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domingo, 21 de setembro de 2014

A agricultura orgânica e o mercado institucional das prefeituras




Eu tenho uma ideia sobre as compras institucionais que talvez possa ajudar a solucionar pelo menos duas necessidades importantes. Trata-se de adquirir produtos orgânicos (ou "pró-orgânicos") da agricultura familiar pelas prefeituras brasileiras afim de atender escolas e unidades de saúde.

Além de suprir nutricionalmente melhor os alunos com alimentos mais saudáveis, penso que o acesso a esse tipo de mercado permitiria ao homem do campo migrar com maior facilidade da agricultura convencional (aquela que utiliza agrotóxicos) para a produção orgânica de alimentos, conforme os padrões atualmente exigidos.

Hoje em dia, uma das maiores dificuldades de quem pretende produzir alimentos orgânicos é encontrar mercado. Os grandes compradores, por sua vez, exigem regularidade no abastecimento e preços competitivos, o que nem sempre é possível de atender quando se vive a dura realidade de um agricultor familiar. Logo, é muito comum o dono de um sítio não conseguir vender a sua produção alternativa. Ainda mais se lhe falta o certificado de produtor orgânico.

Virar um agricultor orgânico também não é tarefa nada fácil e nem acontece do dia para a noite. Existem inúmeros critérios exigidos para se obter a certificação, conforme cada empresa oficialmente reconhecida estabelece, além do que dispõe a Lei Federal n.º 10.831/2003. Por exemplo, por mais que o homem do campo deixe de usar inseticidas, herbicidas e adubos químicos, ainda poderá ser necessário aguardar por alguns anos para que ocorra a limpeza do solo. E, durante esse período de transição, as prefeituras assegurariam a compra da produção proporcionando sustentabilidade econômica para as famílias que sobrevivem do campo dentro do território de seus respectivos municípios.

Inegavelmente, a concretização desse objetivo exigiria uma organizada iniciativa cooperativista junto com o desenvolvimento de projetos sérios de incentivo à produção orgânica em cada município interessado. Há muitas propriedades vocacionadas para esse mercado no entorno das unidades de conservação da natureza e que precisam, com urgência, integrar as suas atividades com a preservação do meio ambiente. Ao invés de um proprietário criar bois, fazendo pasto em morros, por que não cultivar produtos agro-florestais por exemplo?

Agindo dessa maneira, as prefeituras estariam ao mesmo tempo contribuindo para o meio ambiente, ajudando o homem do campo, e proporcionando uma nutrição mais saudável para as nossas crianças. Isto sem nos esquecermos da possibilidade de transformar as áreas de produção orgânica em futuros circuitos turísticos. Enfim, seriam vários benefícios de uma vez só!


OBS: Imagem acima extraída de uma página do Ministério da Agricultura em http://www.agricultura.gov.br/comunicacao/noticias/2011/12/producao-organica-brasileira-ja-tem-15-mil-agricultores

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