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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Macaquices

Anos atrás, tivemos um bom momento de entretenimento aqui em casa entre amigos. Quem filmou foi minha esposa e quem brincava com o macaco eram eu e Maurício. Achei interessante compartilhar.



Rodrigo Phanardzis Ancora da Luz

Como vão nossa a saúde pública e a educação?

Muito interessante este vídeo do Gabeira. Não importa aqui qual a intenção dele (sabe-se muito bem que Gabeira é candidato da oposição ao governo do Rio de Janeiro), mas o que realmente importa é tomarmos conhecimento dessa realidade dos nossos hospitais públicos, uma situação que não muda porque os políticos e a máfia de branco verdadeiramente não permitem.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Serra propõe aumentar o mínimo para R$ 600,00!

Até que enfim a oposição soube adequar seu discurso às reais necessidades do eleitor brasileiro! Pena que um pouco tarde.

Tenho observado que, até a semana passada, tanto as propostas de Serra quanto as de Marina não motivavam o eleitor para votar na oposição.

Por que votar no Serra? Ou por que apoiar Marina?

Eu tenho motivos para ter como minha candidata a Marina Silva, mas o eleitor comum, que pouco participa da vida política da nação, só irá escolher alguém da oposição se ele tiver fortes razões para tanto já que a economia brasileira vai relativamente bem para as expectativas de quem deseja muito pouco da vida.

Dilma praticamente tem ignorado as questões do meio ambiente em seus discursos. Contudo é importante notar que para a maioria do eleitorado ecologia não enche barriga e daí o fato de que minha opinião fica restrita a um grupo de pequena expressão dentro da nossa sociedade.

Nos emails que costumo trocar com um candidato ao Senado aqui do Rio de Janeiro, tenho o hábito de comentar acerca das opiniões que ele emite acerca da campanha eleitoral. Tanto eu quanto ele concordamos quanto a alguns erros e acertos cometidos pela oposição nos seus discursos políticos.

Em 10/09, César Maia escreveu o seguinte no artigo "LULA E AS PESQUISAS QUE VIRÃO!", transmitido pelo seu informativo eletrônico conhecido no mundo virtual como uma continuação de seu ex-blog:

"Os riscos sentidos por empresários e classe média com renda mais alta em relação a seus sigilos fiscal, bancário e grampos generalizados, já afetam sua decisão de voto, que começa a deixar de ser do tipo "tanto faz". A privacidade atingida já é percebida por esses segmentos. Se alcançar parte dos demais, ainda não se sabe. Mas no andar de cima, já alcançou."

Conforme foi muito bem observado pelo candidato a senador do DEM-RJ, as denúncias acerca de violação do sigilo fiscal pela Receita é capaz de atingir a classe média, mas sabemos que questionamentos deste tipo não alcançam a grande maioria de eleitores brasileiros até mesmo porque as pessoas de condição humilde estão isentas de declararem imposto de renda e não apenas do pagamento deste tributo.

Entretanto, ao propor um aumento de salário superior ao governo, Serra soube focar numa questão verdadeiramente motivadora para que o eleitor mude de opinião.

Como disse antes, Serra chegou com este discurso um pouco tarde e, caso o tucano queira mesmo lutar para que haja um segundo turno, deve massificar o seu discurso no horário eleitoral e nos comícios batendo apenas nas propostas que podem surtir algum efeito sobre uma fatia pequena do eleitorado capaz de fazer diferença até dia 3 de outubro.

Hoje em dia, mesmo havendo mais empregos, deve-se observar que o salário mal dá para pagar todas as contas do trabalhador ou do aposentado. Os idosos então gastam quase tudo o que recebem com medicamentos e comida, quando não têm que pagar aluguel para morar. A sociedade brasileira está cada vez mais endividada e as pessoas ficaram tão condicionadas a uma situação de aperto que bastou o aumento do crédito neste segundo semestre para que muita gente se iludisse pensando que a vida melhorou.

Serra poderá mudar isso?

