comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca (Mateus 24.37,38).

      Jesus afirmou que Jonas realmente foi engolido por um grande peixe e esteve em seu ventre durante três dias e três noites:

      "Pois assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre de um grande peixe, assim o Filho do Homem ficará três dias e três noites no coração da terra." (Mateus 12.40).

      Continua....

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    15. Continuação...

      Jesus também falou sobre o assassinato de Abel (I João 3.12), Abraão, Isaque e Jacó (Mateus 8.11), os milagres de Elias (Tiago 5.17), e muitas outras pessoas e eventos do Antigo Testamento como historicamente verdadeiros, inclusive Moisés, Isaías, Davi e Salomão (Mateus 12.42), e Daniel, o profeta (Mateus 24.15). Ele afirmou a confiabilidade histórica de passagens muito discutidas do Antigo Testamento. A maneira em que esses eventos são citados, a autoridade que lhes é atribuída e a base que formam para ensinamentos importantes que Jesus deu sobre sua vida, morte e ressurreição revelam que ele considerava esse eventos como históricos.

      Jesus afirmou a precisão científica do Antigo Testamento:
      Os capítulos mais discutidos da Bíblia são os onze primeiros. Jesus, no entanto, confirmou o registro de todo esse trecho de Gênesis. Confiantemente Ele baseia seu ensinamento moral sobre o casarnento na verdade literal da criação de Adão e Eva. Disse aos fariseus:

      "Vocês não leram que, no princípio, o Criador 'os fez homem e mulher' e disse: 'Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne'” (Mateus 19.4,5).
      Depois de falar com Nicodemos, o líder dos judeus, sobre coisas terrenas, físicas, como nascimento e vento, Jesus declarou: “Eu lhes falei das coisas terrenas e vocês não creram; como crerão se lhes falar de coisas celestiais?” (João 3.12). Em resumo, Jesus disse que, a não ser que acreditassem Nele quando falava sobre questões científicas empíricas, não acreditariam quando falasse sobre questões celestiais — revelando assim que ele as considerava inseparáveis.

      O que Jesus prometeu sobre ο Antigo Testamento:

      Jesus não só afirmou a autoridade e infalibilidade divina do Antigo Testamento, mas também assegurou o mesmo para o Novo Testamento. Além disso, seus apóstolos e profetas do Novo Testamento reivindicaram em seus escritos o que Jesus lhes prometera.

      Jesus disse que o Espírito Santo ensinaria “toda a verdade”:

      Jesus prometeu: “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse”. “Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará a toda a verdade. Não falará de si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir.” (João 14.26; 16.13, grifo do autor). Essa promessa foi cumprida quando falaram e depois registraram (no Novo Testamento) tudo que Jesus lhes ensinou.

      Continua...

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    16. Final

      "Os apóstolos afirmaram essa autoridade divina que Jesus lhes deu:

      Jesus não só prometeu aos seus discípulos autoridade divina no que escrevessem, como também os apóstolos afirmaram essa autoridade nas suas obras. João disse: “Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome.” (João 20:31)

      "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossos mãos apalparam - isto proclamamos a respeito da Palavra da Vida." (l João 1.1)

      "Amados, não creiam em qualquer espírito, mas examinem os espíritos para ver se eles procedem de Deus, por que muitos falsos profetas têm saído pelo mundo [...] Eles vêm do mundo. Por isso, o que falam procede do mundo, e o mundo os ouve; mas quem não vem de Deus não nos ouve. Dessa forma reconhecemos o Espírito da verdade e o espírito do erro.(l João 4.1,5,6)

      Da mesma forma, o apóstolo Pedro reconheceu toda a obra de Paulo por “Escritura” (II Pedro 3.15,16; cf. II Timóteo 3.15,16), dizendo:

      "Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todos as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais as ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles."

