"E os produtos do descanso da terra serão livres para comer, para vós e para todos, igualmente - para ti, para teu servo e para teu hóspede que habitar contigo. E para teu animal e para o animal selvagem que houver em tua terra, todo o seu produto será para comer." (Levítico 25.6-7; Sêfer)
"O sábado da terra garantirá comida para vós, para ti, o teu servo, tua serva, o assalariado ou aquele que mora contigo, em suma, os que vivem em teu meio. Quanto ao teu gado e aos animais selvagens da tua terra, alimentar-se-ão de tudo o que a terra produzir." (Tradução Ecumênica da Bíblia - TEB)
Milênios antes do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) nascer e do surgimento do movimento ambientalista, a instrução bíblica já orientava o povo de Israel a promover a tão falada inclusão social dos dias atuais, bem como estimulava a nação a conviver harmonicamente com o ecossistema silvestre trabalhado.
Os versos bíblicos que foram citados acima estão relacionados ao ano sabático (Shemitá), no qual haveria um "descanso" para a terra consistente na não ocorrência de plantio durante o período. E também seria um ano onde os israelitas ficariam liberados de grande parte de seus trabalhos cotidianos afim de estudarem melhor a Torá, conforme diz também Deuteronômio 31.10-13.
Assim, durante o ano da Shemitá (vocábulo que se traduz pela ação de "libertar"), os produtos que crescessem espontaneamente no campo deveriam ser distribuídos igualitariamente entre todos, o que incluía ricos e pobres, homens e mulheres, nacionais e estrangeiros residentes no país, animais domésticos e animais selvagens. Quem fosse credor de uma dívida deveria renunciar ao seu direito (Dt 9.2) e todos os cidadãos não poderiam deixar de emprestar ao necessitado sem a cobrança de juros (Lv 25.37).
Após o período de sete Shemitás, ocorria o Jubileu no quinquagésimo ano, compreendendo, além do repouso dos campos, o perdão absoluto das dívidas e o resgate das terras vendidas. Pois, entendendo que cada família tinha direito a uma terra, a lei de Moisés não permitia a aquisição perpétua da propriedade alheia mas só o arrendamento temporário, evitando assim que houvesse uma absurda concentração fundiária nas mãos de poucos.
Tal legislação teve por objetivo promover o equilíbrio da sociedade, evitando que os ricos ficassem cada vez mais ricos e os pobres mais miseráveis, combatendo algo que é tremendamente nocivo para qualquer povo - a formação de classes.
Pode-se dizer que a formação de classes sociais ocorre justamente pelas diferenças de participação das pessoas no processo produtivo e na partilha dos bens gerados, o que, consequentemente, vai influenciar no acesso ao poder político e nas formas como este passa a ser exercido. Em outras palavras, o modo de produção deixa de ser comunitário e as necessidades acabam sendo ignoradas ou tratadas insuficientemente devido à desigual distribuição dos benefícios do desenvolvimento.
Por outro lado, toda sociedade humana necessita de um aparelho produtivo e o desenvolvimento contempla a diferenciação que há entre as pessoas. Então, neste processo, é inevitável que venha a ocorrer uma acumulação de riquezas por parte de alguns enquanto outros poderão experimentar situações de risco econômico por motivos de enfermidade, acidente, inadequação, viuvez, nascimento de filhos, perdas familiares, fenômenos ambientais (secas ou enchentes), dentre outras causas. E, se este empobrecimento não for combatido por iniciativas de inclusão social, surgem riscos de rupturas políticas através de revoltas e o preocupante aumento da criminalidade.
No entanto, um fato interessante que se observa na proposta bíblica é que ela ultrapassa em muito o socialismo científico de Marx porque não exige que os homens passem pela dependência de um Estado afim de que as necessidades possam ser finalmente satisfeitas.
Originalmente, não era desejo da Torá que os israelitas viessem a constituir uma monarquia, mas sim pudessem continuar vivendo anarquicamente em suas tribos espalhadas pela terra de Canaã onde cada um assumiria a sua responsabilidade social praticando atos de caridade para com o seu próximo. E esta filantropia voluntária dispensaria a criação de um governo e a tão opressora tributação das famílias, permitindo que os recursos econômicos circulem com maior liberdade na própria sociedade.
