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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Privatizaram a Rio-Santos, mas a rodovia continua perigosa!



Na manhã de hoje, encaminhei uma reclamação à concessionária CCR RioSP e uma outra à ANTT sobre os perigos da Rio-Santos em Mangaratiba. Mesmo privatizada, a via continua sendo um risco para os motoristas! Segue o texto:


"A rodovia BR-101 em Mangaratiba apresenta riscos até hoje não solucionados apesar de dois anos de administração privada da estrada. Nas entradas de Itacuruçá, Muriqui e Mangaratiba (bairro Sahy), devido à falta de redutores de velocidade ou de contornos, há um perigo de colisão entre veículos. A própria via de acesso situada em frente à entrada do Loteamento Fazenda Muriqui é um risco para quem entra na rodovia prosseguindo no sentido Mangaratiba assim como no Sahy para quem trafega sentido Angra e deixa a pista para e entrar em Mangaratiba. Outro problema que é de fácil solução seria a posição da placa indicativa do distrito de Praia Grande, a qual prejudica a visibilidade de quem dirige no sentido Mangaratiba, no sentido de não conseguir perceber um carro cortando a via para entrar na localidade. Sendo assim, peço a adoção de providências para que medidas preventivas sejam adotadas, o que inclui não só a obrigação da concessionária, cuja responsabilidade abrange as áreas de domínio da União, como do órgão/ente federal fiscalizador que não pode se omitir. Aguardo resposta!"




Ora, desde o ano de 2022, o trecho da rodovia Rio-Santos (BR-101), aqui no Estado do Rio de Janeiro, passou a ser operado pela CCR RioSP. Tal empresa, por força de obrigação constante do Contrato de Concessão, celebrado com a primeira ANTT e em conformidade com o Programa de Exploração, tornou-se responsável pela gestão da estrada, desde a Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro até o Município paulista de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, passando pelas cidades de Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty, as quais sabidamente têm uma inquestionável vocação turística. 


Ocorre que essa concessão consiste na exploração da infraestrutura e da execução do serviço público de recuperação, operação, manutenção, monitoração, conservação, implantação de melhorias, ampliação da capacidade e manutenção do nível de serviço do Sistema Rodoviário Rio de Janeiro – São Paulo, que, incialmente, compreendeu trechos das rodovias BR-116/101/RJ/SP. E as atividades oriundas da delegação contratual se iniciaram em março do ano de 2022 sendo que, em 2023, foram implantadas na Rio-Santos não menos do que três praças de pedágio a partir do Rio de Janeiro: Itaguaí, Mangaratiba e Paraty, pelo sistema de fluxo livre também conhecido como free flow.


Pois bem. Podemos falar de praticamente dois anos de administração pedagiada, em que todos os motoristas, sejam moradores ou turistas, quer tenham o carro emplacado nos municípios da área de concessão ou não, são tarifados todas as vezes quando passam pelos três pórticos. E, para piorar as coisas, eis que, não raramente, ouve-se falar de problemas decorrentes de multas aplicadas indevidamente pela ANTT tendo por base supostas evasões do pedágio que, na prática, podem não ter ocorrido.


Fato é que a estrada deveria ser hoje mais segura do que antigamente, porém não vi intervenções que, na medida do possível, afastassem ou reduzissem esses riscos como na hipótese de colocação de redutores de velocidade, a redefinição dos meios acessos, talvez mais radares, desobstrução de placas e de qualquer outra coisa que prejudique o campo de visão do condutor, etc. Aliás, acrescente-se que é um dever contratual da empresa eliminar os vícios construtivos:


"16.7 A Concessionária, sem prejuízo das penalidades aplicáveis, será obrigada a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, as obras e serviços pertinentes à Concessão em que se verificarem Vícios Construtivos, nos prazos que forem fixados pela ANTT, ressalvado o disposto na subcláusula 22.2.12.

16.7.1 A ANTT poderá exigir que a Concessionária apresente um plano de ação visando a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir qualquer obra ou serviço prestado de maneira viciada, defeituosa ou incorreta pertinente à Concessão, em prazo a ser estabelecido pela ANTT."


Portanto, é preciso cobrar tanto da CCR quanto da ANTT. Até porque, conforme demonstrado acima, o contrato de concessão prevê tanto a fiscalização pela autarquia reguladora quanto a segurança no trânsito. Logo, precisamos provocar o órgão regulador para que cumpra o seu papel pois é a vida das pessoas em jogo.



