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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma inspiradora revelação sobre quem somos


Os estudiosos discutem interminavelmente se as variadas histórias existentes nas culturas dos povos antigos sobre a criação (e também sobre o dilúvio) viriam de uma fonte comum. Fala-se, por exemplo, em notáveis semelhanças entre trechos do Bereshit (Gênesis) e a Epopeia de Atrakhasis, um poema babilônico sobre o começo da vida em sociedade, escrito há mais de 1600 anos a.C.

Segundo as versões sobre a Epopeia de Atrakhasis, os seres humanos teriam surgido para desempenhar a árdua tarefa dos deuses inferiores em cuidar da terra e foram criados da carne e do sangue de uma divindade. Porém, como os homens começaram a se multiplicar e a incomodar os deuses fazendo barulho, estes decidiram acabar com a raça humana através de um dilúvio...

Prossegue a lenda dizendo que o piedoso Atrakhasis fora advertido em sonhos por um deus acerca da catástrofe planejada e recebeu instruções de construir um barco para salvar-se junto com sua família mais alguns animais. E não muito diferente do Noé da Bíblia, o herói babilônico também soltou aves da arca afim de verificar se as águas já teriam baixado depois das chuvas torrenciais do dilúvio, chegando a oferecer ao final um sacrifício no alto de uma montanha dedicado aos deuses que “sentiram o cheiro suave” (conf. com Gn 8.21).

Questiona-se se a tradição bíblica teria ou não se originado da curiosa Epopeia de Atrakhasis devido às fortes semelhanças entre as duas narrativas. Porém, a existência de histórias anteriores na própria região da Mesopotâmia aponta para um mito originado num tempo ainda mais remoto em que os ancestrais de todos aqueles povos civilizados, antes de conhecerem a escrita, sentavam-se ao redor de uma fogueira para ouvir histórias contadas por um ancião nos acampamentos nômades dos grupos humanos.

Para Alan Millard, professor de hebraico antigo e de línguas semitas da Universidade de Liverpool (Reino Unido), os relatos dos capítulos 1 e 2 de Gênesis teriam os seguintes pontos em comum com outras histórias da criação do mundo e do homem: “uma divindade pré-existente; a criação como resultado de uma ordem divina; o ser humano como o ponto alto da criação, formado do pó da terra como se molda um vaso, mas também de certa forma um reflexo da divindade”.

Contudo, o renomado pesquisador adverte que a existência de ideias semelhantes entre as histórias não significa que todas elas sejam derivadas de uma fonte comum:


“É enganoso reduzir histórias diferentes trazidas das várias partes do mundo aos fatores que têm em comum para afirmar que todas têm uma fonte comum. É improvável que todas essas diferentes histórias, ou uma grande parte delas, tenham uma fonte única. É mais interessante, e mais correto, colocar o texto do Gênesis ao lado de outros relatos do antigo Oriente Próximo, que é o mundo do AT. Ao fazermos isso, notamos que são poucas as antigas histórias de criação que têm mais do que um ou dois conceitos básicos em comum, como a separação entre céus e terra e a criação do homem a partir do barro. Porém, as histórias dos babilônios têm algumas notáveis semelhanças com o relato hebraico.”
(extraído do Manual Bíblico da Sociedade Bíblica Brasileira, págs. 117 e 118)


A meu ver, a existência de uma fonte comum parece bem certa. Pois, mesmo desconhecendo a data e o local onde possa ter se originado a primeira história da criação do cosmos (e do dilúvio), observo na busca por respostas a razão comportamental para a ocorrência de todas as tradições dos povos a respeito de suas origens. Do contrário, os relatos teriam deixado de ser recontados pelas gerações posteriores.

Tudo indica que as histórias de Gênesis foram compostas no meio de inúmeros mitos que já deveriam existir no mundo antigo, tendo o autor da Torá baseado-se numa crença dos hebreus para transmitir-lhes uma mensagem de reverência a Deus dentro de uma visão sacerdotal. Pois, considerando que o povo do segundo milênio antes de Cristo, habituado a enchentes catastróficas, já ouvia falar de dilúvios e criação dos homens pelos deuses, mostrava-se oportuna a utilização dos mitos mais conhecidos pelos israelitas e inseminá-los com um significado espiritual capaz de conduzir os homens a um comportamento ético que respeitasse a vida.

