Tão logo o governo federal anunciou mudanças na saúde como, a contratação de médicos estrangeiros e o oferecimento de um salário de dez mil reais, começaram a surgir diversos protestos corporativistas no país dessa importantíssima categoria profissional.
A meu ver, é preciso que haja ponderação diante do que os médicos têm reivindicado e da maneira como ocorrerá a ampliação da oferta de profissionais no SUS. Deve-se considerar, a princípio de conversa, que o nosso Brasil tem um número de médicos relativamente baixo, na proporção de 1,8 para cada mil habitantes, o que é pouco se comparado com países desenvolvidos como a Inglaterra onde o índice é de 2,7. As faculdades de Medicina hoje existentes não conseguem dar conta da demanda! Para as 147 mil novas vagas no mercado de trabalho, surgidas nos últimos dez anos, apenas 93 mil profissionais foram formados neste período.
Além do mais, a distribuição de médicos pelo território nacional chega a ser bem desigual. Existem 1.900 municípios com menos de um médico por 3 mil habitantes. Sem esquecermos que, até nos próprios grandes centros urbanos, temos unidades com carência de profissionais nos bairros de periferia. Nem todos os formados estão dispostos a começar suas carreiras nos hospitais interior, o que é lamentável porque muitas regiões distantes e de expansão populacional acabam oferecendo serviços de saúde bem precários. Inconcebível para o nosso desenvolvimento sócio-econômico!
Por outro lado, os médicos não deixam de estar com a razão quando reclamam das condições de trabalho. Concordo que faltam mais leitos, equipamentos, meios de se fazer um bom diagnóstico e espaço adequado. Não basta o governo pagar um salário de dez contos mensais se falhar com os outros investimentos e com a gestão dos recursos achando que os doutores farão milagre. Só que um erro jamais justifica o outro!
Assim, penso que a sociedade deve observar tudo com o máximo ponderação. Não se resolverá o problema da saúde de uma maneira atabalhoada, mas também precisamos sempre desconfiar do excesso de corporativismo que muitas das vezes é capaz de se contrapor aos interesses do país e do próprio cidadão. Uma das soluções a serem buscadas, no meu ponto de vista, seria o governo investir em novos cursos de Medicina de qualidade nas instituições públicas de ensino, abrindo mais vagas nas universidades. Principalmente para que, ainda no final desta década, possamos contar com uma presença maior de profissionais brasileiros no mercado de mão-de-obra especializada dentro da área médica.
OBS: Imagem extraída do
site da
Agência Brasil em
http://www.ebc.com.br/noticias/saude/2013/07/dilma-sanciona-ato-medico-com-vetos
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