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quinta-feira, 14 de março de 2013

O novo francisquismo católico

Sem sobra de dúvidas que Francisco de Assis (1182-1226) foi uma exemplar figura na história do cristianismo. Uma ilha de amor no obscuro mar de estupidez da Idade Média. Um homem que chegou a sofrer perseguição por dedicar-se com empenho e sinceridade aos pobres sendo que, por pouco, teria escapado de morrer queimado como "herege".

Inegavelmente que os líderes da religião têm a maestria de fazer com que postumamente os seus profetas rebelados tornem-se aliados do cruel sistema vigente. Se Francisco de Assis foi odiado por muitos homens poderosos do clero católico nos dias de sua encarnação, eis que, depois dele, vieram a transformá-lo em mais um "santo". Suas palavras e atitudes, posteriormente interpretadas em conformidade com a cúria romana, passaram a justificar ou mascarar os erros repetidamente praticados pelas gerações.

O catolicismo, assim como muitas outras seitas cristãs, é hábil em cometer esse tipo de pecado. Os padres usam e abusam do fermento daqueles fariseus da época de Jesus contra os quais nosso Senhor assim clamou em Jerusalém dias antes de ser crucificado:

"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque edificais os sepulcros dos profetas, adornais os túmulos dos justos e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido seus cúmplices no sangue dos profetas! Assim, contra vós mesmos, testificais que sois filhos dos que mataram os profetas. Enchei, vós, pois a medida de vossos pais. Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Por isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade; para que sobre vós recaia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Beraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar" (Mateus 23:29-35; ARA)

Como a cúria romana escapará da "condenação do inferno"? (rsrsrs) Porém, nem tudo o que Deus vê os homens conseguem perceber. E mesmo as coisas reveladas a alguns permanecem ocultas para muitos que, infelizmente, são alvos de manobras manipuladoras.

Não tenho condições de fazer qualquer julgamento contra a pessoa do novo papa Francisco da Argentina (permitam-me chamá-lo assim). Como não sou católico, só presto a atenção nas notícias principais do país vizinho que a nossa imprensa transmite, até ontem (13/03/2013), nunca havia ouvido falar no novo pope. Só que, como bem aprendi com o estudo da história, ninguém e nem os mais poderosos ditadores mantiveram-se no poder sozinhos. Logo, por mais que o líder dos católicos venha a ser um cara "gente fina", como conseguirá governar junto com um colegiados de fariseus hipócritas fortemente comprometidos com o status quo que o elegeram?

Mas agora vamos ao que interessa. Por que motivo a Igreja Católica Apostólica Romana escolheu adotar uma face mais "franciscana"? De que maneira o Vaticano pretende usar isso?

Refletindo sobre a atual crise do catolicismo, percebo que os cardeais escolheram um reformista inofensivo que, com sua imagem e atuação, pode fazer com que muitos esqueçam das necessidades de mudança e das denúncias. Francisco de Buenos Aires prometeu trabalhar pelos pobres mas não tem como esconder a sua inclinação conservadora diante de certas questões que foram enfrentadas por ele no país vizinho. Ser contra o casamento gay e a presença de mulheres na hierarquia eclesiástica seriam dois exemplos disso. Logo, tenho até dúvidas de que, durante o seu ministério, a causa pelo fim do celibato dos padres poderá acabar perdendo força e os escândalos sobre pedofilia permaneceriam encobertos na medida do possível.

Ora, nada mais inteligente do que distrair os olhares críticos das pessoas produzindo novas notícias sobre assuntos diferentes. E me parece que esse será o papel do novo papa. Enquanto ele e parte expressiva da cristandade estiverem envolvidos com projetos de baixa eficácia no combate à pobreza pela via dos paliativos filantropistas da religião, bem como por um denuncismo inocente a estadistas, não haverá tempo ou espaço para outras discussões. "Desenterrar o caso do padre que abusou do garotinho no confessionário pra quê? A Igreja está se ocupando com o fim da miséria que atinge centenas de milhões de habitantes".