Ótimo final de segunda-feira a tod@s!"

sábado, 22 de fevereiro de 2025

Cuidado com o golpe do falso advogado!



Nunca pensei na minha vida que um golpe fosse me tirar tanto do sério.

Na tarde de ontem, eu e minha cliente fomos vítimas de um golpe, felizmente sem nenhum prejuízo financeiro, embora nos causando muita indignação e perplexidade a ponto de não ter sossegado enquanto não avisasse as pessoas mais próximas nos meus contatos no WhatsApp e registrasse uma ocorrência no site Delegacia Online da Polícia Civil.

Inesperadamente, uma professora que é cliente minha recebeu uma mensagem de um número telefônico que não é o meu pedindo uma quantia de R$ 1.998,97 para fins de pagamento de duas certidões. Além do mais, o meliante usou o meu nome e obteve uma de minhas fotos nas redes sociais para tentar se passar por mim e praticar o golpe.

A cliente que recebeu o contato possui uma ação que ajuizei em dezembro do ano passado pelo sistema do PJE da Justiça Estadual, cujo acesso aos dados da petição inicial por terceiros exige que seja feito por um advogado ou então por funcionários do próprio Judiciário. Ou seja, para o estelionatário cometer o crime ele precisa de uma informação que é restrita embora não haja um total sigilo.

Segundo uma matéria divulgada pelo G1 em julho do ano passado (clique AQUI para ler), é assim que os criminosos agem:


"- Criminosos acessam o processo da pessoa na Justiça e coletam os dados;

- Em seguida, eles criam uma conta no WhatsApp com a foto e o nome do advogado da vítima;

- Depois, se passando pelo advogado, eles entram em contato com a vítima por mensagem e afirmam que ganharam a ação judicial;

- Para isso, eles falsificam documentos da Justiça para provar a veracidade da informação;

- No contato, eles alegam que é necessária fazer uma transferência bancária via pix para agilizar o recebimento da indenização;

- Após a transferência, os bandidos apagam todas as mensagens e bloqueiam o contato da vítima."


Acontece que sempre zelei por minha reputação como profissional e ver um bandido usando o nome da gente para prejudicar terceiros é algo extremamente desagradável. Até porque pode gerar um certo abalo na relação de confiança entre o cliente e o advogado mesmo sem este não ter culpa alguma.

Diante de tamanha covardia, o melhor caminho é divulgar ao público o que anda acontecendo no submundo do crime para alertar as pessoas. E, neste sentido, tiro o meu chapéu para a OAB/SP que fez uma excelente cartilha alertando a sociedade (clique AQUI para acessar).

Infelizmente, vivemos num planeta dominado por pessoas imaturas de todas as classes sociais que são gananciosas, egocêntricas, sem amor pelo próximo e que não são capazes de responderem a si mesmas pelos atos que praticam. Tudo isso torna a convivência humana insuportável e agravada num país como o nosso onde a cultura da desonestidade se banalizou, sendo que o poder de investigação das políticas é pequeno diante da astúcia dos golpistas.

No caso da minha cliente, ainda bem que ela foi capaz de suspeitar do número telefônico que não é o meu e fazer contato tanto comigo quanto com uma outra advogada que atua em conjunto nas ações que ajuizei. Sabiamente, me perguntou se eu usava outro celular para trabalhar e tudo ficou bem esclarecido, tendo, em seguida, tanto eu quanto ela registrado nossas comunicações à Polícia.

Por causa dessas e outras situações, vivendo num mundo cada vez mais perigoso e virtualizado onde até a inteligência artificial já está sendo usada por bolsonaristas para desinformar (semanas atrás fizeram um vídeo simulando uma fala inverídica do ministro Fernando Haddad), precisamos nos proteger e também as pessoas próximas que nem sempre terão o senso crítico de perceber de imediato quando estiverem sendo vítimas de uma fraude.

Todo cuidado é pouco!

Qual a importância da oração?



Podemos afirmar que oração seja uma forma de cultivar a nossa espiritualidade e a relação com o Divino.


Vale ressaltar que a Bíblia menciona várias orações consideradas agradáveis a Deus e uma das mais conhecidas é encontrada em Salmos 51:17, atribuído a rei Davi quando se arrependeu de seus erros:


"O sacrifício que Deus aceita é um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito, ó Deus, tu não o desprezarás."


Essa oração destaca a importância de um coração humilde e arrependido. 