É lógico que pra mim esse discurso não me convence, exceto quanto à possibilidade de controle maior sobre o crescimento da economia. Só que prefiro o candidato tucano do que a Dilma num eventual segundo turno pelo simples fato de que em nada me agrada essa onda nefasta do chavismo petista.

domingo, 12 de setembro de 2010

Churrascos e pizzas

Posso dizer que, aqui em casa, temos uma alimentação relativamente saudável durante a semana. Tento acompanhar a dieta da minha esposa que, durante o almoço, come dois tipos de vegetais, carboidratos (geralmente arroz), leguminosas (feijão, lentilha ou grão de bico) e um pedaço de carne. Também incluímos frutas, queijos e biscoitos cream cracker em outros horários e tem ocasiões que nos esquecemos de fazer o bife da refeição.

Só que nem sempre foi assim. Quando criança, meu prato predileto era bife com batatas fritas. Não dava muita importância para o feijão e fiquei anos sem comer arroz. Eu era louco por um churrasco e grande fã dos doces, principalmente se fosse brigadeiro, Danette ou torta de chocolate.

Nos meus tempos de infância, e mesmo no início da adolescência, recordo que as pessoas não costumavam fazer tanto churrasco quanto atualmente no Sudeste do Brasil. Parece que, só depois que a moeda se estabilizou e houve uma oferta maior de carne bovina no mercado, é que o mal hábito tornou-se mais frequente. Até o começo dos anos 90, ainda era muito comum uma família grande no Rio de Janeiro reunir-se na casa dos pais para um grande almoço de domingo cujo cardápio costumava ser muitas das vezes a tradicional feijoada. Contudo meus parentes nunca tiveram uma relação de tanta proximidade e nem faziam tanta feijoada.

Quando surgiu o Plano Real, assar uma carne com os amigos no final de semana tornou-se motivo de status e acho que este costume está fazendo muito mal para o meio ambiente (quanto mais pastos menos florestas) e pra saúde do brasileiro. Principalmente porque nem todos têm o hábito de acompanhar este prato com saladas ou de imitar o gaúcho quanto ao uso do chimarrão após a ingestão das carnes.

Apesar de tudo, nos recentes anos, está surgindo a salutar tendência de medicalização dos alimentos. É algo que começou mais no meio dos ricos e pessoas da classe média alta mas que, graças aos nutricionistas que agora atendem também pelo SUS, pessoas humildes de meia idade ou idosas já estão com novos hábitos e alguns comem até farinha de linhaça.

Tive problemas com a balança durante anos. Minha mãe conta que, quando bebê, eu tinha me tornado obeso e o pediatra receitou um rigoroso regime. Contudo, a este respeito, apenas posso me recordar de quando mudei para do Rio de Janeiro para Petrópolis (1984) e depois para Juiz de Fora (1985), quando então meu peso aumentou bastante aos oito anos de idade. Daí por diante, fui crescendo com uns quilinhos acima do normal.

Quando tinha 22 anos (1998), decidi que iria emagrecer. Eu já tinha passado dos cem quilos nesta época, estava sem disposição para caminhadas, sentia meu corpo pesado quando algumas atividades, sofria bastante com calor e fiquei apavorado quando me disseram que, em poucas décadas, poderia padecer de impotência sexual e de problemas cardiovasculares. Aí iniciei uma dieta por conta própria e, em menos de um ano, perdi vinte e quatro quilos sem ter precisado cortar muita coisa (apenas segui rigorosamente os horários pra me alimentar). O hemocentro até me impediu de doar sangue quando contei pra médica que tinha emagrecido. Em 1999, quando vim para Nova Friburgo, cheguei a pesar 76 quilos numa época em que, frequentemente, fazia longas caminhadas no meio rural em busca de novas paisagens, lugares diferentes, cachoeiras e topos de montanhas.

Atualmente vivo no meu peso ideal entre 85 e 90 quilos que é compatível com minha altura e idade. Porém, foi quando eu ainda era um jovem gordo que descobri uma excelente receita de pizza. Em 1996, meu avô tinha me dado de presente uma quitinete pra morar na avenida Rio Branco de Juiz de Fora. Ele tinha medo que cozinhando no fogão eu viesse a causar um acidente, então resolveu me dar um forno elétrico. Diariamente eu comia num restaurante ou então na casa dele. Quando ia ao supermercado, fazia a festa colocando no carrinho tudo o que desejava já que naquela época ninguém mais podia impor limites ao meu voraz apetite por doces e biscoitos. Então, quando já estava cansado de comer pizza pronta, resolvi inventar meu própria recheio.

Jamais consegui fazer massa de pizza e acho que a pouca experiência com cozinha não me permitiria isso na época. Mas eu já era fã de comida árabe e de pratos picantes. Aí, quando vi uma reportagem sobre as pizzas italianas cheias de molho de tomate, resolvi botar em prática minhas maluquices culinárias. Com várias tentativas e alguns fracassos, cheguei a minha receita ideal:

- meia lata de molho de tomate despejada diretamente sobre a massa;
- rodelas de cebola a gosto sobre o molho;
- fatias de mussarela cobrindo as cebolas e o molho;
- orégano e azeitonas em cima da mussarela.

Comi outras pizzas de cebola em alguns restaurantes (não é muito comum encontrá-las no comércio). Porém, modéstia à parte, nenhuma receita de pizza de cebola ficou melhor do que a minha. Isto porque o meu segredo está no fato de usar uma boa quantidade de molho de tomate sobre a massa e deixar as rodelas de cebola sendo aquecidas no recheio debaixo da mussarela ao invés de secarem na cobertura.

Quando estive na casa de minha mãe, todos gostaram, exceto minha irmã que recusou comer a cebola. Também ofereci pra alguns irmãos que faziam comigo um curso de discipulado na Igreja Evangélica Maranata e teve gente que aprovou enquanto outros detestaram, obviamente por não gostarem de cebola. Depois do episódio, um dos pastores ficava puxando meu saco e querendo saber quando é que eu iria fazer uma nova pizza daquelas.

Por causa da dieta da esposa e do meu forno a gás que estragou não posso ficar assando pizzas aqui em casa. Porém, semana passada, caímos na tentação de comer uma pizza média marguerita feita na rua (aqui em Nova Friburgo, na Eugênio Müller, há um bom restaurante italiano com preços acessíveis) e acho que valeu a pena. Comemos nossas fatias apressadamente como dois lobos famintos.

Ontem pela manhã, fui num culto só de homens que rolou num sítio na localidade rural de Rosário, no distrito de Banquete, em Bom Jardim. A carne bovina estava uma delícia e desta vez mandei brasa, embora evitando a lingüiça e restringindo o carboidrato apenas à farofa sem colocar o arroz no prato. Pena que não tinha folha verde como alface, rúcula ou agrião. Porém, quando cheguei em casa, tratei de preparar logo um chimarrão que ajudou a limpar o organismo das toxinas.

Ter uma dieta saudável sem dúvida que é excelente pra nossa saúde, mas nem sempre temos que ser tão radicais quando não há orientação médica. E acho que o bom é seguir uma alimentação bastante variada, preferencialmente com frutas, verduras e legumes.

O apocalipse dos telefones públicos


“Mas tente compreender
Morando em São Gonçalo você sabe
como é
Hoje à tarde a ponte engarrafou
e eu fiquei a pé
Tentei ligar para você
O orelhão da minha rua
estava escangalhado
meu cartão tava zerado

mas você crê se quiser...”
(trecho da música “São Gonçalo” de Seu Jorge)


Mesmo que na letra acima citada o compositor estivesse dando uma desculpa para um possível desencontro com sua mulher amada, o péssimo estado no qual se encontra a rede de telefonia pública no Brasil é um fato inegável.

Nesta última quinta-feira (09/09/2010), eu estava aguardando o embarque de meu ônibus na Rodoviária Novo Rio, na maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, quando me deparei com a insuficiência e a má distribuição de telefones públicos no local. No segundo andar do prédio, onde havia adquirido o meu bilhete de passagem, não havia sequer um aparelho telefônico, muito embora se tratasse de um lugar bem amplo por onde passam milhares de pessoas nas vésperas e finais de feriados. Observei então uma placa informando a existência de orelhões nas duas entradas do primeiro andar, os quais, com exceção do setor de embarque de acesso restrito, estavam todos concentrados em dois pontos específicos daquele terminal.

Muito triste esta situação, mas a verdade é que de agora em diante os telefones públicos correm o sério risco de sumir nas nossas cidades já que para a economia a telefonia fixa no Brasil deu o que tinha que dar.