      Ο Novo Testamento é o registro do ensino apostólico:
      O Novo Testamento é, na verdade, o único registro autêntico que temos dos ensinamentos apostólicos. Cada livro foi escrito por um apóstolo ou profeta do Novo Testamento (Efésios 2.20; 3.3-5).
      Logo, o Novo Testamento é “toda a verdade” que Jesus prometeu. Com base no fato de que Jesus prometeu guiar seus discípulos a “toda a verdade” e eles afirmaram essa promessa e registraram essa verdade no Novo Testamento, podemos concluir que a promessa de Jesus finalmente foi cumprida no Novo Testamento inspirado. Dessa forma Jesus confirmou diretamente a inspiração e autoridade divina do Antigo Testamento e prometeu o mesmo, indiretamente, para Novo Testamento. Portanto, se Cristo é o Filho de Deus, então o Antigo e o Novo Testamentos são a Palavra de Deus."

      Bem, diante disso, pode-se crer doutra forma???

      Apologeta

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    17. Prezado irmão,

      Boa noite!

      Também não teria muito o que discordar do citado Dr. Geisler quanto ao que colocou dessa vez, exceto sobre certos detalhes, o que passo a comentar.

      De fato, deve-se ter sempre essa atenção de que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo não teria escrito livro algum. Tudo o que foi registrado a seu respeito, quer seja considerado canônico ou apócrifo, os homens fizeram várias décadas após a sua partida para o Pai. Portanto, a Bíblia que Jesus lia era a Tanach judaica, acrônimo de Torá, Profetas (Neviim) e Escritos (Kethuvim) o que, por influência de Marcião de Sínope, acabou sendo denominado erronea e preconceituadamente pela Igreja como "Antigo Testamento".

      Creio, meu irmão, que o Senhor Jesus nada revogou das Escrituras Hebraicas. O que o Mestre fez foi ressignificar a mensagem para o seu tempo, indo atrás da Essência e da Inspiração ao invés de restringir-se à literalidade. Eu diria que Jesus deixou-nos uma interpretação que talvez possamos denominar de principiológica, focando em necessidades e retornando para a base de toda a lição do Sinai que é o amor fraternal.

      Justamente porque Jesus não se enrijeceu quanto à letra da Lei, pode-se dizer que os escritos dos apóstolos e discípulos vieram confirmar a essência desse ensino desde a época de Moisés. A base continua sendo a Torá de maneira que nenhum "i" ou um "til" passaram (Mt 5:18).

      Todavia, considerar que a letra mata e o Espírito trás vida não significa faltar com respeito em relação às Escrituras. Mais do que a elite sacerdotal, Jesus deu grande valor à Tanach porque citou muitas vezes os profetas. Profetas esses que denunciaram diversas vezes os governantes e sacerdotes de Israel, os quais perpetuavam as injustiças do passado nos tempos de nosso Senhor. Os saduceus, p. ex., eram donos de terras e pretendiam que tudo permanecesse como estava. Mudar para quê? Daí o novo, isto é, os fariseus e o ensino de Jesus, incomodavam tanto aqueles sacerdotes.

      Quando fazia menção das Escrituras, Jesus na verdade estava abrindo o debate e o diálogo com a enrijecida sociedade e seus grupos religiosos de modo que nem os fariseus escapavam. Aí não interpreto que o Mestre estivesse dando uma palavra final ou encerrando o assunto. Até porque fazia parte de sua didática formular perguntas e fazer as pessoas pensarem...

      No caso das tentações no deserto, tem-se ali o diálogo com o diabo com profunda exaltação das Escrituras vistas como alimento juntamente com a obediência e adoração exclusiva a Deus. Tudo isso deve ser aplicado ao seu ministério messiânico com reflexos sobre nós também. Trata-se de uma mensagem atual e que deveria ser considerada por certos teólogos da prosperidade, os quais muitas das vezes curvam-se diante do príncipe deste mundo para obterem mais poder ao invés de prestarem obediência a Deus. Ora, quanta corrupção não se vê hoje no meio pastoral com essa promiscuidade com a política eleitoral, ou o irmão tem dúvidas?

      Continua...