Assim, Gênesis não é uma invenção de seu autor e muito menos foi escrito para se tornar uma dogmática teoria criacionista que contrariasse a ciência. Talvez nem possa ser considerado como uma fonte histórica, no sentido em que hoje compreendemos a História, apesar de suas belas narrativas explicarem poeticamente as origens da vida, da humanidade e da nação de Israel. Aliás, os relatos do Bereshit apenas compõem o revestimento de um ensino profundo, conforme expõe O Livro do Esplendor numa suposta fala do Rabi Simeão ben Yohai, célebre mestre judeu da Galileia do século II:


“Se um homem considera a Torá como uma simples compilação de histórias e de assuntos quotidianos, infeliz dele! Esse gênero de escrita, que tratasse de questões banais, e mesmo um texto melhor, também nós, nós mesmo o poderíamos redigir. Ainda mais, os príncipes deste mundo têm em sua posse livros de um valor ainda mais precioso, que poderíamos imitar se quiséssemos escrever uma 'Torá' semelhante. Mas a Torá, em cada uma das suas palavras, contém verdades supremas e segredos sublimes (…) Assim, os textos que a Torá relata não são mais do que as suas vestes exteriores, e mal daquele que julgue que tal traje é a própria Torá (…) Considerai o seguinte: A parte mais visível de um homem é o vestuário que traz, e aqueles a quem falta entendimento, quando olham esse homem, podem ver nele apenas o vestuário. No entanto, é na realidade o corpo do homem que faz a nobreza das suas vestes e a sua alma é a glória do seu corpo. Acontece o mesmo em relação á Torá. As suas narrativas que descrevem as coisas do mundo compõem a veste que cobre o corpo da Torá. E esse corpo é formado pelos preceitos da Torá, gufey-torah (corpo: princípios fundamentais). Os homens sem entendimento só vêem a narração, o vestuário; mas os que têm um pouco mais de sabedoria vêem igualmente o corpo. Só os verdadeiros sábios, os que servem ao Rei Muito-em-Cima, os que se conservam no Monte Sinai, penetram até à alma, até à verdadeira Torá que é a raiz fundamental de tudo (…) Assim como o vinho deve ser colocado num cântaro para se conservar, assim também a Torá deve ser envolvida numa roupagem exterior. Essa roupagem é feita de fábulas e narrativas. Mas nós, nós devemos penetrar através dela.”


Tais palavras podem ser hoje dirigidas para aqueles que, por acreditarem na teoria de Oparin, ou a da evolução das espécies de Charles Darwin, simplesmente desprezam as histórias de Gênesis, deixando de compreender que as narrativas bíblicas jamais foram redigidas para serem dogmatizadas. Porém, tanto o relato da criação quanto o mito do dilúvio foram escritos pelos sábios afim de comunicarem o papel de Deus na existência do universo e tratar de importantes questões de ordem ética que foram revolucionárias numa época de enorme brutalidade existente no trato entre os seres humanos, de modo que os temas desenvolvidos ao longo do Pentateuco baseiam-se nas narrativas do primeiro livro, sobretudo em ideias relacionadas aos versos iniciais: bondade manifestada por Deus em cada ato criador (1.4,10,18,21, 25, 31); sermos feitos à imagem e semelhança do Eterno (1.26-27); o cuidado com a natureza (1.28; conf. 2.5,15); descanso sabático (2.2-3); relação do homem com o solo (2.7); sopro de vida (2.7); jardim de ensino (2.8); árvore da vida (2.9); árvore do conhecimento do bem e do mal (2.17); a mulher como companheira do homem (2.18), sendo criada do varão (2.21), e se tornando ambos uma só carne (2.24); a nudez (2.25).

