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domingo, 16 de fevereiro de 2025

Quando Recife e Olinda se tornaram possessões holandesas



Há exatos 395 anos, mais precisamente em fevereiro de 1630, com o objetivo de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha, uma poderosa esquadra holandesa, com sessenta e sete navios e cerca de sete mil homens, sob o comando do almirante Hendrick Cornélio Lonck (1568 - 1634), conquistou a cidade de Olinda e depois Recife. 

Com a vitória, os invasores foram reforçados por um efetivo de mais seis mil homens enviados da Europa para assegurar a posse da conquista. Porém, ainda assim, os holandeses enfrentaram durante anos uma resistência liderada por Matias de Albuquerque (1580 - 1647), primeiro e único Conde de Alegrete, neto do primeiro donatário da Capitania, Duarte Coelho. 

Matias chegou a incendiar os armazéns do porto do Recife, impedindo o saque do açúcar pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC), bem como reorganizou a defesa luso-espanhola a partir do Arraial Velho do Bom Jesus, a meia-distância entre Olinda e Recife, confinando os agressores ao perímetro urbano daquela povoação e vila até 1634. Eram as chamadas "companhias de emboscada", em que pequenos grupos de dez a quarenta homens, com alta mobilidade, atacavam de surpresa os neerlandeses e se retiravam em velocidade, reagrupando-se para novos combates. 

Com a invasão da Paraíba (1634) e as conquistas do Arraial do Bom Jesus e do cabo de Santo Agostinho (1635), as forças comandadas por Matias de Albuquerque entraram em colapso e se viram forçadas a recuar na direção do rio São Francisco. E podemos afirmar que a consolidação da invasão estrangeira deveu-se também à atuação do traidor Domingos Fernandes Calabar (1609 - 1635), o qual havia mudado de lado em 1632, sendo ele um profundo conhecedor do território, composto, no litoral, de baías, manguezais, rios e praias.   

Os invasores permaneceram no comando das duas cidades até 1654, quando houve a vitória da Insurreição Pernambucana, movimento de reconquista da Capitania que se inseriu no contexto das guerras entre Portugal e Holanda. Ou seja, houve ainda mais guerras que puseram fim a um domínio estrangeiro que durou cerca de meio quarto de século em parte do Nordeste brasileiro.

Embora no Brasil exista uma super valorização do legado dos holandeses, cultivando-se muitas das vezes o mito de que o país teria se desenvolvido melhor caso permanecesse colonizado pelos invasores, é preciso considerar mais a bravura dos pernambucanos daqueles tempos. Pois, mesmo sem caracterizar um movimento emancipacionista, os heróis da resistência luso-brasileira e, posteriormente, da reconquista de Pernambuco, deixaram exemplos de bravura, vistos pela nossa tradicional historiografia militar como o gérmen do nacionalismo brasileiro, pois os brancos, africanos e indígenas, supostamente, teriam unido os seus interesses na expulsão do agressor.


OBS: Imagem acima de um mapa celebrando a conquista da Capitania de Pernambuco pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, em fevereiro de 1630. 

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