Suponho que o novo papa possa conquistar inicialmente um grande apoio dos católicos progressistas e, inclusive, de setores ligados à Teologia da Libertação tão combatida por João Paulo II e mais ainda por Bento XVI. Talvez isso dê uma vantagem de tempo para os cardeais virarem a página negra sobre os escândalos envolvendo o seu banco e os padres que transam com criancinhas. Se for bem sucedido, Francisco da Argentina poderá atrair algumas igrejas reformadas mais tradicionais para um diálogo "ecumênico", mas que, talvez, não alcance tanto os países onde haja disputa com os evangélicos pelo mercado da fé a exemplo do Brasil.

Acerca da nacionalidade do papa, considero ser assunto de baixa relevância, exceto pelo fato de que a Igreja Católica esteja de algum modo assegurando a manutenção de seu maior curral religioso. Não se trata do Brasil, ainda o maior país católico do mundo somente em volume de adeptos, mas sim de toda a América Hispânica onde outros países ainda conservam o catolicismo como religião oficial sendo suas tradições mantidas com muito mais obediência. Caso as raposas do Vaticano tivessem elegido um brasileiro para ocupar a "cadeira de Pedro", seria um ponto a mais para o pretensioso petismo de Lula e Dilma que tenta fazer do Brasil um país internacionalmente presente como aparência de um falso sucesso político-econômico dessa esquerda tupiniquim. Porém, preferiram um opositor da peronista Teresa Kirchner, escolhendo uma excelente figura que poderá combater as viúvas do chavismo na América Latina.

Obama agradece.

7 comentários:

  1. Apesar dessa análise bem crítica, quero ver a eleição do novo papa como uma oportunidade para o cristianismo poder avançar juntamente com a evolução da humanidade ou quem sabe, no futuro, poder conduzir esse processo de crescimento ético coletivo. O amanhã será sempre uma icógnita por mais que nos dediquemos a pesquisar as tendências surgidas no horizonte político do planeta. Nas ciências humanas, nem sempre um mais um serão dois. Espero sinceramente que, com Dom Chico, as ações de combate à pobreza sejam ampliadas e com resultados melhores. Que as anuais campanhas de fraternidade tornem-se mais significativas e sejam elaboradas através de uma discussão com outros grupos cristãos que não seguem o papa, sejam seitas ortodoxas ou não. Claro que ainda está bem cedo para católicos e protestantes darem as mãos pois, no momento, faz-se necessário observar os primeiros meses de ministério papal. Como um revolucionário estratégico inspirado em Voltaire (1694-1778), por mais crítico que em seja na interpretação dos fatos em busca da configuração da realidade, permaneço sempre de olho numa eventual brecha para imprimir mudanças das quais o mundo necessita. Que Deus tenha misericórdia de nós todos porque ainda somos uma geração medíocre e passiva.

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  2. Apesar dessa análise bem crítica, quero ver a eleição do novo papa como uma oportunidade para o cristianismo poder avançar juntamente com a evolução da humanidade ou quem sabe, no futuro, poder conduzir esse processo de crescimento ético coletivo. O amanhã será sempre uma icógnita por mais que nos dediquemos a pesquisar as tendências surgidas no horizonte político do planeta. Nas ciências humanas, nem sempre um mais um serão dois. Espero sinceramente que, com Dom Chico, as ações de combate à pobreza sejam ampliadas e com resultados melhores. Que as anuais campanhas de fraternidade tornem-se mais significativas e sejam elaboradas através de uma discussão com outros grupos cristãos que não seguem o papa, sejam seitas ortodoxas ou não. Claro que ainda está bem cedo para católicos e protestantes darem as mãos pois, no momento, faz-se necessário observar os primeiros meses de ministério papal. Como um revolucionário estratégico inspirado em Voltaire (1694-1778), por mais crítico que em seja na interpretação dos fatos em busca da configuração da realidade, permaneço sempre de olho numa eventual brecha para imprimir mudanças das quais o mundo necessita. Que Deus tenha misericórdia de nós todos porque ainda somos uma geração medíocre e passiva.