Sobre sermos feitos à imagem e semelhança de Deus, Barnabe Assohoto e Samuel Ngewa, ambos teólogos africanos, elaboram o seguinte comentário de aplicação pessoal que se mostram úteis para a compreensão do propósito de Gênesis:


“De acordo com as Escrituras, os seres humanos de ambos os sexos foram feitos à imagem de Deus (1:26b-27). Assim, as pessoas são diferentes de outros seres criados como animais, um fato que tem consequências importantes para a maneira como vivemos. Em primeiro lugar significa que cada ser humano é, de alguma forma, semelhante ao seu Criador. Assim, cada ser humano é especial e importante. Devemos ser capazes de reconhecer o Criador nos homens e nas mulheres que vemos ao nosso redor. Em segundo lugar, significa que não devemos adorar nenhum animal ou a imagem de um animal (…) Em terceiro lugar, uma vez que Deus criou tanto nosso corpo quanto nosso espírito, não devemos considerá-los separadamente e pensar que podemos ignorar o corpo enquanto vivemos para Deus no espírito. As Escrituras deixam claro que não devemos maltratar nosso próprio corpo nem o de outros (…) É importante observar que os homens e as mulheres receberam permissão de exercer domínio sobre as criaturas vivas, mas não sobre seres humanos. Da mesma forma, os homens não receberam autoridade para dominar as mulheres (nem vive-versa). Nossos semelhantes também são portadores da imagem do Criador e, portanto, não devem ser dominados, mas sim servidos.” (extraído do Comentário Bíblico Africano, pág. 11)


Não se pode esquecer que a Torá surgiu num tempo onde havia exploração do trabalho humano através da escravidão, penas cruéis baseadas na regra do Talião, dominação do homem sobre a mulher, adoração servil às divindades antropomorfas ou zoomorfas que poderiam incluir até sacrifícios de pessoas, terríveis reis opressores que se achavam descendentes dos deuses e guerras sangrentas. Logo, dentro deste contexto, pode-se afirmar que os “Cinco Rolos de Moisés”, dos quais Gênesis é o primeiro, tornaram-se a revelação tão esperada pelo escravizado homem do segundo milênio antes de Cristo. O manejo inspirado das tradições antigas significou a resposta para as intermináveis conversas em volta das fogueiras, dando novo sentido às narrativas folclóricas e libertando os homens do jugo dos deuses, visto que somos feitos à imagem e semelhança da divindade, o que nos faz destinatários de um tratamento digno e igualitário no trato entre os homens.

14 comentários:

  1. Existem relatos de fatos anteriores no livro hindu Bagvha Gita e no livro de Zoroastro sobre seres antidiluvianos,inclusive em querras aereas,com naves e explosoes talvez nucleares.A Bibila cita rapidamente seres gigantes e os livros apocrifos falam de criaturais descomunais,inclusive do homem ciclopico(de um so olho). De toda a forma, ja se localizou a confluencia dos 3 rios que formavam o jardim do Eden e o diluvio foi o resultado do fim da era glacial ha 10 mil anos.Parece-nos que emboar todos os relatos religiosos sejam semelhantes,a Historia do Homem de Nazare supera,qualifica e transcende todas as outras,jah que nos coloca como 'filhos' e nao mais Criaturas.
    Eh a versao moderna,um recente modelo,que veio e superou os outos em abrangencia,compaixao,etc.A Tora esta inserida e superada por ela,assim como o Alcorao e o proprio Gita.Nao ha nada mais perfeito a nossa disposicao.
    Ass:www.advogadoemportugal.com

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  2. Olá, Zeca. Seja bem vindo a este blogue!

    Realmente há inúmeros relatos sobre a criação e o dilúvio, além de outras passagens de Gênesis. Há quem relacione, por exemplo a lenda do fim de Atlântida com o castigo bíblico das inundações, conforme se lê neste trecho atribuído a Platão:

    (...) De uma fase de violentos tremores e de inundações, e no espaço de uma noite e um dia funestos, num abrir e fechar de olhos, todo o poderio militar foi tragado pela terra, vindo também a ilha Atlântida desaparecer nos abismos do mar." (Timeu 25d)