Além disso, outros versos sobre orações:


- Orações de gratidão e louvor (Salmos 100:4-5)


- Orações de arrependimento e confissão (1 João 1:9)


- Orações de intercessão e amor ao próximo (1 Timóteo 2:1-4)


- Orações de adoração e reverência (Hebreus 13:15-16)


Tem também o tão festejado"Pai Nosso" em que Jesus mostrou num só poema incluso no célebre Sermão da Montanha sobre como se deve orar, o que vai além da tradicional reza dos cultos religiosos. Nada contra que as palavras sejam repetidas, mas acho a meditação sobre essa oração de maior valor.


Em todo caso, as Escrituras Sagradas do cristianismo ensinam que a oração deve ser feita com sinceridade, humildade e fé.


Por fim, ainda no Sermão do Monte, Jesus ensinou que Deus ouve e responde às orações de seus filhos (Mateus 7:7-11). Isso para mim não significa que a resposta será exatamente como queremos e, por certo, as maiores dádiva serão o aprendizado e crescimento pessoal, de modo que o texto a seguir compartilhado, a qual recebi hoje num grupo de WhatsApp, vem ao encontro de que o objetivo de orar não deve ser o ganho material:


"Certa vez perguntaram a um sábio:

- O que você ganha orando à DEUS regularmente?

Ele respondeu: 

- Geralmente não ganho nada, mas sim, perco coisas. 

E ele citou o que perdeu orando à DEUS regularmente:

- Perdi o orgulho, perdi a arrogância, perdi a ganância, perdi a inveja, perdi a minha raiva, perdi a luxúria, perdi o prazer de mentir, perdi o gosto pelo pecado, perdi a impaciência, o desespero."



Ótimo sábado a tod@s!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O que falta para o Bolsonaro ser preso?!


Meme divulgado nas redes sociais 


Alguns já me fizeram essa indagação hoje, porém é quase a mesma resposta que sou obrigado a dizer quando um cliente pergunta sobre o tempo de duração do seu processo.

Primeiramente, a denúncia contra o Bolsonaro terá que ser aceita pelo STF (e vai!) sendo que aí se iniciam as fases processuais. O réu terá que ser citado, irá apresentar defesa, pedir produção de provas, provavelmente recorrer de decisões interlocutórias em que achar brechas para tentar algum procedimento procrastinador ou gerar sensacionalismo.

Mas será justamente o uso político dessa ação que Bolsonaro deverá fazer. E aí, quando começarem os depoimentos, serão notícias de repercussão com o povo comentando a respeito do que fulano afirmou ou negou. Veremos um show de narrativas confusas e fake news bombando nas redes sociais, bem como discursos inflamados no Congresso.

Acho pouco provável que essa ação seja concluída em 2025. Acredito que o resultado final do julgamento se dê em 2026, justamente num ano eleitoral. E até lá, o Brasil inteiro terá se envolvido emocionalmente com o espetáculo jurídico e midiático que se desenvolverá.

Em todo caso, precisamos estar atentos com a vitimização do réu que tentará se fortalecer e, caso fique impossibilitado de disputar o pleito (já está), fará de tudo para transferir apoio para Tarcísio, Michelle ou outro nome competitivo do PL.

Enfim, será mais uma comédia a ocupar as pautas da imprensa e das redes sociais até que chegue o período eleitoral sendo que ficará difícil para as novelas e os jogos do Brasileirão competirem na busca pela audiência...

Que em nenhum momento o Brasil perca o bom senso e não se deixe desinformar. Afinal, um golpista precisa ser responsabilizado por seus atos contra a democracia.

Sem anistia!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

O início do pensamento científico no Rio de Janeiro



Há 253 anos, mais precisamente em 1772, era fundada a Academia Científica do Rio de Janeiro, a qual foi incentivada pelo então vice-rei Luís de Almeida Portugal, segundo Marquês do Lavradio, chegando a ser sancionada pelo governo português. O objetivo de seu idealizador era promover o desenvolvimento de novas culturas para a América portuguesa, reunindo estudiosos, cientistas e pesquisadores das diversas áreas. 

A associação era composta de 9 membros onde se dedicavam a história natural, química, farmácia, agricultura e medicina, tratando-se de um lugar de ensino e aprendizagem, de modo que, no ambiente, observava-se a natureza, realizava-se experimentos, discutia-se inovações e reflexões políticas, sociais e econômicas, o que proporcionava a construção teórico-prática aos seus participantes. 

