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terça-feira, 19 de novembro de 2024

Ordem, Progresso e AMOR!



O lema positivista "Ordem e Progresso", constante na republicana bandeira do Brasil (e hoje é o dia dela), foi uma frase inspirada no filósofo francês Auguste Comte (1798 - 1857), o qual dizia: "Amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim". No entanto, o seu criador, o matemático e pensador Raimundo Teixeira Mendes (1855 - 1927), preferiu deixar o amor de fora...


Sabemos que o vocábulo Ordem representa a manutenção e a conservação daquilo que é bom, belo e positivo, enquanto o Progresso significa a consequência do aperfeiçoamento e o desenvolvimento da ordem. Contudo, a palavra Amor possui um enorme peso a ponto de muitos evitarem até repeti-la pois creio que gera um certo constrangimento de consciência. 


Fico a pensar se, na bandeira brasileira, o Amor, ou quiçá o termo correspondente em africano Ubuntu, pudesse ser acrescentado preferencialmente com letras vermelhas, a fim de ajudar a tornar o nosso país mais solidário, humano, fraterno, justo e com menos desigualdades.


Por certo, as referências imediatas que fazemos ao termo amor pouco tem a ver com o seu significado. Reduzimos a um sentimento que há entre duas pessoas que possuem uma ligação erótica e/ou afetiva, muito embora tais relacionamentos possam perfeitamente se inserir no contexto amoroso mais fácil do que qualquer outra situação, assim como nas hipóteses em que haja parentesco ou amizade entre dois seres.


Contudo, lembrando do que questionou Jesus de Nazaré no Sermão da Montanha, se amarmos aos que nos amam, que recompensa teremos? Pois, afinal, "também os pecadores amam aos que os amam", ensinava o Mestre.


Ora, buscando numa definição do amor, é justamente uns dos textos mais estimados do apóstolo Paulo que tanto me ajuda a compreender aquilo que é tão difícil de vivenciar. Trata-se do que consta no capítulo 13 da sua primeira carta aos cristãos da cidade de Corinto, situada na Grécia, cujo trecho dos primeiros sete versos transcrevo adiante, com destaque para os versos 4 a 7:


"1 Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.

2 Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.

3 Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.

4 O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

5 Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

6 O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."


Do que vale a independência e/ou a democracia de um país sem que haja Amor?! Como posso me contentar com o direito de ir às urnas votar se falta ao meu próximo saúde, comida, roupa, moradia, oportunidade de trabalho e dignidade?!


Entretanto, o grandioso apóstolo dos gentios ensinou aos povos na citada epístola que a caridade aos pobres também pode ser algo carente de Amor, bem como o ato de alguém entregar a sua própria vida numa morte torturante. Ou seja, precisamos ser muito mais do que uma nação assistencialista!


A palavra Ubuntu, originária do idioma zulu, pode ser traduzida como “Eu sou porque nós somos”. Trata-se, pois, da valorização da solidariedade, da confiança, do respeito e da generosidade, dentro do contexto de uma filosofia que defende serem todos os seres humanos parte de um tecido que forma a humanidade, sendo a compreensão dessa visão indispensável para sermos uma nação mais do que virtuosa.


Tal como se encontra há exatos 135 anos, a nossa bandeira aponta para uma constante evolução e creio que termos o amor como o alvo a ser alcançado torna ainda mais nítido esse objetivo certeiro. Daí, mesmo sem ter poder para efetuar qualquer acréscimo nesse símbolo pátrio, cujo lema fora estabelecido pelo artigo 1º do Decreto n.º 4, de 19 de novembro de 1889, sendo reconhecido pela vigente Lei Federal n.º 5.700/1971, faço apenas menção do que falta e sem perder a consciência do que também eu próprio preciso ter numa medida maior. 


Ótimo final de terça-feira a tod@s e que possamos cultivar mais Amor em nosso país, jamais permitindo que o ódio prevaleça!

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