Embora a ligação entre telefones fixos seja bem mais barata do que as chamadas feitas através de aparelhos celulares, o certo é que o mercado está se utilizando cada vez mais da telefonia móvel por vários motivos: praticidade, promoções de bônus em ligações locais entre números da mesma operadora, possibilidades do trocas de mensagens de texto (os “torpedos”), ofertas de modelos de aparelhos super modernos com câmeras, transmissão dos programas de TV, armazenagem de músicas, além do crédito facilitado para parcelar a compra dos telefones nas lojas, as diversas maneiras para se efetuar recargas à distância (no caso dos pré-pagos), os meios de verificar uma chamada perdida para retorná-la posteriormente, o acesso à internet cada vez mais em conta, etc.

Em termos de praticidade, devemos lembrar que o usuário da telefonia móvel não precisa sair mais correndo atrás de um orelhão em bom estado de conservação para telefonar e muito menos inserir um cartão no aparelho, o qual, por algum defeito, pode retê-lo ou não reconhecê-lo. Então, com um celular na mão, basta a pessoa ligar para o número de destino e falar. Ou, se estiver sem crédito, o consumidor dá o seu jeitinho de fazer uma chamada a cobrar, desligar em seguida e aguardar um possível retorno do destinatário.

Outra questão a ser observada é que o celular tornou-se mais adequado às pessoas de condição humilde do que o telefone fixo. Pois, escolhendo pelo plano pré-pago, o consumidor se livra de ter que adimplir uma conta mensal e carrega quando puder ou quiser enquanto o seu serviço se mantém ativo por alguns meses. São os celulares apelidados de “pai de santo” porque só recebem ligações...

Além do mais, tenho observado que algumas empresas já estão prestando atendimento via celular já que, na atualidade, muita gente se tornou consumidora da telefonia móvel e faz uso constante das promoções com direito a bônus em ligações entre aparelhos da mesma operadora que façam parte do mesmo código de área de onde é originada a chamada. Logo, não vai demorar muito e teremos funcionários sendo treinados para fazer o serviço de telemarketing através do sistema SMS de modo que o nome desta especialidade da profissão poderá se chamar atendente de “torpedo-marketing”.

Acompanhando as inovações tecnológicas, os portadores de deficiência auditiva e da fala dão preferência aos telefones móveis. Isto porque para este grupo de pessoas com necessidades especiais é muito mais fácil se comunicar utilizando os tais dos torpedos do que recorrer ao uso de um telefone adaptado e contar com o auxílio de uma telefonista para intermediar a conversa. Sem falar que é dificílimo achar um orelhão adaptado. Aqui na minha cidade, por exemplo, a Telemar só instalou o primeiro telefone público para surdos por volta de 2003 no centro de apoio ao turismo da Prefeitura. Porém, segundo me contou uma servidora municipal que lá trabalha, raramente o telefone é utilizado pelo público específico ao qual se destina.

Contudo, tudo isso me preocupa. Sem consciência, o povo brasileiro está trocando um meio de comunicação tradicional inventado pelo italiano Antonio Santi Giuseppe Meucc¹ para depender de algo que é muito mais caro pois, basta compararmos os valores cobrados a título de tarifa pelo minuto na ligação do telefone fixo com os altos preços praticados pela telefonia móvel, que verificaremos a diferença entre ambos os serviços. Além do mais, o consumidor pode se tornar vítima da instabilidade das promoções. Isto porque nenhuma operadora é obrigada a fornecer indefinidamente uma elevada bonificação pelas recargas de seus clientes já que se trata de uma liberalidade unilateralmente concedida pelas regras que a própria empresa estipula de maneira livre, o que limita obviamente o poder de fiscalização da ANATEL tornando eventuais controvérsias assunto de PROCON.

Por outro lado, tenho aprendido que, quando uma tecnologia chega, ela vem para ficar até que seja substituída por outra capaz de atender melhor às necessidades do mercado (depois da descoberta do fogo a humanidade nunca mais foi a mesma). Assim, se os celulares, mesmo sendo mais caros mostram-se mais práticos do que os telefones fixos e os insalubres orelhões que vivem dando defeito, por que os consumidores tornariam aos hábitos do passado?

Pois bem. Se é inevitável a migração dos consumidores para a telefonia móvel, o que o governo pode fazer? Recriar a Telebrás e estatizar novamente as empresas de telefonia fixa para livrar as costas dos grandes grupos econômicos de um elefante branco sob o manto de uma ideologia do chavismo-petista?

