Neste sábado (05/08), após uma reunião em São Paulo, da qual participaram representantes do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, os quatro países fundadores do MERCOSUL, eis que a Venezuela recebeu uma nova punição por "ruptura da ordem democrática". Com a medida, mesmo que o país vizinho passe a cumprir todos os outros compromissos fundamentais previstos no protocolo de sua adesão ao bloco, a sua reincorporação só se dará após ser "restaurada a ordem democrática", conforme afirmou o documento da reunião.
Verdade é que nenhum regime ditatorial é bom. Seja de direita ou de esquerda. E, embora eu fique na dúvida se caracterizo o regime venezuelano como um nacionalismo socialista ou um fascismo disfarçado, repudio o que acontece por lá.
Inegável que o povo venezuelano anda sofrendo tanto com a crise econômica (devido à queda do preço do petróleo) quanto com a brutal repressão nas ruas praticada pelo regime de Nicolas Maduro. São mais de 100 mortes já registradas nas manifestações contra o governo nos últimos quatro meses!
Atualmente, pode-se dizer que essa crise politica venezuelana ingressa numa nova etapa após ter sido instalada sexta-feira (04/08) a Assembleia Constituinte, a qual fora convocada pelo presidente com o objetivo de reescrever a Constituição do país. A oposição, que não lançou candidatos, vem denunciando que tal convocação foi feita para perpetuar Maduro no poder.
Se as coisas caminharem assim na Venezuela, poderemos daqui uns tempos ter uma guerra civil no país vizinho, além de mais mortes e prisões políticas, contribuindo para a entrada cada vez maior de refugiados nas fronteiras do estado de Roraima. Sem descartarmos também a hipótese de que Maduro, ao isolar-se do mundo, pode decidir aumentar seus gastos com armamentos, fato que obrigaria Brasil e Colômbia a investirem mais recursos nas suas defesas.
Sinceramente, eu nunca podia imaginar que, em pleno século XXI, assistiria à formação de um novo regime ditatorial na América do Sul. Pois, ainda nos anos 90, quando a ex-URSS acabou e países da Europa do Leste se redemocratizaram, tudo parecia indicar que a democracia prevaleceria neste continente onde se via como última aberração apenas o ex-presidente do Peru Alberto Fujimori. Inclusive, em 1992, havia sido fracassada a tentativa de golpe de Estado na Venezuela comandada pelo então tenente-coronel Hugo Chávez contra o presidente Carlos Andrés Pérez, da Acción Democrática.
Mais do que nunca é preciso que os países da América do Sul se oponham firmemente contra a ditadura venezuelana sendo a suspensão do Estado vizinho no MERCOSUL uma medida acertada. E, como bem pontuou o chancelar argentino Jorge Faurie, durante a reunião de hoje, "não importa o que se perca de comércio. O que estamos a dizer aqui é: você não pode matar seu povo, não pode cassar direito".
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