No entanto, cerca de sete anos depois, em 1779, sob a gestão de outro governador geral, o próprio governo colonial a fechou sob suspeição de subversão por seus membros.

Ainda assim, a instituição foi reorganizada com o nome de "Sociedade Literária", para ser suspensa, mais tarde em 1794, por razões políticas, tendo sido os seus membros aprisionados por acusação de conspiração a independência da colônia.

Como se vê, no século XVIII, a sociedade não tinha o direito de associação hoje reconhecido e assegurado pela nossa Constituição. Ou seja, as pessoas não tinham a liberdade de se reunir com outras pessoas para alcançar um objetivo, ainda que seja por meios legais e pacíficos.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Quando Recife e Olinda se tornaram possessões holandesas



Há exatos 395 anos, mais precisamente em fevereiro de 1630, com o objetivo de restaurar o comércio do açúcar com os Países Baixos, proibido pela Coroa da Espanha, uma poderosa esquadra holandesa, com sessenta e sete navios e cerca de sete mil homens, sob o comando do almirante Hendrick Cornélio Lonck (1568 - 1634), conquistou a cidade de Olinda e depois Recife. 

Com a vitória, os invasores foram reforçados por um efetivo de mais seis mil homens enviados da Europa para assegurar a posse da conquista. Porém, ainda assim, os holandeses enfrentaram durante anos uma resistência liderada por Matias de Albuquerque (1580 - 1647), primeiro e único Conde de Alegrete, neto do primeiro donatário da Capitania, Duarte Coelho. 

Matias chegou a incendiar os armazéns do porto do Recife, impedindo o saque do açúcar pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (WIC), bem como reorganizou a defesa luso-espanhola a partir do Arraial Velho do Bom Jesus, a meia-distância entre Olinda e Recife, confinando os agressores ao perímetro urbano daquela povoação e vila até 1634. Eram as chamadas "companhias de emboscada", em que pequenos grupos de dez a quarenta homens, com alta mobilidade, atacavam de surpresa os neerlandeses e se retiravam em velocidade, reagrupando-se para novos combates. 

Com a invasão da Paraíba (1634) e as conquistas do Arraial do Bom Jesus e do cabo de Santo Agostinho (1635), as forças comandadas por Matias de Albuquerque entraram em colapso e se viram forçadas a recuar na direção do rio São Francisco. E podemos afirmar que a consolidação da invasão estrangeira deveu-se também à atuação do traidor Domingos Fernandes Calabar (1609 - 1635), o qual havia mudado de lado em 1632, sendo ele um profundo conhecedor do território, composto, no litoral, de baías, manguezais, rios e praias.   

Os invasores permaneceram no comando das duas cidades até 1654, quando houve a vitória da Insurreição Pernambucana, movimento de reconquista da Capitania que se inseriu no contexto das guerras entre Portugal e Holanda. Ou seja, houve ainda mais guerras que puseram fim a um domínio estrangeiro que durou cerca de meio quarto de século em parte do Nordeste brasileiro.

Embora no Brasil exista uma super valorização do legado dos holandeses, cultivando-se muitas das vezes o mito de que o país teria se desenvolvido melhor caso permanecesse colonizado pelos invasores, é preciso considerar mais a bravura dos pernambucanos daqueles tempos. Pois, mesmo sem caracterizar um movimento emancipacionista, os heróis da resistência luso-brasileira e, posteriormente, da reconquista de Pernambuco, deixaram exemplos de bravura, vistos pela nossa tradicional historiografia militar como o gérmen do nacionalismo brasileiro, pois os brancos, africanos e indígenas, supostamente, teriam unido os seus interesses na expulsão do agressor.


OBS: Imagem acima de um mapa celebrando a conquista da Capitania de Pernambuco pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, em fevereiro de 1630. 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Ainda é cedo para acabarem de vez com os caixas convencionais numa cidade...



Na semana passada, chegou ao meu conhecimento que a agência n.º 0886 do Bradesco, a única daqui de Mangaratiba, não está mais disponibilizando caixas convencionais, medida que afeta usuários idosos que são moradores ou turistas na cidade. 


Após ter ido ao estabelecimento bancário confirmar a informação, um representante da empresa me informou que o local agora seria apenas uma unidade de negócios de maneira que até para fins de depósito em dinheiro, o consumidor teria que usar a máquina de auto atendimento ou viajar até às duas cidades vizinhas litorâneas: Itaguaí ou Angra dos Reis.


