Páginas

sábado, 28 de abril de 2012

Conhecendo mais do Rio

Nestes quatro meses e meio que estou morando no Rio de Janeiro, posso dizer que várias coisas já vi. E há quem diga que já conheço a cidade melhor do que muitos cariocas (se bem que eu sou carioca de nascimento, mas vivi boa parte de minha vida em Juiz de Fora e depois em Nova Friburgo).

Sempre que tenho uma oportunidade, aproveito para colorir meu dia, saindo da entediante rotina. Este mês, quando fui levar minha esposa ao seu homeopata, na movimentada Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, aproveitei para dar um passeio até à orla, caminhar pela areia, molhar meus pés na água do mar e contemplar o Arquipélago de Cagarras com suas quatro ilhas distantes em uns 4 a 8 quilômetros da praia. Já na quarta-feira passada (25), fiz algo semelhante enquanto minha esposa estava aguardando a consulta dela com outra médica na Tijuca, aproveitando para caminhar por algumas tranquilas ruas do bairro que quase ninguém conhece e acabei indo até o morro do Salgueiro (o mesmo daquela famosa escola de samba). E, nesta sexta-feira (27), tendo chegado ao aprazível Alto da Boa Vista faltando quase duas horas para um compromisso em São Conrado, resolvi embarcar numa kombi que conduz passageiros perto do Corpo de Bombeiros até o ponto final, uns 5 quilômetros depois, de onde é possível desfrutar de uma incrível visão da Barra da Tijuca.

Além dos pontos turísticos e das aventuras ecológicas que tenho realizado, conforme já andei compartilhando em postagens anteriores neste blogue, estou buscando conhecer o Rio por outros aspectos. E um deles tem sido conversar com gente. Interessa-me conviver com pessoas de todas as classes sociais, profissões diferentes, turistas, lideranças comunitárias, artistas (não necessariamente os famosos que aparecem na TV) e com o cidadão comum assim como eu. Logo, quando não dependo de meus próprios pés para ir nos lugares, dou preferência ao meios de transporte coletivo (ônibus, metrô, trens e barcas) onde é possível ter uma convivência ocasional com o carioca.

Esta semana que passou, fui recebido por um ex-prefeito da cidade em seu escritório. Com 66 anos, o economista César Epitácio Maia já administrou o Rio de Janeiro em dois períodos (de 1993 a 1997 e de 2001 a 2009) até ser sucedido pelo atual mandatário. Dando continuidade ao papo que tínhamos iniciado na internet sobre o sistema das eleições proporcionais no país, acabamos conversando sobre política internacional, depois política municipal, administração pública, o problema da favelização e os conflitos do choque de ordem, abortando questões históricas de relevância. Ao final, fui presenteado com um livro sobre o Rio, editado em 2007 pela Scriptus Editora, onde encontrei valiosas informações para a minha pesquisa pessoal.

Foi justamente folheando o livro do César Maia que, neste sábado (28), descobri mais uma opção de passeio cultural aqui bem pertinho de casa, num bairro bem próximo ao Grajaú chamado Muda. Trata-se da Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola, situado na Rua Conde de Bonfim, n.º 824, entre a Muda e a Tijuca:

“E que tal estudar música em um palacete art nouveau? É assim na Muda, no recém-inaugurado Centro de Referência da Música Carioca. Construída em 1920, a residência senhorial é um dos últimos casarões do bairro e hoje foi transformada em escola de choro, núcleo de pesquisa e documentação para cuidar do inventário da produção musical do Rio de Janeiro através dos séculos. O espaço inclui ainda um auditório e um café-concerto, além de uma área de exposições” (págs. 101 e 102 da obra César Maia no coração do Brasil: uma homenagem aos 15 anos da primeira eleição à prefeitura do Rio de Janeiro)

Numa caminhada que havia feito anteriormente, indo a pé do Grajaú à Tijuca passando pelo Morro do Andaraí, eu já tinha passado por este interessante local que minha esposa Núbia amou. Só que, naquela ocasião, o velho casarão estava fechado. Desta vez, porém, demos sorte em achar o local aberto ao público e ainda contar com umas jovens musicistas que se disponibilizaram a nos auxiliar numa visita guiada. Foi assim que conhecemos a Isabela, a qual nos apresentou as seis salas interativas do Centro Municipal de Referência da Música Carioca juntamente com a exposição.