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    18. Voltando ao tema sobre a autoridade das Escrituras, volto a insistir que Jesus fez foi bem interpretar o texto sagrado. Por isso ele contestou as tradições dos anciãos dos fariseus e tudo o que era contrário à vida e ao mor. Por isso o Mestre foi contra a banalização do divórcio por mais que os homens invocassem Dt 24 para largarem suas esposas. Por isso ele contestou a rigidez na observância do 4º mandamento, o Shabat, o qual cumpriu saem jamais tê-lo mudado para o domingo (não pense que eu seja adventista por isso rsrsrs).

      Mas será que os homens erraram pelo desconhecimento das Escrituras somente em seu tempo? E o que dizer hoje à Igreja quando muitas das vezes deixamos de socorrer o necessitado e ainda amentamos o obscurantismo religioso nas pessoas por meio de interpretações literais?!

      Ora, Jesus considerou todas as Escrituras. Ele não perdeu seu tempo tentando desconstruir mitos como fazem hoje muitos teólogos e autores liberais, embora não todos. Muito pelo contrário! Nosso Senhor sabia trabalhar com as concepções que as pessoas tinham em seu tempo afim de que elas refletissem acerca daquilo que é o essencial para a Vida. Tão pouco ele não perdia tempo lendo a Bíblia inteira. Ele citava os versos pertinentes à obra do Espírito no contexto que viveu. A comparação dos últimos dias de vida secularizada, injusta e pecaminosa com os tempos de Noé, por ex., foi mais uma ressignificação feita pelo Mestre. Algo que, hoje em dia, deve levar a Igreja ao despertamento.

      Continua...

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    19. O teólogo que o irmão citou escreveu que Jesus "afirmou a confiabilidade histórica de passagens muito discutidas do Antigo Testamento", mas vale aqui ressaltar que, em sua época, as pessoas não deveriam levantar dúvidas sobre tal questão. Isso só passou a ocorrer porque a Igreja Católica resolveu dogmatizar a mensagem bíblica conforme interessava à sua cúpula. Quando, p. ex., as descobertas científicas começaram a acontecer, o ensino obtuso dos padres começou a cair em descrédito já que o Magisterium não ensinava ao povo o conhecimento da Bíblia e sim das doutrinas. Aliás, nunca interessou a eles que o cristão tivesse um relacionamento dialogal com a Bíblia a qual até nos dias de hoje põe em risco determinadas práticas idólatras e não dá nenhum embasamento coerente a esse mariologismo.


      "Jesus não só afirmou a autoridade e infalibilidade divina do Antigo Testamento, mas também assegurou o mesmo para o Novo Testamento. Além disso, seus apóstolos e profetas do Novo Testamento reivindicaram em seus escritos o que Jesus lhes prometera. Jesus disse que o Espírito Santo ensinaria “toda a verdade”".

      Sobre isto, meu irmão, podemos dizer que as Escrituras não podem ser encerradas num cânon, conforme os católicos fizeram no século IV e o protestantismo até hoje não soube desconstruir. Jesus desejou que continuássemos essa atividade de idas e vindas ao texto sagrado, dando sempre a devida atualização à Torá, termo hebraico que, se traduzido para o português, significa muito mais do que "lei", mas sim "instrução", "direção" e "orientação". A essência permanece a mesma, mas cabe ao intérprete das Escrituras aplicar os preceitos às necessidades do momento. Daí se vc lê aquela maldição de Deuteronômio contra quem 'faz errar um cego", é certo que o texto quer nos dizer algo muito mais do que por tropeços a um deficiente físico. Pode ser também a desorientação de quem não possui conhecimento espiritual, ou de um leigo sem entendimento jurídico, ou ainda de um neófito na fé que pouco aprendeu da Bíblia...