Lamentavelmente, o rumo da história dos hebreus foi outro diverso daquele idealizado pela Torá. Sem estarem maduros naquela época para assumir tão nobre responsabilidade, os israelitas optaram por constituir um rei que os liderasse nos diversos aspectos, entregando a alguém o papel messiânico que, a princípio, sempre foi da própria nação sob a direção de Deus. E o Estado que deveria distribuir a justiça social, tornou-se em vários momentos um terrível instrumento dos ricos para explorar o restante da população, conforme foi denunciado pelos profetas bíblicos. As prescrições sobre os anos sabáticos não foram observadas (Jr 34.8-16) e o resultado foi a ruína do próprio reino com o consequente exílio de 70 anos na Babilônia.
Felizmente, os judeus conseguiram sobreviver até o globalizado 2011 (ou o ano 5771), atravessando períodos de dominação de vários povos, inquisições religiosas e holocaustos nazistas. E foi nos momentos mais difíceis que esta milenar cultura superou as adversidades, preservando os seus valores através do ensino da Torá nas sinagogas espalhadas fora do território de Israel.
Sem dúvida que a essência das prescrições éticas e sociais é um princípio eterno, aplicável em todas as épocas e em quaisquer circunstâncias. Deste modo, as Mitsvot (mandamentos) do Monte Sinai continuam sendo nos dias de hoje um farol capaz de iluminar e inspirar os homens a praticarem a justiça social em todas as nações, independentemente do regime político a ser adotado, onde as necessidades das pessoas precisam ser prioritariamente satisfeitas.
OBS: A palavra leitmotiv vem de uma expressão idiomática do alemão e genericamente significa a causa lógica conexiva entre dois ou mais entes quaisquer.
Warum haben wir die derzeitige gefährliche Situation erreicht?
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Leonardo Boff Es ist eine Binsenweisheit, dass
wir uns im Zentrum einer großen Zivilisationskrise befinden. Sie ist nicht
region...
Há 22 horas
Rodrigo, show de bola o estudo bíblico/socialista que vc nos proporcionou.
ResponderExcluirMarx tem seu valor como pensador na história, mas A Bíblia tem a resposta de ante-mão para as demandas e crises existenciais.
Percebo pela afinidade com as terminologias no hebraico, que vc é um estudante empenhado, ou um empenhado descendente judeu?!
Muito enriquecedor seu texto, dá gosto de ler!
Um ABRAÇÃO meu mano,
Franklin
Olá, Franklin!
ResponderExcluirObrigado pelos seus comentários.
Inicialmente, respondendo sua pergunta, tenho sido apenas um leigo estudioso da história e tradições israelitas. Não tenho origens no judaísmo e nenhuma ascendência que eu saiba, ainda que possam ser feitas especulações de que um desconhecido ancestral muito distante na Península Ibérica (ou nos Açores) possam ter sido "cristãos novos". E, mesmo se tal hipótese fosse verdadeira, já tenho muito mais de três gerações de pais nascidos de mães não judias (rsrsrs).
Concordo que Marx tenha seu valor na história da humanidade. E, curiosamente, ele era de origem judaica (rsrsrs). Inclusive, Marx escreveu um polêmico livro chamado "Zur Judenfrage" (Sobre a Questão Judaica).
Para Marx, seria com o abandono de sua religião que os judeus estariam em condições de promover a emancipação geral:
“O Estado cristão não pode, sem abrir mão de sua essência, emancipar os judeus, assim como o judeu não pode, sem abrir mão de sua essência, ser emancipado”.
No entanto, o ateísmo de Marx e suas pregações pelo abandono dos judeus quanto suas tradições religiosas tornaram-se tremendos equívocos cometidos pelo filósofo. Pois o que ele propôs acabou tornando-se muito arriscado para o futuro visto que sua proposta cria uma geração sem raízes, incompletas por ignorarem a espiritualidade e, portanto, vulneráveis.
Assim, penso que Marx cometeu um sério erro neste sentido de interpretar a crença em Deus como um "ópio do povo", sendo que o seu pensamento socialista tem fortes ligações com a Torá judaica, umas das mais antigas leis da humanidade com preocupações voltadas para o bem estar social.
ResponderExcluirUm forte abraço!
tenho uma profunda admiração pela cultura judaica e pela força em transpor obstáculos desse povo. as recomendações "socialistas" da tora creio, jamais foram postas em prática. utopia?