    A respeito da "superação" da Torá, eu vejo a revelação de Moisés sob outro ponto de vista. Entendo que Jesus, o Profeta semelhante a Moisés, sendo Ele também o Messias, cumpriu toda a Torá. Inclusive, o seu ensino sobre nos amarmos uns aos outros decorre de Vaicrá (Levítico) que assim diz:

    "Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu próximo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o SENHOR." (Lv 19.18; NVI)

    Quem realmente consegue amar ao próximo como a si mesmo, não tem escravos, perdoa seu ofensor, honra pai e mãe passando a tratar todos como sendo de sua família, vive o casamento monogâmico, faz bem ao pobre, não mata, não rouba e refreia sua cobiça. Pode-se dizer que o amor é a essência da Torá e que a observância do mandamento sem o amor conduz o homem à alienação religiosa, a um legalismo estéril e à incompreensão do sentido de toda a Palavra.

    Eu diria que na Torá está implícito não só o amor como também a graça, através do qual os homens alcançaram salvação mesmo antes da manifestação do Messias.

    Foi com base na Torá que surgiram as revelações dos prefetas e os demais escritos da Bíblia hebraica. Também no Novo Testamento a Torá é inúmeras vezes citada e compreendida através de uma re-leitura, conforme fizeram Paulo, Tiago e o autor anônimo da Epístola aos Hebreus. Logo, estudar a Torá é fundamental para os seguidores de Jesus.

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  3. Prezado Rodrigo


    Entendo que o mito da criação (no nosso caso o Mito de Gênese) aborda arquétipos de nossa psique de forma mítico-simbólica.

    Os paralelos mitológicos são numerosos:

    “Ouranos guardava no interior da terra seus filhos com Gaia e não os deixava vir à luz. Cronos, o mais jovem dos doze filhos, aliou-se à mãe e castrou o pai, caindo o sangue sobre o útero de sua mãe. Nasceram as Eríneas, os Gigantes e as Ninfas das cinzas, que pariram uma raça viçosa de homens”

    No mito do Gênese, existe a figura de Deus que se apega ao poder autocrático, como um poder defensivo, porque proíbe comer do furto da árvore do Bem e do Mal.
    Simbolicamente, comer do fruto proibido da árvore mítica, equivale à participação da consciência na elaboração dos significados do fruto. Comer do fruto é uma transgressão que marca o nascimento do humano.
    Então, o que devemos fazer é integrá-la à nossa consciência, e não negá-la.

    No Gênese, a serpente representa a nossa criatividade psíquica profunda, pois ela é descrita como o “mais sagaz de todos os animais selvagens”.

    Em suma, os mitos da criação, em todas as culturas, são representações simbólicas que Jung as denominou de arquétipos universais do inconsciente coletivo.

    Aprendemos muito sobre nós e nossos afetos profundos, sobre nossa ambivalência, quando fazemos uma desleitura dos mitos bíblicos, traduzindo os seus elementos arquetípicos como símbolos do nosso funcionamento psíquico.


    Abraços

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  4. Caro Levi,

    Obrigado por sua visita!

    Concordo com a conclusão do Jund quando ele diz que os mitos são "arquétipos universais do inconsciente coletivo", mas chamo a atenção de que as histórias tanto da Bíblia quanto dos povos têm várias faces, o que permite inúmeras leituras.

    No caso do Gênesis, o cristianismo costuma ver na sentença "com o suor do teu rosto comerás pão", proferida antes da expulsão do homem do paraíso, um terrível castigo divino. Contudo, a leitura judaica compreende isto como uma nova oportunidade que o Criador concedeu a Adam, numa demonstração infinita de bondade. Segundo David Gorodovits e Jairo Fridlin, o objetivo desta nova oportunidade para que a humanidade, "com seu trabalho, esforço e mérito, reconstrua esse mundo ideal". Outra visão possível é que o Criador tivesse nos imposto novos limites para proternos de nós mesmos.

    Eu diria que o mito é uma linguagem! Uma linguagem que, como bem coloca, reflete o nosso lado psíquico. Porém, eu creio que a linguagem mítica também pode expressar um recado de Deus e daí eu crer na inspiração divina da Torá.

