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sexta-feira, 11 de março de 2022

Quadros censurados... Que retrocesso é esse que estamos vivendo no Brasil?!

 


Na tarde desta sexta-feira, deparei-me com uma notícia na internet que considerei um verdadeiro absurdo. Um amigo meu havia compartilhado a seguinte postagem, feita originalmente na data de 09/03/2022, no sítio de relacionamentos Facebook, com o seguinte teor:


"Quadros da artista Elis Pinto censurados ontem na exposição promovida pela prefeitura de Nova Friburgo em homenagem ao dia das mulheres. Inaceitável!" - https://www.facebook.com/liaccaldas/posts/5380674121942610  


Morei na formosa cidade de Nova Friburgo de 1999 até 2011, saindo de lá justamente no ano em que houve aquela tragédia climática com centenas de mortos e desaparecidos, pior do que a enchente deste ano em Petrópolis. Depois, fiquei uns meses no Rio e então fixei minha residência em Mangaratiba, mais precisamente em Muriqui, uma localidade praiana. Durante esse tempo, vários prefeitos se sucederam pela belíssima localidade serrana e, à distância, apenas fui acompanhando a política de lá, às vezes interagindo com alguns amigos atuantes em relação às eleições municipais, e, geralmente, trocando ideias com alguns deles que pretendiam vir como candidatos ou apoiar alguém. 


Pois bem. No mandato passado, fiquei sabendo que o prefeito que estava no cargo ia mal nos seus trabalhos, com poucas chances de reeleição. E, no pleito de 2020, a disputa pela cadeira número um da cidade pulverizou com mais de 15 chapas tal como foi também por aqui num dos municípios da Costa Verde, mais precisamente em Itaguaí. 


Esperava que, dessa vez, ganharia alguém de esquerda em Nova Friburgo, porém quem venceu um jovem conservador do partido do Crivella, o qual mal me recordo de haver conhecido quando ainda morava lá (devemos ter uma diferença de uns 10 anos de idade). Ao assumir o cargo, desejei que ele tivesse sucesso e me admirei positivamente quando soube pela internet que o mesmo estava dando um choque de gestão, limpando ruas e atendendo com celeridade às reivindicações dos moradores logo nos primeiros dias em seu cargo. 


No entanto, agora me deparo com essa triste notícia de haver a Prefeitura de Nova Friburgo censurado uma exposição artística e, sinceramente, fiquei perplexo. Pois mesmo sem conhecer suficientemente o atual prefeito de lá, considerei um absurdo o mesmo ter esse tipo de posicionamento moralista. Isto porque é algo que não cabe mais nos dias de hoje e acho que, nem na minha época de criança, já no fim do regime militar, a censura da época da abertura democrática não proibia mais a manifestação artística como tinha sido nos tenebrosos tempos do AI-5. 


Lamento que gestores da atualidade, eleitos pela população que um dia depositou neles sua confiança, estejam perdendo tempo em reprimir a cultura quando, na verdade, deveriam estar mais focados nos cuidados com a saúde, a educação, o meio ambiente, o trânsito, os transportes, o desenvolvimento econômico local, a assistência aos mais pobres e o urbanismo. 


Assim sendo, sem querer tomar parte na política de uma cidade onde não tenho mais o vínculo de residência, desejo que o seu jovem alcaide não se afaste do bom senso e repense sua conduta. Do contrário, como tem acontecido com a maioria dos políticos de hoje, corre-se o risco de vir a ser esquecido pelo desempenho de um mandato sem realizações que de fato interessam à coletividade. 


Ótimo final de semana a todos!


OBS: Foto e citação de Lia Caldas em https://www.facebook.com/liaccaldas/posts/5380674121942610

segunda-feira, 7 de março de 2022

A primeira Santa Ceia evangélica das Américas foi celebrada no Brasil por franceses!




Acredito que a maioria dos cariocas nunca deve ter reparado uma escultura que há na bela Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro representando a primeira celebração eucarística protestante nas Américas, a qual foi oficiada pelos pastores Rev. Pierre Richier e Rev. Guillaume Chartie. 