ResponderExcluirpoliticamente, eu sou de centro; tanto o socialismo burocrático e ditatorial quanto o capitalismo selvagem são extremos a serem evitados. porém, mesmo com todas as suas deficiências, creio que o capitalismo é infinitamente melhor do que o comunismo foi. até a china, que ainda mantém a repressão comunista, rendeu-se à economia de mercado.
acredito que as leis sociais da torá serviram mas como farol utópico do que como algo a ser de fato, realizado, ainda mais sem a centralização de um estado. os antigos israelitas teriam se pulverizado na história se não houvesse a centralização política e religiosa que o rei davi construiu.
e nunca é demais lembrar que muito do texto da lei mosaica é cópia do código de hamurabi.
enfim, rodrigo, como sempre, você escreve um texto excelente que nos provoca a reflexão.
Olá, Eduardo.
ResponderExcluirA meu ver, o povo judeu tenta sim colocar em prática as leis sociais da Torá, embora até hoje nenhuma geração deva tê-la vivenciado com perfeição e totalidade.
Não me parece que a existência de um Estado seja fundamental para a preservação de um povo. Pode ser que na história de Israel, quando faltava raízes ao povo, havia o perigoso risco de assimilação cultural pelos egípcios e mais ainda pelos cananeus. Porém, a história judaica mostrou que o povo foi capaz de se preservar em suas diásporas e períodos de dominação estran geira. Inclusive, foi debaixo destas condições que a Torá foi mais reverenciada e não na monarquia.
Concordo que a Torá externamente derivou-se das legislações da Mesopotâmia. Não só o Código de Hamurábi como de cidades sumerianas (no sul do Iraque) ainda mais antiga que a Babilônia a exemplo de Ur. Tratava-se do Código de Ur-Nammu (século XXIII a.C), uma compilação dos costumes antigos acumulados culturalmente e considerada a mais antiga codificação de que se tem notícia na história da civilização humana.
Contudo, a Torá parece ser mais avançada pois, embora não tenha proibido totalmente que os israelitas tivessem escravos, a Lei de Moisés quebrou os principais anéis da escravidão através de normas abolicionistas. Um israelita não podia permanecer como escravo acima do limite de seis anos (Ex 21.1-11) e também no Jubileu, tendo sua vida protegida, devendo receber um tratamento similar ao de seu amo no que se refere à alimentação e vestuário. E pode-se dizer que mesmo os escravos estrangeiros deviam ser tratados com a mesma benevolência.
ResponderExcluirEsta preocupação com aqueles que se encontravam no mais baixo nível da escala social representa um importante passo evolutivo na proteção dos direitos humanos., visto que o escravo tinha meios para recuperar a sua liberdade.
Através do entendimento de que o povo judeu foi libertado da "casa da servidão", quando foram servos do faraó, bem como de que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, os israelitas eram motivados a imitar o Criador concedendo liberdade a quem necessitasse.
"politicamente, eu sou de centro; tanto o socialismo burocrático e ditatorial quanto o capitalismo selvagem são extremos a serem evitados. porém, mesmo com todas as suas deficiências, creio que o capitalismo é infinitamente melhor do que o comunismo foi. até a china, que ainda mantém a repressão comunista, rendeu-se à economia de mercado"
ResponderExcluirPra mim nem o capitalismo e nem os regimes implantados pelas revoluções comunistas foram bons.
A meu ver, o que precisamos é adotar sempre leis sociais capazes de combater a pobreza extrema e que, necessariamente, precisam combater o acúmulo excessivo de riquezas.
Na minha opinião, os bens devem ser distribuídos conforme a capacidade de trabalho de cada um, mas sempre as necessidades dos homens precisarão ser satisfeitas. Então, o princípio comunista "cada um segundo a sua necessidade" pode muito bem harmonizar-se com o trabalho desenvolvido pela iniciativa privada, sem impedir que uns possam usufruir de mais e outros de menos dependendo até da assistência do governo.
Tenho refletido ultimamente que a melhor maneira de lidar com o pobre não seria dando tudo de mãos beijadas, mas sim emprestando sem juros, conforme ensina a Torá. Assim, a caridade deve ser feita com amor, respeitando a dignidade do ser humano.
Meu sonho é que um dia a humanidade possa praticar a assistência social sem precisar da intemediação do Estado. Mas isto talvez só ocorra dentro de muitas décadas ou séculos. Talvez na aguardada era messiânica.
Abraços.
rodrigo, eu concordo que em relação a escravidão a tora é mais evoluída que os códigos mais antigos. a questão da monarquia em israel é um assunto bem complicado com emaranhados de brigas pelo poder por parte dos sacerdotes. mas é verdade que depois do exílio, israel de fato tornou-se mais consciente da sua própria herança espiritual.
ResponderExcluircom relação a sua posição social eu não tenho como discordar. também espero que a humanidade um dia(principalmente os donos do poder)cheguem a essa consciência.
"era messiânica"? isso já é prosa para outra oportunidade...rssss
"também espero que a humanidade um dia(principalmente os donos do poder)cheguem a essa consciência."
ResponderExcluirÉ isto aí, Eduardo! Mas não podemos esperar que os "donos do poder" cheguem até este nível de consciência primeiro.
Mas, atualmente, quem seriam os "donos do poder"?
Seriam os empresários? Os políticos? Ou os administradores dos fundos de investimento e das grandes sociedades anônimas?
Confesso que já não vejo mais os empresários como sendo os donos do poder. Já foi tempo em que existiram homens muito ricos como membros da família Rockefeller, ou o próprio Barão de Mauá, podiam até emprestar dinheiro ao Estado. Hoje em dia, as fortunas pessoais estão proporcionalmente bem menores do que na época de Karl Marx. Então, um administrador de fundos de investimentos tem muito mais poder pelo dinheiro alheio que gerencia do que pelos próprios recursos. Não concorda?
A verdade é que o mercado ainda age pela busca de rentabilidade. O presidente de um banco, ou de uma multinacional, não pode deixar de lado este alvo para fazer projetos sociais ou ambientais que não tragam retorno à companhia ou do contrário ele vai começar a perder investimentos e o conselho vai acabar demitindo-o.
Enfim, o sistema hoje trata-se de um cavalo que galopa sem condutor onde o próprio investidor/consumidor, que muitas vezes é o próprio trabalhador, acaba sendo um dos responsáveis. Talvez os políticos sejam hoje os maiores causadores do problema.
Abraços.
acho que você tem razão sim. mas as grandes corporações hoje têm mais poder do que muitos governos. quando houve a última crise do capitalismo (que alguns países ainda não conseguirem sair, inclusive os eua)não foram os governos que correram para salvar o sistema? o sistema não pode quebrar, se quebrar de vez, seria o caos, o fim caótico... ou talvez um novo começo.
ResponderExcluirOlá, Eduardo.
ResponderExcluirHoje vejo o sistema tão dependente dos governos que a participação do capital estatal (ou uma intervenção econômica) muitas vezes torna-se necessária para salvar bancos, como houve anos atrás nos USA.
Hoje, no Brasil, grande parte da riqueza produzida já se encontra nas mãos do Estado em razão da alta carga tributária, o que nem sempre significa melhor distribuição da renda ou desenvolvimento econômico da nação. Aliás, diminui-se bastante o dinheiro em circulação no mercado.
Todavia, fico a indagar se o fato da riqueza já não se concentrar tanto nas mãos dos indivíduos (mas sim no Estado e nas grandes sociedades anônimas comandadas pelo impulso do sistema), isto não proporcionaria melhores condições para a projeção de uma sociedade mais justa em termos econômicos? Ainda assim, deve-se considerar que o capitalismo de hoje está formando uma nova classe dominante e que esteve presente nos Estados socialistas do século XX - os burocratas. Pois são os políticos que estão ficando cada vez mais poderosos e, recordando-me do compositor Cazuza, a burguesia já não fede tanto.
Rodrigo
ResponderExcluirComo você bem observou a prática nunca segue o discurso. O mesmo notamos no cristianismo. Talvez o amor excessivo pela poesia tenha impedido a nossa espécie humana de aprender mais com a realidade.
Abraço do Ivani
"Como você bem observou a prática nunca segue o discurso. O mesmo notamos no cristianismo"
ResponderExcluirOlá, Ivani!
Obrigado por sua visita aqui no blogue.
Uma indagação posso fazer. Será que esta desarmonia entre prática e discurso não tem a ver com a natureza humana?
Segundo a Bíblia, quando Deus chamou Moisés ao Sinai para receber a Torá, o povo proclamou "Naassê Venishmá", o que quer dizer "cumpriremos e escutaremos". Porém, a sequência da história de Israel, descrita na própria Bíblia, mostra a incapacidade do homem em guardar os mandamentos divinos.
