Apesar de haver entrado com um pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro, conforme havia compartilhado na postagem de 22/09/2021 no blogue (clique AQUI para ler), estou mais esperançoso com o fato de que, dentro de nove meses e alguns dias, estaremos comparecendo às urnas a fim de que a vontade popular possa prevalecer no pleito geral. E, como vem mostrando as pesquisas de opinião, tudo indica que Lula sairá vitorioso.
Entretanto, não acho que virar o jogo será assim tão fácil como alguns pensam pois, além do adversário ter a máquina administrativa nas mãos, também possui uma militância atuante e fanatizada. Isto é, uma minoria barulhenta que se deixa levar facilmente por notícias falsas como se as pesquisas mentissem e a urna eletrônica fosse violada por fraudes a ponto de, no entender dessas pessoas, viciar o resultado das eleições.
Por certo que 2022 não será igual a 2002, ano em que Lula venceu a disputa presidencial pela primeira vez. Na época, o PT e outros partidos de esquerda aliados tinham conquistado estratégicas prefeituras no pleito municipal de 2000, incluindo a cidade de São Paulo, de modo que a oposição formou uma ampla base de apoio nos principais colégios eleitorais do país. E, por sua vez, a rejeição do candidato era bem menor.
Assim sendo, Lula precisará fazer muito mais alianças do que em 2002, quando formou uma chapa com o empresário mineiro José Alencar (1931 — 2011), do Partido Liberal. Logo, ter o ex-governador paulista Geraldo Alckmin como vice é de grande valia em razão de sua alta popularidade no maior colégio eleitoral do país, apesar de ter sido um adversário do petista no pleito de 2006, ano da sua reeleição para o cargo de presidente.
Apesar de haver pessoas e alguns grupos minoritários na esquerda contrários à chapa Lula-Alckmin, confesso não conseguir entender essa resistência já que o momento exige a união de todas as forças democráticas (de esquerda ou não) contra o retrocesso político e social que estamos vivendo desde que Bolsonaro assumiu o governo. E, nesse sentido, concordo com os lúcidos posicionamentos do nobre professor da UERJ, Dr. Afrânio Silva Jardim, conforme o mesmo postou no sítio de relacionamentos Facebook:
"(...) Lula é uma pessoa generosa e sábia. Seu projeto político não é de ruptura com a ordem econômica vigente, como seria desejável.
Entretanto, por ser impossível no momento tal ruptura, Lula irá fazer um governo de grandes avanços no plano social, cultural e com muita distribuição da renda nacional.
Queremos justiça social, solidariedade, educação, cultura e efetiva democracia.
Queremos um povo esclarecido, consciente e devidamente emancipado.
Fascismo, nunca mais!!! Ditadura militar, nunca mais!!! Tortura, nunca mais!!!"
https://www.facebook.com/afraniojardim/posts/463439201811326
A esse respeito, comentei que o momento hoje vivido não é o de uma ruptura e, talvez, nem cabe romper até por ausência de um projeto atual de socialismo capaz de promover um desenvolvimento econômico desejável e sem repetir os erros cometidos no século XX por outros países na área de direitos humanos. Porém, creio ser fundamental preservarmos a democracia, termos uma cultura livre, cuidarmos melhor da saúde da população e o Estado brasileiro distribuir parte da riqueza produzida para amenizar o sofrimento dos mais pobres.
Uma vez eleito, Lula terá um grande desafio sendo que o primeiro deles é tomar posse em paz do seu cargo já que nem todos deverão aceitar o resultado das urnas. Depois, precisará fazer o país retomar o crescimento econômico e manter uma coalização política suficiente a fim de que o seu governo consiga alcançar os resultados. E, finalmente, deverá a esquerda não cometer os mesmos erros, mantendo-se unida até que se alcance estabilidade, deixando outras pautas menos prioritárias para depois.
Em todo caso, precisamos lutar com coragem esse ano a fim de que o Brasil se livre de Bolsonaro, pois a atuação distópica do presidente, negando a todo tempo a ciência e a realidade, é de fato a causa de muitos males.
Um feliz ano novo a todos e todas!
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