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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Para não deixar de escrever




Confesso que, neste ano, tenho postado bem menos do que fiz em 2016, quando publiquei apenas aqui tão somente 310 artigos, tendo atuado também em outros blogues como o Propostas para uma Mangaratiba melhor, o segundo que criei para tratar de temas propositivos voltados especificamente sobre o Município onde moro. Só que, em 2017, devido a uma carga bem maior de trabalho, pouco tempo tem me restado para poder escrever e também estudar os assuntos de notícias sobre as quais eu costumo comentar na blogosfera.

Entretanto, tenho procurado acompanhar as principais coisas que andam acontecendo na política brasileira e mundial, bem como a municipal (a respeito da esquecida Mangaratiba) de maneira que, se deixo de escrever algo é porque pode estar faltando uma dose suficiente de informação, disposição e/ou disponibilidade já que não suportaria falhar nos meus compromissos do cotidiano. Nem tão pouco ficar enchendo o blogue de linguiças

Sinceramente, acho meio tolo alguém ocupar um espaço desses na internet com a mera reprodução de notícias, algo que, se estiver fora da fonte (não for um site jornalístico ou governamental) perde a sua confiabilidade por mais que muita gente ainda deixe de confirmar a informação recebida nas redes sociais. Porém, mesmo se eu fosse formado em Jornalismo, ao invés de ter cursado Direito, não daria uma destinação diversa a este blogue. Comentaria aqui os fatos emitindo minhas opiniões, tal como já faço, mas criaria um outro portal, de caráter mais neutro, somente para confeccionar e/ou reproduzir as matérias a exemplo do que faz diariamente um professor morador de um Distrito do Município, o qual criou um dos mais acessados portais de Mangaratiba chamado Notícias de Itacuruçá.

De qualquer modo, nesses praticamente oito anos de blogueiro, minhas postagens não se restringem a comentar notícias. Criei este espaço inicialmente pensando em compartilhar com a sociedade algo sobre o Direito e daí resolvi incluir abreviadamente o usual título de "doutor". Não que eu seja um cara metido, mas, sim, porque é deste jeito que a grande maioria das pessoas identifica um advogado, um engenheiro ou um médico aqui no Brasil, mesmo não tendo o profissional ao menos frequentado um curso de doutorado. 

Posso ter já recebido algumas críticas pelo "Dr." assim como tem gente que já se sentiu incomodada por causa das minhas opiniões sobre política ou pelos artigos de religião, tema a respeito do qual ando escrevendo muito menos ultimamente. Aliás, fazer postagens sobre Teologia e a Bíblia já dominou este blogue em outros anos, havendo, inclusive, três mensagens religiosas em destaque entre as dez mais lidas. E continuo sendo um dos administradores da Confraria Teológica Logos e Mythos. Só que lá somos vários autores independentes e colocamos no ar artigos de terceiros também.

Alguém poderia indagar sobre esse meu aparente desinteresse atual pela religião e também por não estar entrando tanto em temas filosóficos. Porém, antes que digam por aí que virei ateu, esclareço que a Lava Jato e os acontecimentos da política nacional de fato roubaram grande parte das minhas atenções. Em 2016, quando houve o impeachment da Dilma e outros fatos mais, fiquei tão absorvido com as notícias que, dificilmente, conseguia comentar sobre outra coisa. Até uma crônica escrita em 21 março daquele ano, intitulada Politicando no boteco, não se afastou da temática.

Contudo, meus amigos, alerto que não é bom gravitarmos apenas em torno das informações, o que, no fim das contas, acaba sendo um tipo de alienação mental com consequências emburrecedoras. Principalmente quando deixamos de refletir com maior profundidade, isto é, não olhando para uma realidade além do horizonte. E aí posso dizer que, neste ano, já me sinto um pouco entediado de continuar escrevendo com a mesma frequência sobre os novos escândalos de corrupção envolvendo a interminável crise política brasileira, por mais que sinta uma certa obrigação ética de continuar acompanhando esses tristes acontecimentos que talvez levem a nação a novos rumos.