Quando recordo do passado e me lembro dos desenhos da família Jetson, os quais tanto assistia na infância, chego à conclusão de que o futuro já chegou. É certo que não vemos carros voando por aí, mas temos celulares com câmeras e que também são pequenos televisores portáteis, como também podemos usufruir de um novo tipo de museu onde o velho se junta à recente tecnologia produzida. E de certo modo posso afirmar que o Centro de Referência da Música Carioca é um lugar onde o antigo se concilia com o moderno.

Apesar das novidades tecnológicas estarem presentes em todos os cômodos visitados do velho imóvel reformado pela Prefeitura, a que mais costuma prender a atenção do público parece ser a de número 3, chamada de “Tempo”. Ali, uma tela interativa permite o acesso às informações, áudios e vídeos de obras dos principais compositores que trabalharam na cidade do Rio de Janeiro. Pode-se pesquisar desde os primeiros músicos e compositores da época dos descobrimento até os mais atuais, envolvendo todos os estilos. Contudo, como os primeiros maestros da música carioca foram os índios, o Centro de Referência da Música Carioca também disponibiliza um espaço para o canto dos tupinambás, conforme as anotações feitas pelo francês Jean de Léry em sua visita ao continente no ano de 1577.

Para agradar a vontade da esposa, fomos lanchar no outro lado da rua, no Mister Pizza, e terminamos o passeio tomando café no terceiro piso do Shopping Tijuca, numa loja chamada Mestre Cookie, onde trabalha como barista o seu amigo Douglas. Como o dia e o horário estava agitado, quase não pudemos conversar, mas creio que o rapaz ficou feliz pela nossa presença ali.

Assim encerrei mais uma semana aqui no Rio em que, desta vez, não deu para fazer longas caminhadas pela floresta, mas pude encaixar pequenos passeios nos momentos disponíveis, realizar programações culturais e, principalmente, bater papo com pessoas.


OBS: A primeira foto acima, mostrando uma das ilhas do Arquipélogo de Cagarras, foi extraída do site da ONG Viva Rio em http://vivario.org.br/ enquanto que a última, sobre o Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola, eu a encontrei na página da Prefeitura do Rio de Janeiro. O melhor ponto de observação de Cagarras na praia de Ipanema fica próximo ao Posto 9.

4 comentários:

  1. quer dizer que você levou um papo com o Maia, mais conhecido como o "fazedor de factóides"..rsss

    É legal ler sobre essas suas andanças.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Edu,

      Para conhecer bem uma cidade, vale a pena conversar com quem já foi prefeito dela.

      Antes do Maia, fui apresentado ao Marcelo Alencar há 8 anos atrás, no Hotel Glória, mas apenas tirei fotos com ele. Na ocasião, eu estava junto com um vereador do partido do qual fiz parte (o PSDB) e era um evento sobre meio ambiente no qual estav am presentes políticos do PV e o ex-presidente FHC.

      Desta vez, porém, estive com o César em seu escritório que parece ser também parte de sua residência. Um local bem agradável, tranquilo e cheio de florestas.

      Excluir
  2. Saudades da minha terra ! Se Deus quiser, logo, logo estarei de volta ! abraços, felicidades !

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, amiga.

      Saudades de você também!

      Estou há 4 meses e, aos poucos, vou me adaptando. Sobrevivi ao calorão e agora pela primeira vez comecei a me agasalhar este ano aqui no Rio. Este feriado de 1º de maio fez um friozinho bem gostoso aqui. Lembrou até um dia ameno de verão em Nova Friburgo. (rsrsrs)

      Abraços e muitas felicidades pra você e seu esposo.

      Excluir