Páginas

segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

É preciso cautela com a crise na Venezuela



Nesta segunda-feira (28/01), a bordo avião de volta para Roma, após ter participado da Jornada Mundial da Juventude, no Panamá, o papa Francisco disse temer um "derramamento de sangue" na Venezuela. O pontífice mostrou-se assustadamente preocupado com a violência que possa resultar da crise política no país cada vez mais aguda.

Como se sabe, Nicolás Maduro havia tomado posse de seu segundo mandato presidencial em 10/01, sendo que, poucos dias depois, a Assembleia Nacional o declarou um "usurpador" do cargo de presidente. Porém, em seguida, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) considerou "nulos" todos os atos aprovados pelo Parlamento venezuelano.

Para complicar ainda mais a situação, o opositor político Juan Guaidó autodeclarou-se presidente interino do país na semana passada, havendo solicitado, no último domingo (27/01), uma visita da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, a fim de que fossem investigadas as 30 mortes nos protestos recentes. Ele acusa o regime de Maduro de promover um massacre desde terça-feira.

Ocorre que, com diversos países reconhecendo Guaidó como presidente da Venezuela, dentre eles Brasil, Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, Panamá e Peru, há um fundado risco do país vizinho entrar numa sangrenta guerra civil, muito embora o exército de lá esteja dando sustentação ao presidente Nicolás Maduro.  

Fato é que, além de ter as Forças Armadas a seu favor, Maduro conta com o apoio dos seguintes países: Rússia, Cuba, México, Bolívia, Nicarágua, Turquia, China e Irã. E, se o presidente venezuelano continuar a receber armamentos dos russos, irá se fortalecer ainda mais como se vê hoje na ditadura de Bashar al-Assad, na Síria, o qual se acha no poder há quase 19 anos.

Enfim, é uma situação bem delicada e que requer uma boa diplomacia para chegarmos a uma solução pacífica. Até porque a população do país vizinho é refém de uma grave crise financeira que hoje está obrigando muitos venezuelanos a buscar refúgio no Brasil e na Colômbia para escaparem da fome. E, neste sentido, as preocupações do papa fazem todo sentido porque o foco da política internacional deve estar voltado em primeiro lugar para o bem estar dos seres humanos e não em defesa dos interesses econômicos das potências globais.

Apesar de ser um simples cidadão, penso que o melhor caminho seria Maduro convocar novas eleições e permitir que observadores da ONU possam acompanhar o pleito com o máximo de transparência possível. Pois esse seria um caminho bem sensato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário