A pesquisa Datafolha divulgada nesta primeira semanas de dezembro de 2025 mostra que a avaliação do governo Lula está estagnada — com 32% dos entrevistados considerando a gestão “ótima ou boa”, e 37% a classificando como “ruim ou péssima” enquanto outros 30% veem o governo como “regular”.
No recorte da avaliação pessoal do presidente, há um leve empate técnico: 49% aprovam o trabalho de Lula, enquanto 48% o desaprovam.
Esses números pintam um retrato claro: o governo vive uma fase de base razoável — mas insuficiente para impor sua agenda com força plena, especialmente se houver polarização, crise econômica ou disputa eleitoral acirrada. Com aprovação abaixo de 1/3 da população e reprovação superior, o “núcleo duro” de apoio parece já esgotado.
Por que esse cenário torna essencial buscar alianças no centro
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Ampliar a base de apoio na sociedade: Uma aprovação de 32% revela que o apoio se limita a um segmento da população. Para consolidar governabilidade — e para que as reformas que o governo pretende implementar tenham respaldo —, será preciso atrair eleitores decepcionados com o radicalismo de direita ou com as oposições tradicionais. O centro — composto de eleitores pragmáticos, moderados ou insatisfeitos com extremismos — é, portanto, alvo estratégico.
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Diluir a polarização e reduzir riscos eleitorais: Numa disputa polarizada, com candidatos extremados, a margem de 5 pontos (diferença entre aprovação e reprovação) é muito frágil. Para Lula garantir chances sólidas em 2026, precisa buscar composições de governo ou alianças políticas que atraiam quem está “em cima do muro” ou descontente com o radicalismo. Um centro forte pode ser o diferencial.
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Estabilidade institucional e governabilidade: Com apoio restrito a nichos, qualquer crise — econômica, social ou de segurança — pode rapidamente ampliar a rejeição. Alianças mais amplas, com partidos e lideranças de centro, podem dar ao governo maior margem para negociar, governar e aprovar medidas.
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Construção de narrativa de união e pragmatismo: Num momento em que boa parte da população está dividida, um governo que se apresenta como moderado, disposto a dialogar e aberto a consensos ganha respeito — e neutraliza ataques de opositores radicais. A moderação e o pragmatismo podem ser mais atrativos do que a pureza ideológica.
Conclusão
A nova pesquisa do Datafolha evidencia um fato inegável: o governo Lula hoje não conta com ampla aprovação — e navegar com 32% de aval e 37% de rejeição é um caminho instável. Para manter relevância política, garantir governabilidade e pavimentar uma eventual disputa em 2026 com chances de vitória, é imprescindível que Lula busque alianças sólidas no campo do centro político e social.
Somente assim ele poderá ampliar sua base de apoio, neutralizar polarizações extremas e reconstruir uma narrativa de governabilidade realista e abrangente.
📷: Ricardo Stuckert/Presidência da República


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