    Não tome isto como presunção minha por considerar o mito de Gênesis uma revelação enquanto outros não. Mas não vejo na luta entre Ouranos e Cronos que expôs acima nenhum recado do Eterno, ainda que derivado de uma possível fonte anterior. Pois o que me parece é que Ouranos e Cronos, de certo modo, simbolizam uma competição entre o pai e o filho homem na disputa pelo amor da mulher-mãe.

    Mas não é só isto! Posso arriscar dizer também que a castração ocorrida na história narrada é também uma representação das limitações impostas pelo tempo (cronos) ao caminho seguido pelo homem.

    Voltando ao Gênesis, uma visão sobre a tal árvore do conhecimento do bem e do mal pode significar a escolha do homem em querer decidir por si mesmo o que é bom para si, tomando as decisões que bem entende, mesmo transgredindo os princípios da vida. Pois, a partir de Adão, encontramos Caim tentando livrar-se de seu irmão Abel pelo homicídio, Lameque tornando-se marido de duas esposas, a terra enchendo-se de violência, Cam desonrando o pai Noé, a humanidade voltando-se para os ídolos, nosso ancestral Abrão deixando a terra da promessa para ganhar seu pão no Egito onde esconde seu matrimônio com Sarai, mais tarde o patriarca ouve os conselhos da esposa e se deita com Hagar afim de superar o problema da falta de um descendente e sem falarmos de Jacó enganando Esaú, bem como os irmãos de José vendendo-o como escravo.

    No meu entender, todas as atitudes que tomamos em desacordo com a vida, tentando manipulá-la conforme os nossos interesses, significam a escolha por comer do fruto da árvores do bem e do mal cujo resultado é a morte, a separação, a desconexão.

    Grande abraço!

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  5. Em tempo!

    Acabei não comentando estas frases que compartilhou, Levi.


    "Comer do fruto é uma transgressão que marca o nascimento do humano. Então, o que devemos fazer é integrá-la à nossa consciência, e não negá-la."

    A meu ver, a transgressão realmente não deve ser negada pelo homem e, de fato, precisamos ter consciência dela. Contudo, eu não a compreendo como sendo a marca do nascimento do humano e sim a origem de uma desconexão com a vida de uma humanidade que, por milênios, tem sido ingrata com a sua existência.


    "(...) criatividade psíquica profunda (...)"

    Já a serpente, que após a influência do dualismo persa sobre o judaísmo no exílio babilônico, passou a ser vista como o diabo, Satanás, tornando-se isto mais claro no cristianismo (Apocalipse), inicialmente foi entendida de uma outra maneira pelo "povo do livro". Ainda assim, houve uma personificação pelo autor de Gênesis.

    Significaria a serpente uma "criatividade psíquica profunda"?

    Não sei responder agora, mas, evitando as personificações, está me parecendo que as expressões do diálogo dos versos 1 a 7 do capítulo 3 de Gênesis relacionam-se mais com sentimentos e emoções do que com o intelecto criativo do homem. E aí penso que foi o desejo de escolher o próprio caminho que levou a mulher e o homem a darem ouvidos à voz da transgressão. E, por causa disto, temos cometido pecado.

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  6. Paulo Luiz Mendonça. São Paulo Brasil.

    A minha dificuldade em aceitar a Bíblia Sagrada como palavra de Deus, a qual dizem ter sido escrita por profetas, penso eu que esta possibilidade foge do natural como nos entendemos. Um exemplo bem interessante se perguntarmos a um judeu se foi possível Cristo ter nascido de uma virgem eles dirão que isso é impossível a única maneira na época seria através de uma relação sexual, se perguntarmos novamente a um judeu se Cristo ressuscitou eles dirão que isso é impossível nunca aconteceu isso. Se perguntarmos a qualquer religioso não espírita se é possível se comunicar com os que já morreram, dirão que é impossível, dirão ainda mais estas comunicações devem ser com o satanás São estas coisas que fogem do natural. Eu pergunto nascer de uma virgem por obra do espírito santo não é possível, ressuscitar é impossível, se comunicar com espíritos d pessoas já mortas é impossível, mas receber a palavra de Deus através de alguns seres humano intitulado de profetas isso pode, onde esta a coerência.
    Desculpem-me, mas onde vejo incoerência, me vem o desejo de contestar. Sou democrático faço criticas e as aceito com todo prazer. Paulo Luiz Mendonça
    Abaixo algo sobre a arca de Noé

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  7. Continuação do comentario anterior.