Sinceramente, não me parece que a interferência estatal na telefonia fixa seja o melhor caminho porque, assim como foi em décadas anteriores, quando houve a privatização de outros setores da economia brasileira, não poderá o Estado ficar sempre com a parte ruim, dividindo os prejuízos com toda a sociedade enquanto deixa o particular sempre com o filé mais macio. Lembro que, nos anos 90, o governo Fernando Henrique Cardoso chegava a arcar até com as dívidas das empresas estatais e as entregava saneadas num estado bem atraente para os compradores. E pouca gente sabe que o verdadeiro motivo para a expansão das linhas de telefonia fixa não foram as privatizações, mas sim o domínio de uma incrível tecnologia pelos engenheiros brasileiros da Telebrás – a fibra ótica.

Ora, desde a primeira década deste século XXI, o PT já estava sabendo que a telefonia fixa tende a uma inevitável obsolescência e que dependerá do apoio do Estado para ter uma sobrevida. Logo, a recriação da Telebrás parece ser uma maneira do governo readquirir das prestadoras de telefonia fixa um negócio que, provavelmente, não dará tantos lucros daqui pra frente. Ou seja, operando a Telebrás no mercado, basta que a estatal comece a oferecer vergonhosas propostas de compra das empresas concessionárias dos serviços de telefonia fixa, sem nenhuma de encampação conforme fez Leonel Brizola quando governou o Rio Grande do Sul, ou de rescisão contratual por iniciativa do empresário.

Bom, mas se futuramente a tendência será nos despedirmos dos orelhões e mais tarde da telefonia fixa, então o que deveria ser feito pelo governo para que o uso dos celulares se torne mais satisfatório para a população em geral?

Como um mero cidadão, visto que também sou consumidor desses serviços de telefonia, considero o alto preço da ligação celular um sério obstáculo para a acessibilidade do serviço móvel. Deste modo, em face do inegável interesse coletivo, o próximo governo que assumir o país deve buscar, através dos mecanismos de regulação, rever os conceitos dessa atividade, incluindo sempre as novidades tecnológicas indispensáveis à comunicação, bem como estabelecer nova política tarifária, rediscutir os encargos do concessionário e exigir mais transparência na execução do serviço, o qual deve ser prestado de um modo mais adequado e eficiente. Então, mesmo que haja uma alteração no equilíbrio do contrato celebrado entre o Estado e o empresário, é preciso que o próximo presidente (ou presidenta) busque todas as alternativas a seu dispor afim de contemplar o importantíssimo princípio da modicidade das tarifas.

Agindo desse modo, talvez possamos nos despedir dos velhos orelhões com a consciência em paz.


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1. Embora Alexander Graham Bell ainda seja considerado por muitos como o criador do telefone, eis que, em 2002, fez-se justiça histórica a Antonio Meucci.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Posicionamento de um pastor de Curitiba sobre as eleições

Posso não concordar com tudo o que esse pastor diz ou com o vídeo que ele exibiu em sua congregação, mas acho que vale a pena ouvir sua mensagem e refletirmos com nossas próprias consciências.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quando os templos das igrejas se transformam em terríveis “zigurates”...


O livro de Gênesis conta uma breve história sobre a Torre de Babel. Segundo a narrativa, depois do dilúvio, os descendentes dos filhos de Noé, quando chegaram à região de “Sinear” (sul da Mesopotâmia e do atual Iraque), decidiram construir uma enorme torre para que não se espalhassem. Deus, no entanto, não se agradou daquele projeto e os confundiu para que a humanidade se dispersasse:

No mundo todo havia apenas uma língua, um só modo de falar. Saindo os homens do Oriente, encontraram uma planície em Sinear e ali se fixaram. Disseram uns aos outros: “Vamos fazer tijolos e queimá-los bem”. Usavam tijolos em lugar de pedras, e piche em vez de argamassa. Depois disseram: “Vamos construir uma cidade, com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra”. O SENHOR desceu para ver a cidade e a torre que os homens estavam construindo. E disse o SENHOR: “Eles são um só povo e falam uma só língua, e começaram a construir isso. Em breve nada poderá impedir o que planejam fazer. Venham, desçamos e confundamos a língua que falam, para que não entendam mais uns aos outros”. Assim o SENHOR os dispersou dali por toda a terra e pararam de construir a cidade. Por isso foi chamada de Babel, porque ali o SENHOR confundiu a língua de todo mundo. Dali o SENHOR os espalhou por toda a terra. (Gn 11.1-9; Nova Versão Internacional – NVI)

