"Mas eu lhes digo: Não resistam ao perverso. Se alguém o ferir na face direita, ofereça-lhe também a outra. E se alguém quiser processá-lo e tirar-lhe a túnica, deixe que leve também a capa. Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas" (Mateus 5:39-41)
Há oito décadas atrás, mais precisamente em 29 de fevereiro de 1940, a Finlândia iniciava as negociações de paz da Guerra de Inverno com a então URSS.
Tal conflito, também conhecido como a "Guerra Soviético-Finlandesa" ou "Guerra Russo-Finlandesa", começou quando a União Soviética atacou a Finlândia, bombardeando a capital Helsinque, em 30 de novembro de 1939, três meses após o início da Segunda Guerra Mundial, o que se arrastou até 12 de março de 1940. Foi quando um tratado de paz veio a ser assinado, com a Finlândia cedendo 10% do território e 20% da sua capacidade industrial à URSS.
Hoje, 82 anos após à Guerra de Inverno, a Rússia de Vladimir Putin invade a vizinha Ucrânia, violando tratados, direitos humanos e causando preocupações ao mundo sobre quais serão os desdobramentos desse lamentável episódio. E, se não fosse pela superioridade do poderio militar russo, o ataque à Kiev poderia se tornar um segundo Cerco de Sarajevo, considerado o mais longo da história da guerra moderna, ocorrido durante a Guerra da Bósnia e que só terminou há exatos 26 anos, em 29/02/1996.
É inegável que esse novo conflito tem o alto potencial de trazer consequências para os países de todos os continentes. Supõe-se que, além da inflação, poderemos ver o fechamento das economias ao comércio internacional. Sem fertilizantes para a agricultura brasileira, por exemplo, os preços dos alimentos deverão subir e prejudicar principalmente os mais pobres.
Além disso, podemos dizer que Putin abriu a Caixa de Pandora! Pois, levando em conta que a entrega do arsenal atômico da Ucrânia à Rússia nos anos 90 hoje lhe custa sua soberania, preocupa-me a possibilidade de que outros países possam querer fabricar ou estocar as suas bombas nucleares daqui em diante. Por exemplo, imaginem o Irã, o Iraque, o Afeganistão, a Venezuela, a Somália e o Sudão produzindo/adquirindo mísseis com essas ogivas tão letais a ponto de um poder destruir uma cidade do outro num piscar de olhos?!
Ainda recordando a História, eis que há 31 anos, mais precisamente em 28 de fevereiro de 1991, terminava a Primeira Guerra do Golfo, em que, graças às forças da Coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos de George Bush (o pai) e patrocinada pela Organização das Nações Unidas, a soberania do Kuwait foi restaurada, após o país haver sido ocupado e anexado ao Iraque pelas tropas do então ditador Saddam Hussein. Tendo ainda meus 15 anos, lembro quando bem quando o Jornal nacional noticiou que havia sido celebrado um cessar-fogo, encerrando as hostilidades.
Todavia, hoje não seria recomendável a OTAN e nenhum outro país enviar tropas militares para defender a Ucrânia do ataque russo porque, com a intervenção, poderia ser iniciada uma Terceira Guerra e vitimar centenas de milhares ou até milhões de pessoas na Europa, conforme a duração e a intensidade do conflito, mesmo sem o uso de armas nucleares. Logo, o mais sensato seria o país invadido negociar as condições de paz, o que, na prática, seria uma rendição. Ainda que para isso se abra mão das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, bem como o compromisso do país em não aderir à Aliança Atlântica e aceitar o controle russo de Chernobyl, além das demais usinas nucleares lá instaladas.
Sem querer fazer discurso religioso, entendo que dar a outra face ao agressor é a melhor saída para a Ucrânia ter paz e buscar na Satyagraha (resistência pacífica) uma maneira sábia de defender a sua independência tal como fez Gandhi na Índia, ao protestar contra o monopólio do sal e os impostos abusivos cobrados pelos ingleses.
OBS: Foto registrando a presença de soldados finlandeses no norte do país em 12 de Janeiro de 1940.
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