Frequentemente, quando acesso a internet nessa época, encontro circulando uma foto relativamente antiga, de autoria desconhecida, que mostra o Centro do Rio de Janeiro no último dia de um ano, possivelmente no início da década de 70. Na imagem, vemos pessoas e automóveis (não mais fabricados) se locomovendo por uma agitada rua da Cidade Maravilhosa enquanto cai uma chuva de papel picado inundando a via.
Dizer que acho feia a chuva de papel picado seria faltar com a verdade. Afinal, ainda peguei o finalzinho desse tempo e recordo o quanto curtia, num dia de jogo da seleção, atirar pedacinhos de jornal pela janela do 14° andar onde o meu saudoso avô paterno morava na Avenida Rio Branco, em Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais, no prédio do antigo cinema Excelsior. Lembro bem o quanto a parte superior da marquise do prédio ficava suja no dia seguinte, dando trabalho extra pro zelador ter que subir lá para limpar, porém poucas pessoas tinham a consciência do mal que estavam causando para a coletividade. Isto porque aquela comemoração contribuía para o entupimento dos bueiros e das galerias de águas pluviais.
Felizmente o que era bonito antigamente foi se tornando feio dos anos 90 para cá. E, apesar de encontrar muita gente hoje em dia ainda descartando resíduos sólidos em locais errados, já não vejo mais as chuvas de papel picado. Porém, algo que muito me aborrece na atualidade são os artefatos pirotécnicos ruidosos.
Recentemente, graças a uma ação civil pública, a tradicional queima de fogos de Cabo Frio foi suspensa por ordem judicial. A prefeita de lá até tentou revogar a lei municipal que havia proibido o show pirotécnico com barulho, mas acabou não conseguindo convencer a Câmara de Vereadores que, acertadamente, optou por seguir a recomendação do Ministério Público em não aprovar a proposição.
Por mais que a queima de fogos seja apreciável para um grupo considerável de brasileiros, trata-se de algo que também precisa ser abolido e pertencer somente ao passado das nossas cidades. Pois, como se sabe, o barulho causado pelo estouro desses artefatos prejudica o bem estar dos animais, dos autistas, dos bebês recém nascidos, dos idosos, pacientes acamados e das pessoas que, como eu, preferem o sossego.
Neste sentido, entendo que também precisamos rever esse hábito tradicional de final do ano e de outros eventos comemorativos a exemplo da Alvorada de São Jorge, dos jogos de futebol, das festas juninas, e dos comícios eleitorais. Inclusive, não costumo votar em candidato que faz ou estimula esse tipo de coisa na sua campanha porque demonstra uma total falta de consciência do político.
Ainda sobre os malefícios da soltura de fogos, devemos pensar nos acidentes que frequentemente ocorrem numa época em que o atendimento de saúde se torna precário na maioria dos lugares. Sem nos esquecermos também do aspecto educativo em relação às crianças, as quais acabam se espelhando no que seus pais, familiares e demais adultos fazem...
Portanto, deixo aqui o meu apelo à sociedade e às autoridades para mudarmos essa realidade e pensarmos num Réveillon sem fogos barulhentos.
Ótimo final de ano a tod@s!
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