As recentes pesquisas têm mostrado uma provável vitória de Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno das eleições presidenciais com uma enorme distância da candidata governista para José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).
Não vou dizer que já considero derrotada a oposição e acho que ambos os discursos (tanto de Serra quanto de Marina) ainda não estão atingindo as principais necessidades do eleitor.
O que tem fortalecido a candidatura de Dilma são as ilusões do povo acerca do desempenho da economia brasileira. Se antes as pessoas tinham medo de votar no PT achando que a moeda fosse desestabilizar trazendo de volta a inflação, agora o temor recai justamente sobre a perda do emprego. E aí não podemos nos esquecer que os tucanos carregam até hoje o estigma recessivo da era FHC, despertando na memória de muitos as amargas reformas previdenciária e administrativa, bem como o lado negativo das privatizações.
Nessas agonizantes semanas finais da corrida presidencial, deixo como sugestão aos candidatos de oposição que tornem seus discursos mais objetivos, focando no elevado custo de vida produzido pelos oito anos de Lula, e não percam mais tempo com escândalos sobre corrupção pois nenhum efeito prático poderá causar nas intenções de voto esse "blá-blá-blá" sobre o vazamento de informações fiscais da filha do Serra.
Mesmo assim, verdade seja dita que falta muito pouco para as eleições e acho que, dificilmente, haverá um segundo turno. Logo, a oposição deve ter como meta principal aumentar a sua presença no Senado afim de impedir que o PT ponha em prática o seu projeto chavista de poder.
Atualmente há no Congresso Nacional três grupos de políticos: os governistas, a oposição e os inertes. Estes, lamentavelmente, só estão interessados em representar seus próprios interesses e são capazes de passar para o lado governista sem questionarem a ideologia ou o quanto determinados projetos podem afetar de maneira nociva o bem estar da nação. Não reagem, exceto para negociarem as suas exigências pessoais.
Pode-se dizer que o PMDB é o partido que melhor expressa esse bando de políticos inertes do Congresso, os quais também se encontram em outras lendas. Nos tempos de FHC, o PMDB aliava-se ao governo e teve vários cargos importantes. E, mesmo tendo apoiado Serra em 2002, os peemedebistas trocaram de lado e foram ocupar ministério no governo Lula.
Com a provável vitória de Dilma e a continuidade da gastança dos recursos do país, fica evidente que o PMDB continuará ao lado do PT, o que torna indispensável a eleição de senadores suficientemente preparados para desempenhar esse importante cargo. E, tendo em vista que, nestas eleições, iremos escolher dois senadores para um mandato de oito anos, representando dois terços das cadeiras do colegiado, fica explicado o motivo pelo qual tanto o governo quanto a oposição estão dando tanta importância ao Senado. Logo, caso o PT consiga ter maioria no Senado, teme-se que, a exemplo da Venezuela, as propostas de emenda de Dilma enviadas ao Congresso acabem se tornando meros atos administrativos.
Numa época de políticos medíocres, vejo o quanto a política brasileira necessita de gente de personalidade. Falo de homens que, neste momento difícil, podem fazer diferença resistindo ao rolo compressor do PT nos próximos 4 anos, se Dilma vier a ganhar.
É uma grande pena que o povo não sabe nem o que faz um senador e poucos conhecem que o senador, dentro do federalismo, é o representante de seu estado, diferente do deputado federal que representa a população no parlamento bicameral. Tanto é que, conforme o seu número de eleitores, um estado pode ter mais deputados do que o outro. Porém, qualquer unidade federativa, seja o Acre ou São Paulo, só tem três senadores.
E quais são as funções do senador?
Bem, pode-se afirmar que o nosso Senado Federal exerce funções legislativas, fiscalizadoras, autorizativas, julgadora e aprovadora de autoridades. Durante o processo legislativo, o Senado funciona como uma "Câmara Revisora", caso o projeto de lei seja oriundo da Câmara dos Deputados. E existem também funções privativas que são determinadas pelo artigo 52 do texto constitucional.
Há quem entenda que o Senado seja uma espécie de "Câmara de Moderação", uma assembléia de homens mais velhos que, em tese, agiriam com prudência defendendo os interesses do país. E, neste sentido, considero oportuno lembrar das sensatas posições do ex-presidente Itamar Franco, candidato ao Senado por Minas Gerais, o qual dá grande relevância à experiência e à independência do senador no desempenho de suas relevantes funções (http://www.youtube.com/watch?v=t6HMohrgAJM).
Para finalizar, gostaria de parabenizar o cantor e compositor Caetano Veloso por sua feliz escolha em apoiar Marina Silva, Gabeira e César Maia. Entendo que, dentre os candidatos do Rio de Janeiro, César Maia tem um ótimo perfil para ser senador da República, tendo experiência e capacidade para opinar sobre os assuntos de interesse da nação, resistindo ao chavismo petista. Por isso, transcrevo a seguir trechos da declaração de apoio de Caetano ao ex-prefeito do Rio que foram publicados no jornal O GLOBO:
(Globo, 05) "A Cesar não lhe faltam muitas destas virtudes (de Marina, Gabeira, Freixo e Mangabeira). Mas meu desejo de dizer de público que voto nele, tem origem estritamente política: um quadro tão preparado da oposição, não pode ser descartado num momento em que esta se encontra tão debilitada. (...) E o que me leva a votar em Marina, Gabeira e Cesar é um mesmo sentimento de luta contra os aspectos sinistros do que há de atraso no Brasil. A vida brasileira precisa estar à altura do destino que se desenha para o país. (...) É a complexidade do pensamento que nasce da aproximação de Judt (Passado Imperfeito), e Saviano (Gomorra), que me leva a votar em Freixo, Cesar, Gabeira e Marina. " - trecho extraído do "ex-blog" do César Maia
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