Pois bem. Há exatos 465 anos, em março de 1557, chegava à Baía de Guanabara um grupo de huguenotes, ironicamente sob a liderança do católico Nicolas Durand de Villegagnon, dentre os quais havia os dois ministros eclesiásticos citados no parágrafo anterior. 


Pierre Richier foi um pastor francês do século XVI, de cerca de 50 anos de idade, e participou da equipe missionária enviada ao Brasil por recomendação de João Calvino, por ocasião do empreendimento conhecido como "França Antártica". E, em 21 de março de 1557, oficiou (junto ao jovem pastor Guillaume Chartier) a primeira Santa Ceia do Senhor sob o rito calvinista nas Américas. 


No entanto, com a perseguição religiosa empreendida pelo próprio Villegaignon, Richier acabou por retornar à Europa no início de 1558, assim como Chartier. E, quase dez anos após à passagem dos huguenotes pela Baía de Guanabara, Estácio de Sá expulsou os franceses da região.


Somente na primeira metade do século seguinte, por volta de 1630, durante a ocupação holandesa no Nordeste, é que seriam construídas as primeiras igrejas protestantes no Brasil. Acredita-se que teriam sido mais de vinte templos reformados em que o maior situava-se no Recife, contando, inclusive, com uma congregação inglesa e uma francesa.


OBS: Imagem acima extraída da Wikipédia.

domingo, 6 de março de 2022

Pena de morte nunca mais!



Há exatos 167 anos, o rico fazendeiro da região norte fluminense, Manuel da Mota Coqueiro, apelidado de "A Fera de Macabu" (Campos dos Goytacazes, 1799 - Macaé, 6 de março de 1855), tornava-se um dos últimos condenados à morte que teve a pena legalmente executada no Brasil imperial. O motivo da sua condenação seria por ter ele, supostamente, mandado matar toda uma família de colonos residentes em suas terras. 


Esse caso é um dos crimes mais famosos do Brasil, pois muitos consideram que foi executado um inocente. Até o final, Mota Coqueiro negou a autoria do delito. E, embora se possa duvidar de sua inocência, existem argumentos de que ele não recebeu um julgamento justo, nem foram feitas investigações detalhadas e imparciais sobre os eventos.


Mota Coqueiro penou por alguns anos em cárceres do Rio de Janeiro enquanto esperava o resultado das suas apelações e recebeu apenas a visita de seu enteado. Após ter sido negada a graça imperial (pela Constituição de 1824, o Imperador tinha o poder de comutar as sentenças de morte em penas perpétuas, galés ou prisão), ele foi levado para uma prisão de melhores condições onde recebeu boa alimentação e medicação para recuperar a saúde. Depois disso, foi conduzido para Macaé onde o enforcaram três anos após o massacre, a 6 de março de 1855. Os seus supostos cúmplices foram enforcados no dia 23 de junho do mesmo ano, sendo que o local do enforcamento é atualmente a pista de atletismo do Colégio Estadual Luiz Reid em Macaé.


Devido aos fatos tumultuados do julgamento, é impossível afirmar a culpa ou inocência de Mota Coqueiro. Muito menos se tem informação confiável sobre qualquer outra pessoa que tenha sido o verdadeiro mandante ou executor do crime. Estas versões, ao mesmo tempo que ressaltam a inocência "provada" de Mota Coqueiro, praticamente esquecem que dois agregados livres e um escravo também foram enforcados por terem sido os executores do massacre.


Embora muitos argumentem que a execução de Mota Coqueiro teria sido a última no Brasil Imperial, em decorrência de o imperador D. Pedro II ter ficado abalado por mandar executar "um inocente" e que, desde então, não teria mais permitido a aplicação da pena de morte no país, eis que tal versão há tempos passou a ser questionada. Depois de sua execução, supõe-se que sofreram a pena de morte pelo menos dezesseis homens livres: entre 1855 e 1865, oito réus foram efetivamente executados; sobre cinco faltam informações, e três tiveram a sua pena comutada posteriormente. E, entre 1855 e 1876, acredita-se que, no mínimo, 30 escravos teriam sido executados por enforcamento. E, durante a Guerra do Paraguai, o Imperador negou a graça imperial a pelo menos cinco militares, dentre trinta e cinco condenados à morte pela Justiça Militar.


