A cena ocorrida nesta terça-feira (09/12), no Plenário da Câmara dos Deputados, quando o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força pela Polícia Legislativa, após ocupar a Mesa Diretora em protesto, tornou-se rapidamente o fato político do dia e gerou forte mobilização nas redes sociais — e também muitas perguntas.
O protesto de Glauber, que questionava a pauta e as decisões da presidência da Casa, acabou ganhando contornos mais amplos ao inserir-se em um ambiente já carregado por disputas sobre liberdade de expressão parlamentar, cassações, anistias e o alcance das regras de decoro.
O episódio ocorre em meio ao processo de cassação que o parlamentar enfrenta, sob acusação de quebra de decoro. Conforme vem sendo denunciado por aliados do deputado, trata-se de uma tentativa de silenciar um dos membros mais vocais da oposição de modo que a sua cassação simboliza um movimento de cerceamento político contra vozes críticas do governo ou da própria direção da Casa.
Entretanto, há um dado que amplia a dimensão do debate: há também parlamentares da direita investigados, como Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli, que enfrentam questionamentos judiciais e pedidos de cassação. Esses casos, no entanto, caminham em ritmos diferentes — e a própria existência de um projeto de anistia ampla que vem sendo discutido nos bastidores do Congresso alimenta a crítica de setores da oposição de que o cerco tem endereço certo e alvo preferencial.
Da ocupação golpista à repressão imediata: o que mudou?
Parte central da crítica feita pelo PSOL e por movimentos progressistas é o contraste nas reações institucionais. Quando parlamentares do PL e de outras legendas da extrema-direita ocuparam a Mesa Diretora meses atrás — um ato que paralisou votações por quase dois dias — não houve atuação policial imediata. Imagens circularam mostrando diálogo, não expulsão.
Hoje, no entanto, o cenário foi outro: corte de transmissão, retirada da imprensa do plenário e intervenção policial direta contra um único deputado, sem registro de negociação.
Acerca desses fatos, o PSOL fez a seguinte publicação em sua página no Facebook, utilizando a imagem acima que viralizou nas redes sociais:
“Acima, o tratamento à extrema-direita.Abaixo, o tratamento dado a um deputado de esquerda, combativo e que sempre está ao lado do povo.”
A acusação de “dois pesos e duas medidas” não é apenas retórica: ela se sustenta em percepções de seletividade institucional que vem ganhando corpo em discursos de oposição e em análises de pesquisadores da democracia e do sistema político brasileiro.
Mais que um incidente – um precedente
Independentemente da avaliação que cada cidadão tenha sobre os motivos do protesto de Glauber, o precedente aberto é grave: a utilização da força policial em plenário, somada ao corte de transmissão e limitação do acesso da imprensa, fragiliza o princípio elementar da transparência pública.
Se o Parlamento — que deveria ser o espaço máximo do debate democrático — passa a selecionar quais manifestações são toleráveis e quais devem ser fisicamente contidas, o impacto transcende qualquer biografia política: ele se projeta sobre o futuro.
Hoje, a intolerância ao protesto atingiu um deputado de esquerda. Amanhã, pode ser um de centro. Depois, qualquer um que se oponha ao presidente da Câmara.
Desse modo, quando os mecanismos de controle institucional são relativizados, o risco não é partidário — é democrático.
E você — o que pensa disso?
Para promover um bom debate, deixo algumas perguntas para reflexão e participação do leitor:
🔹 Você considera que houve “dois pesos e duas medidas” entre a ocupação de hoje e a realizada por parlamentares do PL meses atrás? Sim ou Não?
🔹 Quando há protesto político dentro do plenário, qual deve ser a resposta da Casa?
- Negociação e diálogo;
- Processos disciplinares posteriores;
- Retirada imediata pela polícia;
- Depende de quem está protestando? 🤔
🔹 Cortar transmissão e retirar a imprensa constitui:
- Medida de segurança;
- Censura;
- Precedente perigoso;
- Tudo ao mesmo tempo?
Use o espaço dos comentários: diga aí qual é, na sua opinião, o limite entre ordem institucional e silenciamento político?
Acredito que a democracia se fortalece quando a sociedade observa, questiona e participa. Afinal, o que aconteceu hoje deve se tornar uma regra, uma exceção ou um alerta? 🗳✍️


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