Supõe-se que a Torre de Babel tenha sido um zigurate bem semelhantes aos que foram construídos na Babilônia durante o terceiro milênio antes de Cristo. O zigurate era um templo em forma de pirâmides terraplanadas e que tinha vários andares com adornos de possível significação cosmológica. Através do edifício, os povos da Mesopotâmia buscavam estabelecer uma conexão vertical entre a terra e os céus e, ao mesmo tempo, impunha-se uma conexão horizontal entre a cidade e as terras. Acreditava-se que, no topo do templo, a divindade descia para se encontrar com os seus seguidores.

Talvez a Torre de Babel pudesse ter sido um local de adoração a Marduque, deus babilônico considerado o protetor da cidade. Ou então, ainda não tinha qualquer ligação com a idolatria religiosa dos sumérios, mas talvez fosse o centro de um império que explorasse politica e economicamente a população já que o capítulo anterior de Gênesis conta sobre o reino de Ninrode:

Cuxe gerou também a Ninrode, o primeiro poderoso na terra. Ele foi o mais valente dos caçadores, e por isso se diz: Valente como Ninrode”. No início o seu reino abrangia Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinear. Dessa terra ele partiu para a Assíria, onde fundou Nínive, Reobote-Ir, Calá e Resém, que fica entre Nínive e Calá, a grande cidade. (Gn 10.8-12; NVI)

Não importa o que tenha sido historicamente a Torre de Babel, mas o certo é que aquela obra contrariava os propósitos de Deus e a sua ordem para que os homens se espalhassem pela superfície da terra (Gn 1.28 e 9.1,7). Por isso, o SENHOR trouxe-lhes o desentendimento afim de que o tal projeto não fosse adiante.

Mas o que a Torre de Babel tem a ver com as igrejas de hoje?

Eu diria que muita coisa. Principalmente quando nos deparamos com mega-templos sendo construídos por certas instituições religiosas que visam em primeiro lugar o lucro, os interesses políticos e o crescimento em número de membros ao invés de verdadeiramente estarem alcançando almas para viverem o Reino de Deus. E, dentro deste contexto, projetos de igrejas faraônicas tornam-se excelentes oportunidades para se gastar os recursos das ofertas, as quais são obtidas através de insistentes campanhas milionárias com ilusórias promessas de riquezas e prosperidade para aqueles que contribuírem.

Um aspecto muito negativo que vejo nesses mega-templos é a falta de comunhão entre o seus frequentadores. Tais igrejas geralmente são fortemente dominadas por um líder autoritário ou do contrário acabam se tornando uma Babel onde ninguém mais se entende (em Gênesis há um intencional trocadilho no texto do idioma original hebraico entre Babel e o vocábulo balal que significa “confusão” ou “mistura”). Os membros envolvidos com algum ministério passam a se tornar bajuladores do pastor e às vezes surge até um sentimento de divisão e de inveja entre as pessoas, ao invés de cooperação.

De modo nenhum quero me tornar preconceituoso contra as igrejas maiores como se todas elas fossem sempre erradas, manipuladoras e contrárias à obra de Deus. Porém, não me parece que muitos projetos de construção de grandes templos estejam de acordo com aquilo que os cristãos deveriam estar praticando, isto é, o “Ide” da grande comissão ordenada por Jesus.

Então, Jesus aproximou-se deles e disse: “Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. (Mateus 28.28-20; NVI)

E disse-lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”. (Marcos 16.15-18; NVI)

Ele lhes respondeu: “Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”. (Atos dos Apóstolos 1.7-8; NVI)

Infelizmente, encontra-se hoje igrejas que quase não investem em missões. Algumas enviam seus missionários para outras cidades e países mas, no meio de trabalho, suspendem a ajuda financeira. Outras igrejas gastam tempo e recursos apenas para administrarem a estrutura que criaram, tornando-se lentas demais para desenvolverem projetos evangelísticos eficientes até mesmo nos locais onde estão edificadas de modo que suas atividades acabam se restringindo na prática aos “cultos” da semana e programas nos meios de comunicação, sufocando outras iniciativas.