    ARCA DE NOÈ.

    Quando leio, na bíblia sagrada acerca da arca de Noé, vejo esta passagem como tendo um entendimento apenas figurado. Por que esta afirmação? Tudo que acontece neste mundo tem que ter coerência, uma arca com um casal de cada animal da terra, é humanamente e fisicamente impossível, não há como tantos animais em um único espaço. Os animais herbívoros, até poderiam ser colocados nesta arca, o que se torna difícil para não dizer impossível, seriam os animais carnívoros. A dificuldade estaria em dois fatores, primeiro na separação destes animais, nos podemos colocar um herbívoro com outro herbívoro, não haveria problema, mas não se pode por um carnívoro com outro carnívoro, seria um desastre. Em segundo fator, seria a alimentação destes animais durante quarenta dias, teria que ter uma reserva de carne considerável para alimentar todos. Diante destas dificuldades, nós temos que entender de uma vez por todas que esta referencia, sobre arca de Noé, seja sem duvida uma alegoria, não da para pensar em outra possibilidade. Mas por outro lado, existe muitos estudo, sobre esta arca. Dizem alguns pesquisadores, que no monte ararat existem vestígios da arca. Ora, se o assunto é figurado não pode haver nenhum vestígio. Há divergência entre os adeptos do aspecto figurado e os adeptos da realidade da arca. Para resolver este problema de uma vez por todas vou dar minha humilde opinião. O que teve ter acontecido na verdade, Noé era real a arca também era real. O que pode ter acontecido? Estou dizendo isso por hipótese, Noé sendo uma pessoa muito religiosa, e inteligente, deve ter recebido uma espécie de aviso, talvez esta comunicação tenha vindo, por intuição, alguma visão ou um sonho. O aviso recebido, era lhe alertando que choveria quarenta dias e quarenta noites. Ele acreditando neste aviso, pensou com inteligência. Reuniu sua família a qual deveria ser numerosa, naturalmente deveria ter filhos homens, fortes e trabalhadores. Assim planejaram construir uma arca bem grande, pois madeira naquele tempo não deveria ser problema.
    Assim construíram uma embarcação compatível com a quantidade de animais que possuía, colocou na arca seus animais domésticos, tais como, seus bois, vacas, cavalos, ovelhas, enfim todas suas criações.
    Naturalmente deve ter armazenado bastante alimento para os quarenta dias. Se os vestígios da arca realmente esta la no monte ararat, a única explicação plausível é esta. Se alguém tiver uma resolução do problema melhor que esta eu gostaria de saber.
    Nota, um evangélico deu-me uma desculpa esfarrapada para os animais carnívoros, disse ele “ naquele tempo os animais eram todos herbívoros “ Da para aceitar uma besteira dessa, se sabe que a evolução caminha para a perfeição, segundo esta explicação se deu ao contrario os animais eram herbívoros e regrediram para carnívoros

    Esta crônica foi extraída do livro Crônicas Indagações e Teorias autor Paulo Luiz Mendonça. Editora Scotecci.

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  8. QUAL É O SEU GRUPO.
    Há dois grupos de seres humanos. Os membros do primeiro grupo são aqueles que usam o potencial maravilhoso do seu cérebro, potencial este que é inerente a todos os humanos. Estes usam este potencial com criatividade, persistência e Perspicácia, conseguindo com isso, um invejável progresso e uma vida perfeitamente equilibrada. Os membros do segundo grupo são mais tranqüilos, desprezam preguiçosamente o potencial maravilhoso do seu cérebro, são essencialmente acomodados. Estes quando se encontram em dificuldades tanto financeira como com problema de saúde, se dirigem fervorosamente cheios de fé, as entidades supremas em busca de um milagre. Eles não descobriram ainda que milagres são como prêmios de loteria, somente alguns poucos são privilegiados. Também não descobriram ainda que o principal milagre, Deus já o fez, que é ter dado a nós uma privilegiada inteligência.

