Nunca pensei na minha vida que um golpe fosse me tirar tanto do sério.
Na tarde de ontem, eu e minha cliente fomos vítimas de um golpe, felizmente sem nenhum prejuízo financeiro, embora nos causando muita indignação e perplexidade a ponto de não ter sossegado enquanto não avisasse as pessoas mais próximas nos meus contatos no WhatsApp e registrasse uma ocorrência no site Delegacia Online da Polícia Civil.
Inesperadamente, uma professora que é cliente minha recebeu uma mensagem de um número telefônico que não é o meu pedindo uma quantia de R$ 1.998,97 para fins de pagamento de duas certidões. Além do mais, o meliante usou o meu nome e obteve uma de minhas fotos nas redes sociais para tentar se passar por mim e praticar o golpe.
A cliente que recebeu o contato possui uma ação que ajuizei em dezembro do ano passado pelo sistema do PJE da Justiça Estadual, cujo acesso aos dados da petição inicial por terceiros exige que seja feito por um advogado ou então por funcionários do próprio Judiciário. Ou seja, para o estelionatário cometer o crime ele precisa de uma informação que é restrita embora não haja um total sigilo.
Segundo uma matéria divulgada pelo G1 em julho do ano passado (clique AQUI para ler), é assim que os criminosos agem:
"- Criminosos acessam o processo da pessoa na Justiça e coletam os dados;
- Em seguida, eles criam uma conta no WhatsApp com a foto e o nome do advogado da vítima;
- Depois, se passando pelo advogado, eles entram em contato com a vítima por mensagem e afirmam que ganharam a ação judicial;
- Para isso, eles falsificam documentos da Justiça para provar a veracidade da informação;
- No contato, eles alegam que é necessária fazer uma transferência bancária via pix para agilizar o recebimento da indenização;
- Após a transferência, os bandidos apagam todas as mensagens e bloqueiam o contato da vítima."
Acontece que sempre zelei por minha reputação como profissional e ver um bandido usando o nome da gente para prejudicar terceiros é algo extremamente desagradável. Até porque pode gerar um certo abalo na relação de confiança entre o cliente e o advogado mesmo sem este não ter culpa alguma.
Diante de tamanha covardia, o melhor caminho é divulgar ao público o que anda acontecendo no submundo do crime para alertar as pessoas. E, neste sentido, tiro o meu chapéu para a OAB/SP que fez uma excelente cartilha alertando a sociedade (clique AQUI para acessar).
Infelizmente, vivemos num planeta dominado por pessoas imaturas de todas as classes sociais que são gananciosas, egocêntricas, sem amor pelo próximo e que não são capazes de responderem a si mesmas pelos atos que praticam. Tudo isso torna a convivência humana insuportável e agravada num país como o nosso onde a cultura da desonestidade se banalizou, sendo que o poder de investigação das políticas é pequeno diante da astúcia dos golpistas.
No caso da minha cliente, ainda bem que ela foi capaz de suspeitar do número telefônico que não é o meu e fazer contato tanto comigo quanto com uma outra advogada que atua em conjunto nas ações que ajuizei. Sabiamente, me perguntou se eu usava outro celular para trabalhar e tudo ficou bem esclarecido, tendo, em seguida, tanto eu quanto ela registrado nossas comunicações à Polícia.
Por causa dessas e outras situações, vivendo num mundo cada vez mais perigoso e virtualizado onde até a inteligência artificial já está sendo usada por bolsonaristas para desinformar (semanas atrás fizeram um vídeo simulando uma fala inverídica do ministro Fernando Haddad), precisamos nos proteger e também as pessoas próximas que nem sempre terão o senso crítico de perceber de imediato quando estiverem sendo vítimas de uma fraude.
Todo cuidado é pouco!
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