Assim, o homem tem convivido com o permanente conflito entre querer fazer o bem, mas praticar o mal, como se lê na Carta aos Romanos:
"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem queprefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se faço o que não quero, já nao sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encotnro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas, vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado." (Rm 7.14-25; ARA)
O que compreendo à luz não só destes textos como da minha experiência pessoal é que o grande desafio do homem está em lidar com a sua natureza dupla: "espiritual" e "carnal" (nada a ver com o corpo em si). Trata-se do nosso processo evolutivo de tomada de consciência onde os nossos instintos animais, buscando segurança, prazer e domínio (território) precisam se harmonizar com o projeto social que elaboramos de construção de mundo. Não que o instinto natural seja algo ruim, mas sim porque precisamos nos domesticar afim de que possamos aprender a viver fora do Paraíso do qual fomos expulsos, fazendo da Terra um novo Éden, conforme a utopia que todos temos sobre um mundo ideal.
"Talvez o amor excessivo pela poesia tenha impedido a nossa espécie humana de aprender mais com a realidade."
ResponderExcluirNenhum excesso é bom.
O ser humano é poético e também prosaico. O alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843) certa vez disse que "é poeticamente que o ser humano habita a Terra", enquanto que, posteriormente, o judeu francês Edgar Morin (1921), antropólogo, filósofo e sociólogo, assim complementou: "é também prosaicamente que o ser humano habita a Terra".
Certamente que também faz parte do desafio humano aprender a habitar a Terra dentro das duas dimensões, coisa incompatível com a cultura de massas na atualidade, onde o paradigma moderno causou em muitos uma lobotomia, tornando as pessoas cegas e surdas para a divina canção que inspira o espírito humano, calando o salmista que existe no interior de cada pessoa.
Acontece que, o momento crucial em que a humanidade atravessa exige de nós criatividade e a capacidade de nos libertarmos da opacidade do nosso pequeno mundo de normalidades, onde cada um tem buscado apenas sobreviver em seu cotidiano vazio, alienando-se em relação a Deus. Logo, hoje tem faltado é mais poesia e daí a necessidade de explorarmos mais as nossas emoções, ideias novas e compormos metáforas que dêem significado à vida, afim de que possamos redescobrir o êxtase, trazendo de volta a contemplação e a celebração a Deus com louvores, danças e o simbolismo das lendas criadas pelos nossos ancestrais.
Grande Rodrigão,a reforma agrária de Deus, as leis sanitárias, etc, são inigualáveis.
ResponderExcluirVeja que diz a Senadora Marina sobre o meio ambiente: "A remoção de vegetação das encostas, topos de morro e margens de rios é feita sem nenhum senso de proteção. O resultado são rios assoreados, encostas que desabam sobre casas, plantações e estradas, e muitas vidas perdidas a cada ano. Além da alteração do regime das chuvas, pois as florestas têm um papel fundamental no equilíbrio climático."
Deus fez tudo para funcionar com perfeição. Agora, existem milhares de pessoas que odeiam Deus pela consequência que o homem acarreta para si mesmo por sua irresponsabilidade, cobiça, ambição e toda sorte de maldade.
mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa!!!
Beijão.
Olá, Guiomar!
ResponderExcluirObrigado pela visita!
Concordo com o posicionamento da Marina! Aliás, votei nela em 2010 e acho que ela fez bem em ter saído do PV (não se deita vinha novo e odres velhos...)
Pra mim, é uma tremenda de imaturidade algumas pessoas culparem Deus (ou atacarem a fé dos crentes em Deus) pela ocorrência de tragédias. Sabemos que existe o dedo do homem, a nossa falta de responsabilidade coletiva, a corrupção dos políticos, a ignorância acerca de questões ambientais, as omissões dos engenheiros que não se preocupam em fazer um estudo, a falta de abrigos para as situações de chuvas fortes, o mal monitoramento do tempo, as informações que não chegam oportunamente aos moradores para prevenir tragédias. E sem falar no aquecimento global...
É certo que há tragédias, como os terremotos e os tsunamis, em que o homem não seria causa direta. E aí, o que um povo pode fazer é se adaptar, sair das zonas de risco ou proteger-se através da tecnologia como fazem os japoneses onde os prédios já são edificados para suportar tremores de terra e diques são construídos pra conter tsunamis (se bem que este ano, não houve jeito mesmo). Mas ainda assim, entendo que agem com imaturidade aqueles que botam a culpa em Deus ou que ficam dizendo que Ele não existe ou não estaria nem aí para o problema humano.
Enfim, os que culpam Deus geralmente são pessoas presas nelas mesmas, com o ego inflado e que se recusam a submeter-se à Sua soberania. Então, eles usam um argumento de fuga para não terem que deixar seus próprios enganos e humildemente reconhecerem-se como atores da tragédia humana, enfrentando as falhas de caráter.
Abraços.