    QUAL A NOSSA POSIÇÃO.

    Os seres humanos que usam sua inteligência e criatividade sabem perfeitamente delinear seu próprio destino, baseando no bom senso e na razão. Os demais seguem fanaticamente os ditames da multidão.


    O poder do livro.
    Pensamentos bons e construtivos, quando não proferidos são inúteis eventos. Pensamentos bons e construtivos transformados em palavras são úteis alentos. Pensamentos bons e construtivos transformados em escrita são benefícios gloriosos que as paginas de um livro nos dita.
    Paulo Luiz Mendonça.

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  9. Prezado Paulo Luiz,

    Primeiramente agradeço pela sua visita ao meu blogue e considere-se bem vindo.

    Achei brilhante a sua observação a respeito da Arca de Noé, principalmente quanto à convivência dos diferentes animais ali.

    Realmente eu levo os relatos bíblicos sobre o dilúvio como narrativas que estão repletas de significados e realmente o sentido é figurado, não podendo ser a história (ou as histórias) tomada ao pé da letra.

    No entanto, até o questionamento que você colocou, entre outros, fez-me pensar até sobre a possibilidade d emais um significado espiritual que pode ser extraído da fantasiosa convivência entre os diferentes animais dentro da arca. Pois isto nos remete à idealizada paz paradisíaca que decorre da graça do Eterno manifestada a Noah e sua família.

    Observe que a revolta do homem contra Deus do capítulo 3 de Gênesis rompeu com a harmonia entre a humanidade e a natureza (3.17-19). A violência cresce na terra e Deus manda um castigo de ordem natural que rompe a ordem anteriormente estabelecida em 1.9-10 - o dilúvio. Só que, enquanto o mundo se acaba na desordem, eis que, dentro da arca, amparada pela graça divina, reina a harmonia paradisíaca entre os animais que se traduz em paz. Uma paz que se torna extensiva ao reino animal onde até as serpentes e as feras selvagens se tornam dóceis, coisa que o texto deixa implícito.

    Ligando ao relato do dilúvio, posso aqui mencionar-te este curioso trecho do livro de Isaías que fala metaforicamente sobre o advento da era messiânica:

    "O lobo viverá com o cordeiro, e o leopardo se deitará com o bode, o bezerro, o leão e o novilho gordo pastarão juntos; e uma criança os guiará. A vaca se alimentará com o urso, seus filhotes se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi. A criancinha brincará perto do esconderijo da cobra, a criança colocará a mão no ninho da víbora. Ninguém fará nenhum mal,
    nem destruirá coisa alguma em todo o meu santo monte, pois a terra se encherá doconhecimento do SENHOR como as águas cobrem o mar." (Is 11.6-11; NVI)

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  10. Continuando...

    Meu entendimento sobre o que vem a ser "Palavra de Deus" é que esta não se confunde com as Escrituras. A revelação da Palavra ocorre no coração do homem, não propriamente num livro cuja redação é atribuída a algum profeta, escriba ou discípulo de Jesus. É possível ter contato com o texto e não se conhecer a Palavra como também pode o homem conhecer a Palavra sem nada ter lido. Pois é no campo da nossa percepção íntima que as coisas espirituais ganham sentido.

    Entendo que a incoerência é própria do ser humano, visto que somos seres contraditórios. Logo, há uma alteração constante dentro do nosso comportamento. E a Bíblia como um livro bem humano retrata de maneira bem curiosa e natural o nosso caráter. Pois nas narrativas, como se pode perceber, não há super heróis. Todos são seres com suas ambiguidades e com valores diversos.

    Finalmente não sei se concordo com a divisão da humanidade em dois grupos, embora concorde que devamos usar potencialmente o nosso cérebro. Acho, contudo, que todos temos características relacionadas aos dois grupos que citou. Logo, ninguém consegue ser equilibrado ou alcançar uma vida perfeita, de modo que a nossa existência é baseada constantemente em erros e acertos, fé e ação racional.

