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sábado, 18 de junho de 2022

As terríveis jornadas de junho de 2013




Há exatos 9 anos, protestos gerais em várias cidades brasileiras reuniram mais de 1 milhão de manifestantes, através de uma série de mobilizações de massa ocorridas simultaneamente. O movimento de rua chegou a contar com até 89% de apoio da população e alcançou como resultados o cancelamento do aumento da tarifa de transporte público, a aprovação de lei que garantia royalties do petróleo para a saúde e educação, além da reprovação de diversos projetos de lei impopulares. 


Em 17 de junho de 2013, integrantes do governo federal fizeram declarações públicas sobre o movimento. Segundo a ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Helena Chagas, Dilma Rousseff teria afirmado considerar as manifestações "legítimas e próprias da democracia", sendo "próprio dos jovens se manifestarem". 


Naquela mesma data, no Rio de Janeiro, foi realizado um ato com centenas de milhares de pessoas. Houve confronto em frente à Assembleia Legislativa, onde cerca de 80 policiais correram e se refugiaram após cerco e ataque dos manifestantes, que tentaram invadir a Assembleia remeçando pedras, coquetéis Molotov e rojões contra a policia, que respondia com balas letais e de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta. 


Hoje, relembrando aqueles fatos, confesso que não apoiaria tal movimento que, no fim das contas, acabou se tornando algo prejudicial à confiança institucional e abrindo portas para um momento de incertezas políticas nos anos seguintes, alimentados pelo lavajatismo e que conduziu ao bolsonarismo. Felizmente, creio que agora caminhamos para um amadurecimento democrático e um resgate institucional do Estado brasileiro com a provável volta do Lula juntamente com partidos tradicionais.

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Lincoln e o célebre discurso da casa dividida




Há exatos 164 anos, mais precisamente em 16 de junho de 1858, antes de se tornar o 16° Presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln (1809 — 1865) proferia o seu mais famoso discurso, quando aceitou a indicação do Partido Republicano de Illinois para concorrer ao Senado. Baseando-se no Evangelho de de Mateus, capitulo 12, verso 25, onde Jesus teria dito que "todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá", o então candidato falou sobre o perigo da desunião provocada pela escravidão em seu país. Certamente que o político estava se referindo à divisão da nação norte-americana em estados libertários e escravocratas, motivo de muitos conflitos:


"Eu acredito que este governo não pode suportar, permanentemente, ser metade escravo e metade livre. Eu não espero a divisão da União - Eu não espero ver a casa cair - mas espero que ela deixe de ser dividida. Ela terá que se tornar toda uma coisa ou outra.

Ou os adversários da escravidão irão deter a propagação da mesma, e a opinião pública deve repousar na crença de que deva ser extinta definitivamente, ou seus defensores irão estendê-la adiante, até que ela se torne legal em todos os Estados, velhos ou novos - Norte como no Sul."


Com sabedoria, Lincoln ainda advertiu: "Se desde o primeiro momento conseguimos determinar onde nos encontramos e aonde nos dirigimos, poderemos julgar muito melhor o que temos de fazer e como fazê-lo". Sua preleção atacou frontalmente duas decisões que foram habilmente adiadas para depois das eleições presidenciais que conduziram James Buchanan ao posto máximo do país: o Ato de Kansas-Nebraska e a Decisão Dred Scott. No primeiro caso, o Congresso limitara o poder de decisão sobre a escravatura nos Territórios Federais. Já no segundo, a Suprema Corte decidira, dentre outras coisas, que um escravo jamais obteria a cidadania, e que o Congresso não poderia decidir sobre o fim da escravidão em nenhum Estado ou Território. 


De acordo com Lincoln, a construção legal criada por ambos diplomas criou uma situação em que, dentro de pouco tempo, todos os Estados Unidos seriam escravocratas: "Vamos então dormir sobre a mentira e agradavelmente sonhar que o povo do Missouri está prestes a tornar o seu Estado libertário, e vamos em vez disso acordar para a realidade, onde a Suprema Corte fez de Illinois um estado escravocrata" - disse. 


Apesar de ter perdido aquela eleição para o Senado, Lincoln foi eleito presidente em novembro de 1860 e liderou o país de forma bem-sucedida durante sua maior crise interna, a Guerra Civil Americana, preservando a integridade territorial dos Estados Unidos, abolindo a escravidão e fortalecendo o governo nacional até ser assassinato em 15 de abril de 1865, já reeleito.