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segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O feriado de 20/11 deveria ser nacional!



Hoje, aqui no Rio de Janeiro, é comemorado o Dia da Consciência Negra, sendo considerado para nós, fluminenses, um feriado estadual por corresponder à data do aniversário da morte do personagem histórico Zumbi dos Palmares (1655 — 1695) . Trata-se de algo que foi instituído pela Lei Estadual n.º 4.007, de 11 de novembro de 2002, sancionada pela nossa primeira governadora mulher (e negra), Sra. Benedita da Silva.

Recordo que, na época, tão logo foi assinada essa lei, houve minorias conservadoras dentro da sociedade do RJ que resolveram reagir infrutiferamente, havendo quem ingressasse até com uma representação por inconstitucionalidade, a qual veio a ser julgada improcedente dois anos depois. E, embora tivessem pessoas que insistiam em não reconhecer o novo feriado, muitos acabaram se conformando com a nova realidade.

Quinze anos depois, esse feriado é um grande sucesso em todo o Rio de Janeiro, podendo ser considerado um dos mais festivos e interessantes de se ver graças às apresentações que são feitas pelos diversos grupos de cultura afro existentes nas nossas cidades, a exemplo do que pude assistir no último sábado (19/11), quando visitei o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, situado no município de Rio Claro, vizinho a Mangaratiba (ler depois a postagem anterior sobre essa experiência).


Entretanto, na cidade onde moro, no litoral sul-fluminense, há um evento importantíssimo da cultura afro que ocorre anualmente na data de 20/11 no Quilombo da Ilha da Marambaia, uma belíssima região que faz parte do Distrito de Itacuruçá. Encontra-se dentro de uma área militar controlada pela Marinha cujo acesso é restrito guardando uma longa História para ser conhecida. E, embora eu ainda não tenha conseguido estar numa das festas típicas dessa comunidade tradicional ali existente, pude visitar a localidade há dois anos, como já compartilhei aqui na postagem Visitando a Ilha da Marambaia, de 23/07/2015.

Com uma riqueza cultural tão vasta, creio que o Brasil só teria a ganhar em termos de turismo e entretenimento, caso o Congresso Nacional transforme esta data num feriado válido para todo o país. Inclusive porque a nossa população negra já teve até à época do Presidente Getúlio Vargas o Dia da Abolição da Escravatura, comemorado em 13 de Maio, por ocasião da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel (1888).

Sem querer entrar na questão sobre qual a data que melhor representa o negro, pois não tenho dúvidas de que seja o 20 de Novembro, deixo, portanto, minha sugestão aos nossos deputados e senadores a fim de que não somente honrem o nome do último líder da resistência à escravidão à frente do Quilombo dos Palmares, mas também façam desse dia uma oportuna ocasião para a valorização da cultura afro e o combate ao racismo, instituindo ao mesmo tempo a Semana Nacional da Consciência Negra.

Sem precisar tanto do governo, a sociedade civil está de parabéns por fazer do feriado de hoje uma data quase tão viva quanto o Ano Novo, o Natal, o Carnaval e a Páscoa, superando em seus festejos tanto Tiradentes quanto a Independência.


OBS: A primeira imagem acima refere-se à pintura de Antônio Parreiras, artista niteroiense que viveu de 1860 até 1937. Já a segunda foi uma foto que tirei no passeio feito sábado (18/11) no Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos.

5 comentários:

  1. Boa noite, Ricardo!

    Grata por sua visita e comentário, embora meus poemas sejam difíceis de comentar em sua opinião. Tenho e devo respeitar sua conceção, mas eles não são difíceis de comentar, não. Basta "entrar" no poema, e se imaginar personagem dele. Os vídeos, quase sempre em Língua Francesa, se adaptam bem ao poema, creio eu, e Charles Aznavour de 93 anos de idade, continua ativo e é um senhor da canção francesa e mundialmente conhecido, também.

    Pensei que esse feriado fosse nacional e não só no Rio. Paradoxalmente, na Bahia não é feriado, cidade onde há tanto negro e mestiço.

    Em minha opinião, enquanto se comemorar dia da raça branca, da negra, da amarela, da azul às pintinhas, não deixará de haver racismo. Não há raças, há diferente etnias, mas toda a gente é ser humano e ponto final.

    Qto mais manifestações, desfiles, festas se fizerem por orgulho gay, lésbico e similares, portanto minorias, elas continuarão sendo marginalizadas. Nós, hétero, fazemos alguma marcha por...? Não, nós nos assumimos como somos e do que gostamos.

    Li um texto muito realista a propósito do dia 20, num blog, que poderá visitar, se pretender, e que se chama "Uma voz de Betim". O criador do blog é um homem com a 4ª classe, mas expõe, de forma clara, suas ideias.

    Abraço e dias felizes.

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  2. Retificando: me desculpe! Você se chama Rodrigo e não Ricardo. Não entendo essa minha tendência em lhe chamar Ricardo. As minhas desculpas!

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  3. Olá CEU.

    Inicialmente agradeço sua visita ao blogue é comentários, mesmo não concordando.

    Importante esclarecer que o feriado em questão não se destina à raça pois em nossa espécie há uma só raça já que não houve tempo suficiente para a evolução criar raça e distintas. Porém, temos grupos étnicos dos mais diversos.

    Por outro lado, o dia da Consciência Negra tem mais um sentido histórico e cultural, buscando promover a inclusão dos grupos sociais marginalizados que, mesmo depois da abolição da escravatura, foram esquecidos pelo Estado e condicionados a permanecerem na pobreza pela falta de oportunidades.

    Quando se tem o desejo de formar uma sociedade mais Just a e digna, dar atenção digna aos grupos marginalizados é um instrumento importante para levantar a auto-estima dessas pessoas em desvantagem, mostrando que elas são iguais, capazes e que têm lugar no nosso meio social.

    Na Bahia, apesar de não ser feriado em 20/11, assim como na maioria dos nossos estados, por la se comemora o Dia da Consciência Negra havendo um respeito e um interesse ainda maiores pela cultura afro do que no Rio.

    Por outro lado, reconheço que o mais importante para haver inckysao5sao as políticas públicas básicas que o Estado brasileiro tem negligenciado, como a educação básica de qualidade para todos. Pois só assim os negros terão mesmo melhores oportunidades profissionais.

    Agradeço pela indicação de leitura.

    Um abraço

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  4. Olá, Rodrigo!

    Grata pela sua resposta.

    No 3º parágrafo do meu comentário acima, visto que o outro é uma retificação, nós estamos, inteiramente de acordo.

    Abraço e bom domingo.

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  5. Olá, Rodrigo. Somente hoje me deparei com esse espaço. Quero agradecer por citar e recomendar meu blog para seus leitores. Muito obrigado mesmo. Um abraço, paze bem.

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