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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

E o semianalfabeto político?!




Há exatos 124 anos, nascia o dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX, Eugen Bertholt Friedrich Brecht (Augsburg, 10 de fevereiro de 1898 — Berlim Leste, 14 de agosto de 1956), cujos trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido a partir das apresentações de sua companhia o Berliner Ensemble realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955. É atribuído à sua autoria o célebre texto Analfabeto Político a seguir transcrito:


"O pior analfabeto é o analfabeto político.

Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.

Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.

Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."


Possivelmente muitos já devem ter lido ou ouvido essas instigantes palavras, as quais posso dizer que conheço há cerca de trinta anos, quando ainda me encontrava cursando o ensino médio, época em que também me interessei em participar do movimento estudantil secundarista.


Confesso que, por muito tempo, deparei-me com um comportamento social anti-política no Brasil, o qual muitas das vezes parecia prevalecer. Inclusive muitos manifestavam total falta de consciência sobre a relação entre os seus problemas e a política.


De uns tempos para cá, porém, parece que a participação da sociedade brasileira em alguns assuntos da política aumentou um pouco, o que acredito ter sido em razão do expansionismo da internet e, principalmente, das redes sociais. Logo, com tanta proximidade de notícias, contatos imediatos uns com os outros, facilidade para protestar, receber e divulgar vídeos, as pessoas começaram a participar mais, inclusive demonstrando maior hostilidade aos políticos.


Todavia, sempre questiono qual o nível dessa politização dos tempos atuais ou se as pessoas teriam hoje uma maior consciência das causas e efeitos dos seus problemas coletivos.


Penso que hoje predomina um certo semianalfabetismo na política que é fruto de uma deficiência na formação, da radicalização de ideias, da falta de reflexão e da própria superficialidade das nossas relações.


Assim sendo, se eu fosse me basear no texto do saudoso Bertholt Brecht para tentar definir o semianalfabeto político, escreveria  dessa maneira:


"O pior analfabeto político talvez seja o semianalfabeto.

Ele ouve apenas o que lhe interessa, fala sem nenhum senso crítico, e somente participa dos acontecimentos políticos que considera convenientes.

Ele ignora que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas de um presidente insano.

O semianalfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito com uma camisa verde e amarela dizendo que odeia o PT.

Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce o político corrupto, o deputado religioso que se diz "escolhido por Deus" e o pior de todos os maus políticos, que é o fascista, nazista, genocida e, igualmente, um lacaio das empresas nacionais e multinacionais."


Sinceramente, meus leitores, acho que o analfabeto político ainda é menos ofensivo e danoso para a sociedade do que os semi...


OBS: Foto de Bertolt Brecht em 1931

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