Não satisfeito, registrei em 06/02 uma reclamação no "Fale Conosco" da instituição financeira, o que gerou o protocolo de número 338626865, com o prazo de três dias úteis para resposta, sendo que ainda estou aguardando um contato do Bradesco a fim de que reconsidere a sua decisão pelo menos quanto a Mangaratiba. Pois, como expus acima, trata-se da única agência do referido banco no nosso Município...


Tendo postado sobre a minha reclamação no Facebook (clique AQUI para acessar a publicação), recebi algumas dezenas de likes e respostas, dentre os quais a informação de uma consumidora de que no Rio de Janeiro "também está assim", não tratando de uma realidade restrita a Mangaratiba e ao Bradesco, mas, sim, "todos os Bancos". E outro internauta compartilhou na área de comentários que:


"Quando abrimos uma conta em qualquer banco , tínhamos e era nós oferecidos vários serviços , inclusive o caixa com atendimento com o funcionário, agora eles tiraram e deixaram tudo no caixa eletrônico.

Pergunta:se temos desde início no ato da abertura da conta essa facilidade mais segura ,e muitas pessoas tem a dificuldade no uso dos caixas eletrônicos, e temos que aguardar uma pessoa estranha para ajudar, fica a desconfiança destas pessoas idosas.

Porque, eles podem mudar as regras do que já está acordado no ato da abertura de conta do serviço oferecido"


Por um lado reconheço que o progresso é inevitável e as pessoas já habituadas com o aplicativo não querem mais perder tempo em filas de bancos ou lotéricas se elas podem fazer tudo agora online. Pra que sacar tanto dinheiro, correndo o risco de perder tudo num roubo ou furto, se podemos usar o Pix bem como outras modalidades de pagamento?!


Além do mais, a pandemia por COVID-19 gerou uma aceleração comportamental de modo que milhares de agências bancárias no país começaram a fechar desde então devido à digitalização das transações financeiras. Os estabelecimentos que restaram passaram a ter uma nova destinação sendo que as antigas instituições como o Itaú, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e o próprios Bradesco começaram a enfrentar uma concorrência com os bancos virtuais cujas operações são feitas apenas pela internet.


Evidentemente que para enfrentar essa disputa para garfar os clientes sem diminuir os lucros, tais bancos tradicionais necessitam cortar os seus custos. Mas aí indago por que acabar com o caixa convencional se ainda existe uma agência física disponibilizando vários terminais de autoatendimento?!


Assim sendo, jamais podemos nos esquecer que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) está regulamentado no artigo 192 da nossa Constituição Federal, sendo que o seu objetivo é que seja promovido o desenvolvimento do país e atenda aos interesses da sociedade:


"Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram." (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003) (Vide Lei nº 8.392, de 1991)" - destaquei


Portanto, como as tecnologias não podem impactar prejudicialmente a vida das pessoas de um modo abrupto, a ponto de provocar exclusões no meio social, entendo que o Bradesco deveria rever a sua política de transformar as antigas agências em unidades de negócio, jamais permitindo que, pelo menos até 2030, uma cidade não tenha mais caixas convencionais. Ainda mais tratando-se de uma município com graves problemas de mobilidade devido à precariedade dos transportes públicos como ocorre em Mangaratiba.


Paralelamente, penso que os bancos tradicionais poderiam se consorciar e criar ambientes onde o consumidor passaria a utilizar os serviços em caixas convencionais comuns a todos eles. Desse modo, os custos se tornariam menores e poderia haver até uma terceirização, quem sabe até com a colaboração dos Correios.



Ótimo final de domingo a tod@s!

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Não podemos jamais parar de escrever!



Desde o ano passado, venho recebendo em minha caixa de e-mails ofertas de empresas oferecendo serviços aos advogados para que eles "terceirizem" o peticionamento dos seus processos ou comprem pacotes de peças jurídicas. Uma dessas mensagens veio com o título "⏳Chega de Perder Tempo com Petições!⚡" e apresentou a seguinte proposta:


"Petições prontas em segundos? Sim, é possível! 💡

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Confesso que isso muito me preocupa porque os profissionais do Direito poderão deixar de exercitar um aspecto prático muito importante da profissão que é escrever as suas próprias peças jurídicas. Ou seja, com a ajuda da inteligência artificial e de um escritório especializado voltado para a área jurídica, ele terá o seu maior labor resolvido em instantes já que as redações nos exigem tempo para pensar, estudar, pesquisar, elaborar estratégias de persuasão do leitor e, para quem possui um mínimo de zelo pelo idioma, revisar o uso correto da gramática.


