Estava lendo algumas matérias recentes na internet sobre a volta do trem noturno no continente europeu interligando cidades de vários países, dentre as quais Berlim e Paris, respectivamente capitais da Alemanha e da França. Verifiquei que tais linhas dispõem de assentos reclináveis e até cabines privativas com leito com várias beliches.
Com isso, os passageiros podem economizar o valioso tempo que dispõem ao viajarem de um destino ao outro enquanto dormem, evitando também gastos com hospedagens em seus passeios. Pois, mesmo que as viagens possam durar mais ou menos 12 horas, se analisarmos por esse ângulo, compensa ir de trem. Senão vejamos o trecho de uma matéria publicada em setembro do ano passado:
"Uma boa notícia para os viajantes: a operadora ferroviária austríaca ÖBB confirmou o retorno do trem noturno que liga Paris a Berlim.
Diante do aumento do interesse dos viajantes e da crescente preocupação com as emissões de carbono, a Europa está relançando as viagens noturnas de trem. Considerando as alterações climáticas, viajar de trem é uma alternativa mais sustentável à viagem de avião. Muitas vezes, também é mais econômica.
A operadora ferroviária austríaca ÖBB informou que voltará a realizar o trecho que conecta as capitais da França e Alemanha durante o inverno europeu, mais especificamente em dezembro de 2023.
O trem noturno, chamado de Nightjet, ficou fora de serviço por 9 anos e retorna para atender a demanda popular, facilitando a vida dos viajantes e emitindo menos carbono no meio ambiente.
A demanda para viagens de trens está tão alta na Europa, que até os operadores ferroviários da França e Alemanha vão lançar uma nova linha de alta velocidade entre Paris e Berlim no fim de 2024, com duração de 7 horas. Para os viajantes, quanto mais opções, melhor.
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A viagem com o trem noturno terá uma duração média de 14 horas. Com partida de Paris, na estação de Gare de l’Est, às 19h12 e chegada à principal estação de Berlim às 8h26, parando em Estrasburgo, Mannheim, Erfurt e Halle.
Já o trajeto de Berlim para Paris sai às 20h18 com previsão de chegada às 10h24, realizando as mesmas paradas no sentido inverso." - Extraído de https://www.eurodicas.com.br/trem-noturno-paris-berlim/
Refletindo sobre o transporte de passageiros no Brasil, penso que as rotas noturnas sob trilhos entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, bem como do Rio de Janeiro a São Paulo, poderiam retornar.
Em 1949, uma composição desembarcou no Brasil, vinda dos Estados Unidos, e ganhou o nome de Santa Cruz. Na época, ela partia da Estação Roosevelt, ou da Luz, no centro de São Paulo, e seguia em direção à Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Tratava-se de uma opção sofisticada mas que, com o passar das décadas, ficou cara demais, até que, em 1998, o saudoso Trem de Prata fez a sua última viagem.
Por sua vez, também tivemos um trem de passageiros de luxo operado pela Central e mais tarde pela Rede Ferroviária Federal, entre 1950 e 1990, ligando a estação de Dom Pedro II, no Rio de Janeiro, e a capital mineira de Belo Horizonte, com o nome de Vera Cruz. Houve algumas interrupções na década de 70 até parar , entre 1976 e 1980, quando retornou por dez anos, deixando de circular em março de 1990.
Certamente que a concorrência com o avião fez com que a procura pelo transporte ferroviário praticamente deixasse de existir a ponto do bilhete ter chegado a custar quase o dobro da ponte aérea. Isso sem contar os constantes atrasos na viagem, o que se explicaria por uma proposital má gestão e baixos investimentos.
Todavia, não podemos nos esquecer de que a volta dessas antigas linhas ferroviárias, com beliches e vagões leitos, seria uma excelente opção para ajudar na recuperação climática do planeta, enquanto conectaria o Rio de Janeiro a duas grandes metrópoles do Sudeste. Sem contar o desenvolvimento turístico que haveria, permitindo que a Cidade Maravilhosa receba mais visitantes durante o ano.
Embora não tenha a certeza de que serei ouvido pela ANTT, registrei ainda hoje, na plataforma da Rede Nacional de Ouvidorias do Fala.Br, uma solicitação protocolizada sob 50001.000801/2024-19 em que assim me manifestei:
"Sugiro que a ANTT, a exemplo da volta dos trens noturnos na Europa, como na linha Paris-Berlim, siga o mesmo exemplo e (re)crie linhas de transporte ferroviário no horário noturno entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte e entre o Rio de Janeiro e São Paulo. Essas linhas permitiriam que passageiros que não compraram passagens aéreas baratas com antecedência, possam viajar com mais conforto do que pela via rodoviária, num preço acessível. Ainda que o passageiro fique em torno de 12 horas no comboio, ele economizaria na hospedagem, teria uma cama, um chuveiro e tomaria o café da manhã no trem. Por serem três metrópoles estaduais bem populosas, certamente haveria procura suficiente, além de que o turismo seria também favorecido"
Mesmo que, na atualidade, exista a opção por viagens cada vez mais rápidas, talvez a lógica não seja a mesma quanto ao transporte noturno. Pois, como coloquei, ainda que o passageiro fique por umas 12 horas viajando num comboio, ele economizaria na hospedagem, teria uma cama para dormir, um chuveiro para higiene pessoal e um café da manhã básico antes de desembarcar, devendo ser considerado que nem sempre as pessoas conseguem comprar as suas passagens aéreas de preço promocional com antecedência.
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