Nunca, desde o fim da Guerra Fria, que se falou tanto no Brasil sobre o fantasma do "comunismo" quanto nos últimos anos. E, para o meu espanto, as pessoas que hoje espalham essa conversa fiada, bradando aos quatro cantos que "a minha bandeira jamais será vermelha", parecem desconhecer o que significa tal coisa.
A princípio, digo que seria impossível existir um Estado "comunista"! Pois, ainda que se use o termo comunismo de forma intercambiável e genérica, basta lermos um pouco dos escritos de Karl Marx para percebermos a sua real conceituação.
De acordo com a teoria marxista, o conflito de classes existente nas sociedades capitalistas levaria a uma a revolta dos trabalhadores contra as relações de produção, resultando em uma "revolução proletária" que, se vitoriosa, levaria ao estabelecimento do socialismo. Este seria um sistema socioeconômico baseado na propriedade social dos meios de produção, distribuição fundada na contribuição própria e produção organizada diretamente para uso da coletividade.
Todavia, à medida que as forças produtivas continuassem a avançar, o socialismo já implantado, segundo Marx, seria transformado em uma sociedade comunista. Ou seja, uma sociedade sem classes, sem Estado e igualitária, baseada na propriedade comum e na distribuição conforme as necessidades de cada um.
Assim, dentro da visão da ideologia marxista, poderíamos, em tese, admitir a hipótese do estabelecimento de uma sociedade comunista, caso o socialismo fosse implantado pela via revolucionária e desse certo a ponto de conseguir evoluir para um estágio em que o próprio Estado se tornaria desnecessário.
Na prática, não vimos isso ocorrendo em lugar nenhum do mundo. Houve sim, durante o século XX, revoluções socialistas em alguns países como na Rússia, ocasião em que os bolcheviques liderados por Vladimir Lenin tomaram o poder em outubro de 1917. Porém, o que acabou acontecendo foi a formação de um Estado totalitário de esquerda em 1922. Isto é, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, conhecida pela sigla URSS, cuja extinção se deu logo no início dos anos 90.
Entretanto, o fim da URSS não gerou o tão desejado comunismo pois o que assistimos foi o surgimento de uma Rússia capitalista, embora seja uma das maiores economias mundiais e uma potência militar com um vasto arsenal atômico. Porém, no aspecto político, trata-se de uma federação democrática, cujos Poderes estatais são independentes entre si, havendo ainda um Legislativo bicameral e uma Constituição. Por mais autoritário que possa ser, o atual presidente, Vladimir Putin, é eleito através do voto livre, popular, direto, universal e secreto.
Por sua vez, China, Coréia do Norte, Laos, Vietnã e Cuba não podem ser considerados comunistas, embora politicamente mantenham o modelo de Estado totalitário de esquerda não muito diferente da antiga URSS. Aliás, desde 1976, quando Mao Tse-Tung morreu e Deng Xiaoping conquistou o poder, os chineses optaram por trilhar uma economia aberta ainda que o país se declare "socialista". Porém, todas essas cinco repúblicas, sobreviventes sob um sistema de partido único podem ser consideradas como autoritárias, com fortes restrições remanescentes em muitas áreas, principalmente em relação à internet, à imprensa, à liberdade de reunião, aos direitos reprodutivos e à liberdade de religião.
Outrossim, em países democráticos onde partidos comunistas participaram do poder governamental e/ou parlamentar, a exemplo da África do Sul, Nepal e Índia, o que se verificou na prática foi a administração de um Estado capitalista com políticas de promoção do bem estar social. Isto é, não chegou a ocorrer uma ruptura revolucionária.
Feita toda essa explanação, voltemos então à pergunta sobre como seria se o Brasil se tornasse "comunista". E aí respondo que para ocorrer essa real experimentação somente se for numa sociedade internacional, sem nenhum Estado existindo em qualquer parte do mundo. Até mesmo porque se a instituição estatal não for completamente abolida, por óbvio que a mesma será utilizada para reprimir a propriedade comum dos meios de produção e o livre acesso aos artigos de consumo.
Portanto, para que o Brasil seja comunista, além de não mais poder existir qualquer Estado, quer seja o brasileiro, o norte-americano, o russo, o chinês, o francês, o alemão, o argentino, o cubano, o venezuelano, dentre outros, também terá que ser abolida a propriedade privada e todos terem acesso à produção de riquezas, conforme suas respectivas necessidades. Precisaria haver um avanço científico e tecnológico capaz de eliminar a pobreza no mundo, acompanhado ainda de uma educação de qualidade que forme cidadãos compromissados com o bem comum.
Finalmente, pode-se concluir que essa sociedade ideal jamais será alcançada se a humanidade não passar por uma elevação ética porque, do contrário, a chegada de qualquer grupo ao poder político continuará sendo um decepcionante desastre. Ainda mais num país individualista e sem respeito pelo bem comum como é o nosso Brasil afundado até hoje num lamaçal de corrupção.
O que o comunismo causou?
ResponderExcluirO genocídio de 10 milhões de ucranianos - conhecido como "Holodomor" - e de 2 milhões de outros durante a fome de 1932 e 1933. As deportações de polacos, ucranianos, bálticos, moldavos e bessarábios entre 1939 e 1941 e entre 1944 e 1945. A deportação dos alemães do Volga. A deportação dos tártaros da Crimeia em 1943.
Quantos o comunismo matou na China?
Especialistas acreditam que o número de mortes reportado pelo governo seja seriamente reduzido. Muitos professores e acadêmicos estimam que o número de "mortes anormais" esteja entre 15 milhões a 55 milhões.
Quantos judeus russos Stalin matou?
Para erradicar aqueles considerados "inimigos da classe trabalhadora", instituiu o "Grande Expurgo", no qual mais de um milhão de pessoas foram presas e pelo menos 700 mil executados entre 1934 e 1939.
Onde o comunismo funciona?
Atualmente, os Estados comunistas existentes no mundo encontram-se na China, Cuba, Laos e Vietname.
Folha de S.Paulo - Comunismo matou 110 milhões O comunismo matou 110 milhões de pessoas, o que representa dois terços do total de vítimas provocadas no século 20 por todos os regimes ditatoriais.
O Parlamento Europeu equiparou os regimes comunistas aos fascistas e nazis, condenando as atrocidades cometidas por ambos os regimes totalitários.
A questão é que isso não pode ser chamado de comunismo. Eram regimes totalitários de esquerda. Não entrei no mérito das atrocidades e violações de direitos humanos cometidas, as quais repudio. Porém, nenhuma dessas experiências se aproximou do ideal comunista de Marx.
Excluir