A cada ano as compras pela internet aumentam. Com a popularização da rede de computadores, mais e mais consumidores brasileiros têm experimentado a aventura de adquirir produtos à distância por preços bem acessíveis e sem precisar sair de casa. Só que, às vezes, o barato pode sair bem caro.
Geralmente é nesta época do ano, logo após o Natal, que as reclamações aumentam no PROCON. Basta terminar o recesso forense, no dia 06 de janeiro, para que as ações de defesa do consumidor pipoquem nos Juizados Especiais Cíveis, abarrotando o Judiciário de novos casos que nem sempre conseguem ser solucionados.
É muito arriscado comprar pela internet quando não se tem boas referências da empresa fornecedora. Adquirir produtos em sites como o "Mercado Livre" jamais será algo totalmente seguro porque não sabemos quem está do outro lado. E, salvo algumas exceções, entendo que o Mercado Livre não poderá ser responsabilizado pela má conduta de terceiros nas hipóteses de demora na entrega ou não recebimento da encomenda, produtos com defeito, etc.
Mesmo com as grandes lojas na internet, é preciso sempre ter atenção e cuidado nas negociações, pois os mesmos problemas mencionados anteriormente também podem ocorrer com toda e qualquer empresa, inclusive fraudes, falhas sistêmicas, eventuais extravios durante o processo de transporte e o mal atendimento no SAC. Logo, é recomendável salvar ou imprimir todos os comprovantes, anotar números de protocolos e armazenar os e-mails até o satisfatório recebimento da compra junto com a nota fiscal.
Quanto à possibilidade de troca, esta nem sempre será absoluta apesar da escolha ter sido feita à distância, exceto se estiver previsto na política de relacionamento da empresa.
Em que pese o artigo 49 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) prever o direito de desistência, se exercido formalmente dentro de sete dias a contar do recebimento do produto, entende-se que este dispositivo da lei só se aplica quando o cliente não tem condições de certificar-se quanto às especifidades do bem que está adquirindo. É o que leciona o jurista Nelson Nery Júnior, um dos autores do anteprojeto do CDC que fala sobre as contratações por telefone, situação análoga às compras pela internet:
“(...) O Código protege o consumidor contra toda e qualquer contratação realizada fora do estabelecimento comercial, concedendo-lhe o prazo de sete dias para arrepender-se do negócio, sem nenhum ônus. O caso concreto é que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeita ao direito de arrependimento ou não. Se for dos usos e costumes entre as partes a celebração de contratos por telefone, por exemplo, não incide o dispositivo e não há direito de arrependimento. O consumidor pode ter relações comerciais com empresa que fornece suporte para informática e adquirir, mensalmente, formulários contínuos para computador, fazendo-o por telefone. Conhece a marca, as especificações, e o fornecedor já sabe qual a exigência e preferência do consumidor. Negociam assim há seis meses continuados, sem reclamação por parte do consumidor. Nesse caso, é evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores, não há o direito de arrependimento. Havendo mudança da marca do formulário, ou das especificações sempre exigidas pelo consumidor, tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexão. O direito de arrependimento existe, independentemente de o produto haver sido encomendado por pedido expresso do consumidor. O Código lhe dá esse direito porque presume, juris et de jure, que possa não ter ficado satisfeito e ter sido apanhado de surpresa quanto à qualidade e outras peculiaridades do produto ou serviço.” (Código brasileiro de defesa do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 8ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, págs. 550 e 551)
Considero fundamental que as compras realizadas na internet passem a ter um regramento próprio previsto em lei federal afim de que haja o estabelecimento de um padrão uniformizador nas relações virtuais capaz de proporcionar mais segurança ao consumidor.
No momento da finalização da compra online, o site da loja deveria emitir um comprovante em condições de ser salvo no computador e/ou impresso junto com o envio de uma cópia automática para o e-mail do consumidor, informando este sobre o nome do produto, suas características, qual o prazo previsto para entrega e o código da transação, conforme muitas empresas sérias já praticam. Então, a partir daí, o consumidor seria obrigatoriamente notificado por correio eletrônico sobre todas as etapas seguintes até a efetiva entrega do bem no local de destino, sendo facultada a possibilidade de acompanhamento pela área restrita do site da loja, mediante o uso de seu login e senha pessoal cadastrados.
Além disso, considero necessário prever o prazo máximo para a entrega dentro do território nacional, bem como a obrigatoriedade das lojas disponibilizarem a opção de presentear terceiros e o direito de pagamento pelo boleto bancário sem nenhum acréscimo extra. Isto porque que nem todos podem ser obrigados a usar cartão de crédito ou trabalhar com débito em conta corrente. Do contrário, seria o mesmo que um estabelecimento comercial negar-se a receber pagamentos em moeda corrente.