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  3. Apesar dessa análise bem crítica, quero ver a eleição do novo papa como uma oportunidade para o cristianismo poder avançar juntamente com a evolução da humanidade ou quem sabe, no futuro, poder conduzir esse processo de crescimento ético coletivo. O amanhã será sempre uma icógnita por mais que nos dediquemos a pesquisar as tendências surgidas no horizonte político do planeta. Nas ciências humanas, nem sempre um mais um serão dois. Espero sinceramente que, com Dom Chico, as ações de combate à pobreza sejam ampliadas e com resultados melhores. Que as anuais campanhas de fraternidade tornem-se mais significativas e sejam elaboradas através de uma discussão com outros grupos cristãos que não seguem o papa, sejam seitas ortodoxas ou não. Claro que ainda está bem cedo para católicos e protestantes darem as mãos pois, no momento, faz-se necessário observar os primeiros meses de ministério papal. Como um revolucionário estratégico inspirado em Voltaire (1694-1778), por mais crítico que em seja na interpretação dos fatos em busca da configuração da realidade, permaneço sempre de olho numa eventual brecha para imprimir mudanças das quais o mundo necessita. Que Deus tenha misericórdia de nós todos porque ainda somos uma geração medíocre e passiva.

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  4. Apesar dessa análise bem crítica, quero ver a eleição do novo papa como uma oportunidade para o cristianismo poder avançar juntamente com a evolução da humanidade ou quem sabe, no futuro, poder conduzir esse processo de crescimento ético coletivo. O amanhã será sempre uma icógnita por mais que nos dediquemos a pesquisar as tendências surgidas no horizonte político do planeta. Nas ciências humanas, nem sempre um mais um serão dois. Espero sinceramente que, com Dom Chico, as ações de combate à pobreza sejam ampliadas e com resultados melhores. Que as anuais campanhas de fraternidade tornem-se mais significativas e sejam elaboradas através de uma discussão com outros grupos cristãos que não seguem o papa, sejam seitas ortodoxas ou não. Claro que ainda está bem cedo para católicos e protestantes darem as mãos pois, no momento, faz-se necessário observar os primeiros meses de ministério papal. Como um revolucionário estratégico inspirado em Voltaire (1694-1778), por mais crítico que em seja na interpretação dos fatos em busca da configuração da realidade, permaneço sempre de olho numa eventual brecha para imprimir mudanças das quais o mundo necessita. Que Deus tenha misericórdia de nós todos porque ainda somos uma geração medíocre e passiva.

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  5. Apesar dessa análise bem crítica, quero ver a eleição do novo papa como uma oportunidade para o cristianismo poder avançar juntamente com a evolução da humanidade ou quem sabe, no futuro, poder conduzir esse processo de crescimento ético coletivo. O amanhã será sempre uma icógnita por mais que nos dediquemos a pesquisar as tendências surgidas no horizonte político do planeta. Nas ciências humanas, nem sempre um mais um serão dois. Espero sinceramente que, com Dom Chico, as ações de combate à pobreza sejam ampliadas e com resultados melhores. Que as anuais campanhas de fraternidade tornem-se mais significativas e sejam elaboradas através de uma discussão com outros grupos cristãos que não seguem o papa, sejam seitas ortodoxas ou não. Claro que ainda está bem cedo para católicos e protestantes darem as mãos pois, no momento, faz-se necessário observar os primeiros meses de ministério papal. Como um revolucionário estratégico inspirado em Voltaire (1694-1778), por mais crítico que em seja na interpretação dos fatos em busca da configuração da realidade, permaneço sempre de olho numa eventual brecha para imprimir mudanças das quais o mundo necessita. Que Deus tenha misericórdia de nós todos porque ainda somos uma geração medíocre e passiva.

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  6. Rodrigo

    Como é costume em matéria de eleição de um líder, o revolver do passado do sujeito, já estão apontando uma grande sombra a pairar sobre a cabeça do novo Papa: é que ele foi conivente com a ditadura militar da Argentina. Sobre a questão dos sacerdotes desaparecidos na Argentina no período de chumbo, já começam a pipocar artigos tendo como pivô o agora Chico I . (rsrs)

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  7. Caro Levi,

    Tenho pra mim que não chegou a rolar essa suposta conivência do papa com a ditadura militar argentina. O Sr. Jorge Mario Bergoglio parece ter sido um cidadão moderado em relação ao sistema e que teria buscado, por meio do diálogo, ajudar os que combatiam o regime.

    Não tenho grandes expectativas com o Vaticano, mas aguardo uns pequenos avanços.

    Abraços.

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