Pois bem. Sem querer me alongar demais, chamo agora a atenção do meu leitor para a importância da ética e da espiritualidade a fim de que o Brasil possa tirar o seu pé da lama. Porque tudo o que anda ocorrendo conosco (e com o mundo) certamente seria muito diferente caso a sociedade revisasse os seus valores passando a adotar princípios de vida mais elevados. E aí, se o amor ao próximo, ensino tão insistentemente pregado por Jesus, vier a ser a base das nossas ações, creio que não veremos mais no futuro tantos pacientes abandonados no SUS. E nem tão pouco um excesso de notícias sobre violência, crianças sendo mandadas para casa mais cedo por falta de merenda nas escolas onde estudam, ou servidores despejados de seus imóveis alugados porque o governador do Rio de Janeiro não está pagando em dia os salários do funcionalismo.

Consequentemente, se algum dia houver uma revolução ética nesta Pindorama, as leis e as sentenças judiciais serão mais justas de modo que, caso um servidor for à Justiça requerer uma indenização por danos morais pelo atraso de meses em seu pagamento, dificilmente um juiz julgará improcedente o pedido caracterizando o fato lesivo como "mero aborrecimento". Aliás, talvez um processo desses nem mais existiria porque o dinheiro público passaria a ser melhor administrado e o trabalhador respeitado. Inclusive, os demais tipos de ações, em geral, reduziriam-se proporcionalmente em volume juntamente com a diminuição dos conflitos em sociedade de maneira que nós, os advogados, acabaríamos tendo que dar um jeito de atuar fora do Judiciário...

Acho que agora eu paro. Não vou mais cansar o leitor com o meu excesso de palavras porque daqui a pouco vou tornar esse texto muito chato. Desculpem se não fui tão conclusivo quanto nas outras postagens mas eis que, desta vez, a minha intenção é fazer as pessoas refletirem, espalhando sementes de questionamentos ainda que bem longe da maestria dos velhos filósofos gregos e do próprio Jesus nas mensagens transmitidas pelos evangelistas.

Ótima semana para todos!


OBS: Foto/Divulgação extraída de http://www.serra.es.gov.br/site/publicacao/prefeitura-facilita-processo-para-quem-deseja-abrir-uma-empresa

7 comentários:

  1. Te admiro. Deus sempre falou comigo para eu eSCrever.
    Nunca deixe de expressar. Religião não é legal mesmo não.
    Legal é conhecer quem é o Pai .

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    1. Bom dia, Ângela.

      Inicialmente quero agradecer por sua leitura e comentários, bem como do incentivo para que eu continue me expressando.

      Sobre o termo religião, coloquei mais de maneira genérica até porque não me prendo a doutrinas religiosas e também não considero a doutrinação algo legal. Daí a distinção de religião para espiritualidade ou então a adoção da definição que consta na carta de Tiago:

      "A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo." (Tg 1:27)

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  2. Olhando bem para dentro de mim, agora entrando nos umbrais da velhice (70 anos de idade), sinto o mesmo DESEJO impulsivo de adolescente que, agora, mais do que nunca me amima a ESCREVER, LER, ESCREVER, LER, sem parar, numa avidez talvez mais intensa que os velhos tempos de estudante secundarista. O escritor Harold Bloom (descendente de Judeu)já dizia “conhece-se melhor a nossa realidade e a nossa vulnerabilidade face ao destino, através da Leitura”

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    1. Olá, Levi.

      Fico feliz com sua visita comentada ao blogue.

      Em tempos atuais onde a avalanche de notícias, as correrias do trabalho e as distrações pouco úteis das redes sociais tanto demandam nossas atenções, a leitura tornou-se algo raro, mas que pode nos proporcionar uma espécie de saída da nossa massacrante e alienante rotina para que entremos na reflexão.

      Creio que um interesse maior pela leitura e reflexão no que convencionamos chamar de velhice deve se explicar não só pelas oportunidades trazidas pela redução laborar como principalmente pela necessidade que temos de nos reorganizar intimamente procurando viver com qualidade os anos que ainda temos. Aliás, é um comportamento metaforizado com a caixa de bombom em que, quando restam os últimos doces, procuramos degustá-los com menos rapidez.

      Nesta manhã, enquanto aguardo um cliente me levar para uma reunião daqui a menos de uma hora, tiro uns momentos de reflexão e troca de ideias, sabendo que uma semana cheia de compromissos me aguarda.

      Forte abraço e tudo de bom.

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    2. Em tempo!

      Já que disse estar motivado também a escrever, o que o amigo acha de editar um livro?

      Pense nisso!

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