Ora, até que ponto a institucionalização está sendo útil à obra de Deus? Será que o excesso de estrutura já não está atrapalhando a Igreja no Brasil?

No último exemplar que recebi da revista da missão Portas Abertas (vol. 28, n.º 9), há uma interessante matéria que fala acerca da China. A reportagem é uma convocação para que os cristãos se mobilizem em projetos de doação de Bíblias para os chineses. E, no texto “Mais Bíblias para a China?”, há uma discussão sobre quantos cristãos existem de fato naquele país:

“(...) A China é o país mais populoso do mundo, e, pela graça de Deus, o número de pessoas que se convertem a cada ano também é grande. Por causa do sistema de igrejas registradas (igrejas aprovadas pelo governo) e não registradas (igrejas ilegais), fica difícil saber exatamente qual é o real número de cristãos que existe no país. E este é um fator que faz com que existam duas versões sobre a distribuição de Bíblias na China. Dietrich Bauer, membro da Sociedade Bíblica da Alemanha, diz que o número oficial de cristãos na China é de 25 milhões. A pesquisa feita não inclui os membros de igrejas não registradas no governo. Se incluísse, este número chegaria a 100 milhões. Bauer declara que a falta de Bíblias não é fruto do comunismo, mas da escolha dos cristãos em não querer fazer parte do sistema de igrejas registradas pelo governo, já que só quem é registrado pode receber uma cópia das Escrituras. A Sociedade Bíblica do Reino Unido já em outra visão. Segundo sua pesquisa, o número de cristãos chega a 27 milhões, mas afirma que pode ser que haja mais de 90 milhões se os que fazem parte de igrejas não registradas fossem contados (…)”

Achei curioso que a maior parte dos cristãos chineses se congregam em igrejas clandestinas, mesmo tendo a possibilidade de serem institucionalmente reconhecidos. Mas será que não está sendo melhor assim?

Aqui no Brasil, onde o número de evangélicos não supera a quantidade de cristãos chineses, o que não faltam são nomenclaturas de igrejas. Se bobear, diariamente um ou mais templos são inaugurados e já não se tem a conta de quantas denominações existem ao todo. Mas onde é que estão as pessoas? O que elas andam fazendo para a obra de Deus? Ou em que ministério estão realmente atuando? Quais são suas reais expectativas? O que as motivam no dia a dia?

Penso que nós, os cristãos brasileiros, deveríamos nos importar menos com o trabalho institucional e focarmos mais no amor ao próximo. Ao invés de termos como maior objetivo o aumento do número de membros da nossa denominação ou do templo onde nos congregamos, por que não passamos a cultivar a nossa comunhão com mais simplicidade, sem manipulações ou jogos de poder? E pra que tanto apego ao dinheiro e coisas materiais? Será que a Igreja de Atos dos Apóstolos viveu uma utopia?

Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham. Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles. Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um. (Atos 4.32-35; NVI)

Depois do Brasil ter enfrentado o regime militar, vive-se hoje na ditadura do individualismo. Nosso povo perdeu o senso de comunidade e isto, lamentavelmente, reflete dentro das nossas igrejas. Logo, é preciso que resgatemos a vida comunitária, o que pode ser melhor experimentado dentro das congregações menores espalhadas pelos bairros e nas células, desde que fiquem livres das pressões centralizadoras das denominações.

Como seremos cristãos na comunidade? Parece-me que este seja o grande desafio dos tempos atuais em que a Igreja (o povo de Deus) é chamado para sair da máscara dos grandes templos para levar o Evangelho a quem está no lado de fora. Ou seja, ao invés de chamarmos insistentemente as pessoas para virem nas reuniões de nossas igrejas, nós é que precisamos trazer a Igreja até elas, mostrando que nos importamos de verdade com o próximo, não nos esquecendo que há outros meios de evangelizar sem o uso da palavra.

Que Deus traga direções à sua Igreja no Brasil e que sejamos capazes de obedecê-las!


OBS: A ilustração acima sobre a Torre de Babel é uma obra do pintor Pieter Bruegel.