Outra coisa que precisa ser regrado é o atendimento virtual via chat que, no caso das grandes empresas, precisa ser uma ferramenta de comunicação obrigatória, mesmo que terceirizada. Penso que todos os contatos devem ficar gravados, podendo ser acessados pelo consumidor com a finalidade de impressão e assegurando o direito de receber cópia via e-mail do diálogo digitado. E o tempo de espera para ser atendido no canal do chat não poderia jamais exceder a cinco minutos, devendo ser gerado um protocolo referente ao contato logo que ocorrer o acesso ao serviço.
Todavia, mesmo propondo a criação de novas leis, não espero que a simples normatização das relações de consumo, que são dinâmicas, irá servir de solução para os problemas atualmente enfrentados. Principalmente enquanto vigorar na sociedade brasileira o desejo de só tirar vantagem em todas as situações e a ética continuar ausente entre as pessoas.
É certo que qualquer lei conduz a um inevitável aprisionamento, mas se trata de uma garantia jurídica dentro de uma sociedade extremamente injusta como a nossa. Aliás, vale a pena lembrar que foi devido ao Código do Consumidor que houve uma considerável melhoria nos produtos nacionais oferecidos ao mercado brasileiro, o que afastou a ideia de que as coisas importadas são melhores.
Portanto, tendo em vista o aumento cada vez maior de compras feitas pela internet, mostra-se necessária a criação de novas normas protetivas que acompanhem as evoluções da tecnologia e da economia do país.
Faço algumas comprinhas pela internet, mas sempre com um certo receio de não ser atendida; uma pena porque em outros países pelo que dizem os blogueiros, é uma prática muito bem sucedida, há muito respeito pelo consumidor e assim vendem mais.
ResponderExcluirOlá! RODRIGO.
ResponderExcluirQue maravilha de artigo!! É muito bom para dar um toque na galerinha que ama dar a "cara a tapa" pelo mercado virtual.
Eu confesso que fiz a compra uma única vez pelo Mercado livre, comprei um gravador digital...Nossa que tensão!
Fiz tudo bonitinho, paguei o boleto...e depois fiquei naquele período de espera, esperando pela chegada do produto...mas me deu um medo de ter pago o produto e depois este não chegar em minhas mãos...rss
Mas enfim chegou, estava perfeito..e o tenho até hoje. Mas aprendi que comprar pela internet, é coisa apenas para pessoas pacientes e menos ansiosas...e muito corajosas!
Mas precisamos saber dos nossos direitos como você destacou, e também saber que o mercado virtual é uma coisa traiçoeira.
Beijos..a paz.
Olá, WILMA e PAULA,
ResponderExcluirObrigado pela visita de vocês!
Realmente é bom estarmos cientes dos nossos direitos principalmente para prevenirmos situações.
Realmente é uma pena que no Brasil as coisas nem sejam muito confiáveis.
Na maioria das vezes, minhas compras pela internet foram bem sucedidas. Mas houve ocasiões que não. Numa delas, adqueri um calçado que não deu nos meus pés por causa do tamanho da forma, mas acabei preferindo dar de presente para o meu irmão do meio do que arcar com os custos de um novo envio postal para a loja.
Quanto ao Mercado Livre, confesso que preferi não utilizá-lo mais.
Abraços e voltem sempre!
Em tempo!
ResponderExcluirFeliz 2011 para as duas!
Obrigada RODRIGO!
ResponderExcluirQue em 2011 estejamos firmes e fortes na presença do Senhor.
Que Ele te dê mais sabedoria para ministrar, e continue abençoando a tua vida em nome de Jesus, para tocar outros corações com a graça do Senhor!
Beijos.
Valeu, PAULA!
ResponderExcluirEste mês o pastor da nossa igreja está de férias e cada dupla de irmãos ficou responsável por um domingo de celebração.
Neste domingo de 02/01, apesar de todas as minhas limitações, compartilhei a Palavra referente ao artigo publicado ontem aqui no blogue. Foi legal e terminamos debatendo coletivamente na igreja a questão do "fermento".
Como nas vezes anteriores em que já tinha pregado em outras congregações, ainda não fico totalmente à vontade. Principalmente na hora de concluir. Porém, acho que o debate acaba sendo a salvação da lavoura (risos).
Volte sempre! Ontem mesmo dei uma passada em seu blogue.
Beijos.
Que Legal RODRIGO,
ResponderExcluirFico me imaginando sentadinha ouvindo a tua ministração...deve ser uma benção!
Que Deus continue lhe abençoando, e fazendo de ti um instrumento de paz e conforto para tantos corações quebrantados!
Beijos..e vou indo conferir a tua mais atual postagem, que já me chamou a atenção somente pelo título. Rsss...
Olá, Paula!
ResponderExcluirAo ministrar eu faço questão de me colocar como um discípulo que vem compartilhar o seu aprendizado e suas experiências pessoais com a congregação. Evito me por no lugar de mestre.
Confesso que tenho mais habilidade em escrever do que pregando em público e que meus pensamentos fluem mais numa conversa do que entregando uma mensagem para um grupo. E ainda preciso ficar mais calmo e pausado quando estou em público, embora não sinta vergonha nenhuma, exceto a preocupação de parecer chato.
Veleu pela força!