      Pelo Espírito somos guiados a toda verdade. Pelo Espírito devemos dar essa continuidade quanto à pregação e aplicação da Palavra em nossas vidas! Pelo Espírito condenamos as injustiças sociais do presente e desmascaramos as novas formas de exploração do ser humano, de idolatria, de adultério conjugal, etc. Pelo Espírito entendemos o quanto é errado jovens ficarem viciados na internet deixando de conviver com a família, com a Igreja e a comunidade. Pelo Espírito podemos escrever textos tão inspirados quanto os profetas e apóstolos! Algo que não se restringe ao NT porque ainda existem apóstolos nos dias atuais. Deus ainda envia seus profetas às nações se do que o mesmo Espírito que motivou e inspirou os homens do passado continua agindo nos crentes do presente convidando-nos para escrever o sempre inacabado vigésimo nono capítulo de Atos.

      A paz do Senhor!

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  3. "A Bíblia ― Um Livro Em Aberto"



    “A Escritura Sagrada em sua leitura dinâmica não obedece à temporalidade linear, pois em cada época e em cada geração, o leitor é convidado a reinterpretar subjetivamente àquilo que lhe foi transmitido.

    A memória da saga judaica não pode ser estabelecida como algo fixo ou morto. O processo histórico entre o povo de Israel e seu Deus, hoje, retorna para nós em forma de ecos ou sons repetidos e percorre um caminho que nunca foi trilhado antes.

    É impossível se apoderar do texto sagrado para sempre, pois ele é a tradução fiel da capacidade subversiva da linguagem criativa, linguagem esta que está sempre se renovando em seus sentidos, no mundo visível-invisível de nossas experiências. A sua singularidade, às vezes contraditória, revela simplesmente o nosso lado humano paradoxal.

    A Escritura funciona como um sonho de um sonhador analisado, cuja interpretação, no início da análise, é uma, e no final ganha um nova re-significação. Por isso mesmo, as suas narrativas são infinitas através dos tempos, em outros termos, não existe texto sagrado fechado. Ela, no seu processo de transmissão, entrelaça presente, passado e futuro. A leitura de Deuteronômio (29: 14 e 15) explicita que os textos sagrados formam um livro aberto, e não fechado como muitos entendem: “ E faço esta aliança com o seu juramento, não somente convosco. Que hoje estais aqui conosco perante o Senhor nosso Deus, mas também com aqueles que não estão aqui conosco”.

    O que a tradição judaica tem a nos ensinar, é que ela não é herança preservada pela fixidez de uma transmissão mecânica. A abertura da escrita sagrada nos dá o direito de reinterpretar a sua memória através de uma aventura infinita, em que os traços a ser reescritos traduzem a percepção histórica de cada geração”.

    [Creio que o trecho acima, pinçado de um ensaio publicado no “Ensaios&Prosas” em Julho de 2010, tem algo a ver com a nossa dialética, aqui nesta sala]

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    Respostas
    1. Prezado Levi,

      Achei bem pertinentes as suas colocações. Como certa vez escreveu o saudoso rabino Henrique Lemle (1909 - 1978), um dos mentores do Nilton Bonder e autor do livro Jornada Sem Fim?, publicado pela Associação Religiosa Israelita, Rio de Janeiro, 1947, pág. 16,

      "compreendemos logo uma das grandes verdades sobre o nosso povo e sua tradição. A nossa tradição sempre foi dinâmica. Que queremos dizer com isso? Ela nunca parou nem estagnou. Parece ter pulsado no sangue de nossos maiores uma poderosíssima ansiedade de não perderem o contato mais íntimo e mais estreito com a vida. E como, aonde quer que olhemos, tudo transborda e cresce, floresce e se renova, também a vida humana, seus costumes, e hábitos, suas expressões e manifestações têm que crescer e evoluir. O nosso povo nunca deixou de crescer e renovar-se em seus hábitos, em seus costumes. O nosso povo mantinha sua vitalidade porque sabia evitar a estagnação que é a morte do espírito e da alma."

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    2. E ante que eu me esqueça, desejo ao irmão e aos demais uma excelente semana. Ou, como dizem os judeus, conforme o hebraico transliterado, Shavua Tov.

      A paz do Senhor!

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