Quando era criança e entrei na escola, lembro que as pessoas adultas usavam uma máquina para escrever e outra para calcular, porém os alunos eram proibidos de fazer uso da calculadora na aula porque ela atrapalharia no aprendizado da matemática. E, de fato, quando deixamos de exercitar manualmente as chamadas "quatro operações" corremos o risco de esquecer como é que se faz para resolver cálculos um pouco mais complexos.


Na segunda metade dos anos 90 do século passado, tendo ingressado  na graduação universitária, já existiam os microcomputadores e a internet, embora esta tivesse um menor conteúdo de informações. Contudo, não demorou muito para os professores terem que se atentar para o risco de seus alunos copiarem textos de artigos e monografias feitas por terceiros, o que, na maioria das vezes, se torna flagrantemente perceptível para um avaliador com conhecimento e senso crítico.


No meu entender, todo o avanço tecnológico da humanidade poderá nos deixar alienados e obsoletos. Pois um advogado que não peticiona mais não passará de um captador de clientes oferecendo um serviço que não é ele mesmo quem produz e sim um terceiro que, por sua vez, poderá ter sido também contratado pelo adversário na mesma causa que estará patrocinando na Justiça... 


A advocacia é uma profissão que exige dedicação, ética e estudo. Daí a célebre frase "o advogado que não estuda, é cada dia menos advogado", a qual nos faz lembrar do célebre texto Os mandamentos do advogado, do jurista uruguaio Eduardo Juan Couture (1904 - 1956) quando magistralmente advertiu sobre a a necessidade de uma constante atualização dos operadores do Direito:


"1) ESTUDA. O Direito se transforma constantemente.  Se não seguires seus passos, serás a cada dia um pouco menos advogado.

2) PENSA. O Direito se aprende estudando, mas se exerce pensando. 

3) TRABALHA. A advocacia é uma árdua fadiga posta a serviço da justiça.

4) LUTA. Teu dever é lutar pelo Direito, mas no dia em que encontrares em conflito o direito e a justiça, luta pela justiça. 

5) SÊ LEAL.  Leal para com o teu cliente, a quem não deves abandonar até que compreendas que é indigno de ti.  Leal para com o adversário, ainda que ele seja desleal contigo.  Leal para com o juiz, que ignora os fatos e deve confiar no que tu lhe dizes; e que quanto ao direito, alguma outra vez, deve confiar no que tu lhe invocas. 

6) TOLERA. Tolera a verdade alheia na mesma medida em que queres que seja tolerada a tua. 

7) TEM PACIÊNCIA. O tempo se vinga das coisas que se fazem sem a sua colaboração. 

8) TEM FÉ. Tem fé no Direito, como o melhor instrumento para a convivência humana; na Justiça, como destino normal do Direito; na Paz, como substituto bondoso da Justiça; e, sobretudo, tem fé na Liberdade, sem a qual não há Direito, nem Justiça, nem Paz. 

9) OLVIDA. A advocacia é uma luta de paixões.  Se em cada batalha fores carregando tua alma de rancor, sobrevirá o dia em que a vida será impossível para ti.  Concluído o combate, olvida tão prontamente tua vitória como tua derrota. 

10) AMA A TUA PROFISSÃO. Trata de conceber a advocacia de tal maneira que no dia em que teu filho te pedir conselhos sobre seu destino ou futuro, consideres um honra para ti propor-lhe que se faça advogado."


Não vou negar que, graças à tecnologia, fui poupado de ter que digitar a citação feita acima já que a internet me facilitou a reprodução de um texto já conhecido por mim há quase trinta anos e que já existia décadas antes do meu nascimento. Porém, se não fosse o ato de estar redigindo um artigo para o blogue, eu não estaria, neste momento, exercendo uma importante habilidade da nossa vida social.


De qualquer modo, precisamos ter o devido cuidado para não sairmos fabricando serviços padronizados e elaborados por terceiros sem a nossa participação e supervisão. A inteligência artificial não pode fazer dos profissionais do Direito, seja de que especialidade for, um mero agenciador de causas que, com o tempo, vão acabar se esquecendo daquilo que aprenderam numa sala de aula ou no começo da profissão, quando tínhamos que esquentar a barriga no balcão e passar horas (ou dias) elaborando uma peça que, depois de pronta, era levada até o Fórum.


Ótimo sábado a tod@s e aproveito para desejar um mês de fevereiro com muito sucesso.