    Abraços.

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  11. Conflitando na internet

    Rodrigo agradeço por ter comentado sobre meus textos, foram deveras elucidativos, recebi também alguns comentários de um outro internauta um pouco agressivo. Após enviar algumas criticas ao fanatismo religioso, recebi do Sr. Eder uma resposta deveras interessante, disse-me ele que eu sou o perfeito descendente do macaco pela minha não crença no criacionismo, alem disso disse-me que eu sou orientado pelo diabo.
    Abaixo minha resposta.

    Resposta a Sr Eder.
    Gostei dessa, é o diabo que tem me orientado. Se for assim este diabo é um sujeito muito bom, pois ele me encaminhou pela vida sempre agindo honestamente, trabalhei durante 60 anos ininterrupto criei três filhos todos honestos e trabalhadores, não devo nada a ninguém tenho bons amigos, enfim tenho uma vida normal. Já vi religiosos tementes a Deus e adoradores de Cristo levando uma vida torta, abandonando seus filhos e agindo com desonestidade. Acreditar em Deus e em Cristo, ou não acreditar não tira os méritos de ninguém, conheço ateus cheios de qualidades e conheço religiosos cheios de defeitos. Nós seres humanos somos todos, a essência do egoísmo, da maledicência, do orgulho, da hipocrisia e de muitos outros defeitos, só que a maioria não admite esta verdade, meu lema é (Prefiro não ser nada, a ser falso cristão) Paulo Luiz Mendonça.

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  12. "Nós seres humanos somos todos, a essência do egoísmo, da maledicência, do orgulho, da hipocrisia e de muitos outros defeitos, só que a maioria não admite esta verdade"


    Concordo com este trecho que colocou e compreendo o que escreveu de resposta ao outro debatedor.

    Eu diria que não há como ocorrer a "metanoia" (ou na visão hebraica a "Teshuvá"), que é o retorno ao caminho certo, senão através do RECONHECIMENTO da nossa tendência ruim, o que conduz ao ARREPENDIMENTO. Tando é que a Bíblia expõe claramente as imperfeições de seus personagens. Assim sendo, não o vejo tão distante do Reino de Deus.

    Todos os dias o homem precisa praticar a Teshuvá e compreender também a generosidade da vida, reconhecer as oportunidades que ela nos dá e o quanto, em si mesma, ela é bela, perfeita e boa.


    "Prefiro não ser nada, a ser falso cristão"

    É justamente não ser nenhuma máscara que se deve buscar. Ou, em outras palavras, não sermos nada além do que somos. E aí querer seguir a Jesus torna-se bem diferente do que identificar-se como cristão perante a sociedade, visto que o cristianismo acaba por se tornar uma máscara.

    Abraços e lhe desejo um feriado de Carnaval com muita paz!

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  13. "Entendo que a incoerência é própria do ser humano, visto que somos seres contraditórios. Logo, há uma alteração constante dentro do nosso comportamento. E a Bíblia como um livro bem humano retrata..."

    "Gostei dessa, é o diabo que tem me orientado. Se for assim este diabo é um sujeito muito bom, pois ele me encaminhou pela vida sempre agindo honestamente, trabalhei durante 60 anos ininterrupto criei três filhos todos honestos e trabalhadores..."
    Muito interessante esses comentários.

    Eu acredito que para ser bom é necessário que as pessoas deem ao mundo o que gostaria de receber. Na minha opinião é mais honesto seguirmos de acordo com nossa consciência do que seguirmos determinadas regras. Um bom ser humano vai ser bom , independente de crença, cor, cultura,etc...

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  14. Tenho pra mim que a bondade acontece. Não somos inteiramente bons. Podemos realizar o bem ou o mal.

    A aplicação da "Regra de Ouro" ("faças aos outros aquilo que queres façam contigo") certamente induz à bondade. Torna-se um antídoto quanto ao lado mal que todos temos. Isto porque passamos a combater o mal com o bem, ainda que falhivelmente.

    Abraços.

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