Nos últimos dias, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) tomou uma decisão relevante sobre a situação do eleitorado de Mangaratiba. O Corregedor Regional determinou a retomada do processo que analisa possíveis distorções no cadastro de eleitores do município e autorizou novas diligências técnicas.
A decisão não decreta ainda a revisão do eleitorado, mas reconhece que existem indícios suficientes para que o tema seja analisado com profundidade. Caso essa revisão venha a ocorrer, os efeitos poderão ser sentidos diretamente nas eleições municipais de 2028.
Mas, afinal, o que isso significa na prática?
📌 O que é a revisão do eleitorado?
A revisão do eleitorado é um procedimento administrativo conduzido pela Justiça Eleitoral com o objetivo de:
- atualizar o cadastro de eleitores;
- verificar se os eleitores realmente possuem vínculo com o município;
- corrigir transferências irregulares;
- cancelar títulos inconsistentes;
- ampliar e conferir a biometria.
É importante destacar que a revisão não é punição, não acusa candidatos, partidos ou eleitores específicos e não depende de condenações judiciais. Seu objetivo é garantir eleições mais justas e representativas.
📌 Por que Mangaratiba está sendo analisada?
Mangaratiba apresenta uma situação que chama a atenção dos órgãos eleitorais:
- o município possui mais eleitores do que habitantes, segundo dados oficiais;
- houve crescimento acelerado do eleitorado em curto período;
- surgiram registros de endereços com dezenas de eleitores cadastrados e consumo zero de energia elétrica, conforme dados técnicos.
Esses fatores não significam, automaticamente, que houve fraude, mas são indícios de distorção do cadastro, o que justifica uma análise aprofundada da Justiça Eleitoral.
⚖️ O que decidiu o Corregedor do TRE?
Na decisão recente, o Corregedor Regional:
- determinou a retomada do processo iniciado anos atrás;
- reconheceu a existência de indícios técnicos relevantes;
- solicitou novos levantamentos e cruzamentos de dados;
- deixou claro que a eventual revisão não depende do resultado de ações judiciais eleitorais (AIJE) nem de inquéritos policiais.
Em outras palavras, mesmo que não haja condenações, a revisão pode ocorrer se os dados apontarem inconsistências estruturais.
📆 Por que 2027 é um ano-chave?
A legislação eleitoral proíbe revisão do eleitorado em ano de eleição. Por isso:
- 2026 → ano eleitoral (eleições gerais);
- 2027 → único ano possível para realizar a revisão;
- 2028 → eleições municipais.
Se a revisão for autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ela deverá ocorrer em 2027, produzindo efeitos diretos no pleito municipal seguinte.
🧮 Como a revisão pode mudar a eleição de vereadores em 2028?
As eleições para vereador seguem o sistema proporcional, no qual os partidos precisam atingir um número mínimo de votos — o chamado quociente eleitoral — para conquistar vagas na Câmara.
🔢 Simulação realista para Mangaratiba (13 vagas)
Considerando cenários possíveis após uma revisão do eleitorado, o quociente eleitoral em 2028 pode girar em torno de:
- Cenário conservador: cerca de 2.400 votos
- Cenário provável: cerca de 2.250 votos
- Cenário mais intenso: cerca de 2.100 votos
Na prática, isso significa:
- partidos com 1.700 a 1.900 votos já entram na disputa por vaga por média;
- com 2.100 a 2.400 votos, a eleição de 1 vereador se torna bastante provável;
- com algo entre 4.200 e 4.800 votos, um partido pode eleger 2 vereadores.
🏘️ Quem ganha com a revisão do eleitorado?
Ganha principalmente:
- o eleitor que realmente mora em Mangaratiba;
- os candidatos com base comunitária e atuação local;
- partidos organizados, com nominatas equilibradas;
- a representatividade política do município.
A revisão corrige distorções e faz com que o voto do morador local volte a ter o peso justo.
⚠️ Quem tende a perder espaço?
- estruturas artificiais de campanha;
- legendas criadas apenas para inflar votação;
- candidaturas sem vínculo real com a cidade;
- estratégias baseadas em distorções do cadastro eleitoral.
A revisão não favorece nomes específicos, mas fortalece quem disputa dentro das regras.
🧠 Conclusão
A decisão do Corregedor do TRE é técnica, administrativa e preventiva. Ela não antecipa culpados, mas reconhece que Mangaratiba precisa de uma análise séria e responsável de seu eleitorado.
Se a revisão ocorrer em 2027, a eleição municipal de 2028 tende a ser:
- mais justa,
- mais equilibrada,
- mais representativa,
- mais aberta a candidatos verdadeiramente ligados à cidade.
Em resumo, rolando a revisão em 2027, teremos menos distorções, mais democracia.
Mangaratiba tem agora a oportunidade de chegar a 2028 com um cadastro eleitoral que reflita, de fato, quem vive e participa da vida do município.


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