Felizmente, na atualidade, a nossa Constituição de 1988 não permite mais que haja pena de morte, nem prisão perpétua, banimentos e nem atos de crueldade contra prisioneiros.

terça-feira, 1 de março de 2022

O mundo não precisa de mais guerras! Parem com o conflito na Ucrânia!



"Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas" (Mateus 5:39-41)


Há oito décadas atrás, mais precisamente em 29 de fevereiro de 1940, a Finlândia iniciava as negociações de paz da Guerra de Inverno com a então URSS. 


Tal conflito, também conhecido como a "Guerra Soviético-Finlandesa" ou "Guerra Russo-Finlandesa", começou quando a União Soviética atacou a Finlândia, bombardeando a capital Helsinque, em 30 de novembro de 1939, três meses após o início da Segunda Guerra Mundial, o que se arrastou até 12 de março de 1940. Foi quando um tratado de paz veio a ser assinado, com a Finlândia cedendo 10% do território e 20% da sua capacidade industrial à URSS.


Hoje, 82 anos após à Guerra de Inverno, a Rússia de Vladimir Putin invade a vizinha Ucrânia, violando tratados, direitos humanos e causando preocupações ao mundo sobre quais serão os desdobramentos desse lamentável episódio. E, se não fosse pela superioridade do poderio militar russo, o ataque à Kiev poderia se tornar um segundo Cerco de Sarajevo, considerado o mais longo da história da guerra moderna, ocorrido durante a Guerra da Bósnia e que só terminou há exatos 26 anos, em 29/02/1996.


É inegável que esse novo conflito tem o alto potencial de trazer consequências para os países de todos os continentes. Supõe-se que, além da inflação, poderemos ver o fechamento das economias ao comércio internacional. Sem fertilizantes para a agricultura brasileira, por exemplo, os preços dos alimentos deverão subir e prejudicar principalmente os mais pobres.


Além disso, podemos dizer que Putin abriu a Caixa de Pandora! Pois, levando em conta que a entrega do arsenal atômico da Ucrânia à Rússia nos anos 90 hoje lhe custa sua soberania, preocupa-me a possibilidade de que outros países possam querer fabricar ou estocar as suas bombas nucleares daqui em diante. Por exemplo, imaginem o Irã, o Iraque, o Afeganistão, a Venezuela, a Somália e o Sudão produzindo/adquirindo mísseis com essas ogivas tão letais a ponto de um poder destruir uma cidade do outro num piscar de olhos?!


Ainda recordando a História, eis que há 31 anos, mais precisamente em 28 de fevereiro de 1991, terminava a Primeira Guerra do Golfo, em que, graças às forças da Coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos de George Bush (o pai) e patrocinada pela Organização das Nações Unidas, a soberania do Kuwait foi restaurada, após o país haver sido ocupado e anexado ao Iraque pelas tropas do então ditador Saddam Hussein. Tendo ainda meus 15 anos, lembro quando bem quando o Jornal nacional noticiou que havia sido celebrado um cessar-fogo, encerrando as hostilidades.


Todavia, hoje não seria recomendável a OTAN e nenhum outro país enviar tropas militares para defender a Ucrânia do ataque russo porque, com a intervenção, poderia ser iniciada uma Terceira Guerra e vitimar centenas de milhares ou até milhões de pessoas na Europa, conforme a duração e a intensidade do conflito, mesmo sem o uso de armas nucleares. Logo, o mais sensato seria o país invadido negociar as condições de paz, o que, na prática, seria uma rendição. Ainda que para isso se abra mão das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, bem como o compromisso do país em não aderir à Aliança Atlântica e aceitar o controle russo de Chernobyl, além das demais usinas nucleares lá instaladas.


Sem querer fazer discurso religioso, entendo que dar a outra face ao agressor é a melhor saída para a Ucrânia ter paz e buscar na Satyagraha (resistência pacífica) uma maneira sábia de defender a sua independência tal como fez Gandhi na Índia, ao protestar contra o monopólio do sal e os impostos abusivos cobrados pelos ingleses.


OBS: Foto registrando a presença de soldados finlandeses no norte do país em 12 de Janeiro de 1940.