Lendo o livro bíblico de Provérbios, na manhã de hoje (01/09), encontrei as palavras preciosas deste verso que passo a transcrever para vocês:
"Melhor é o longânimo do que o herói de guerra,e o que domina o seu espírito,do que o que toma uma cidade"(Pv 16:32; ARA)
Meditando a respeito do assunto, considerei que nem sempre ganhar uma luta é a melhor vitória que um guerreiro sábio pode ter.
No caso das guerras, quando o exército de um povo toma a cidade do adversário, não significa necessariamente um bom resultado. Isto porque, além da administração do território ocupado, há que se contabilizar as baixas, os gastos financeiros, os danos sofridos em ambos os lados do conflito, o tempo perdido, etc.
Aliás, esse assunto é algo que lembra um episódio da História Antiga quando Pirro, rei do Epiro e da Macedônia, invadiu a Apúlia, por volta de 279 a.C., ocasião em que o seu exército enfrentou os romanos na Batalha de Ásculo, saindo vencedor. Os inimigos perderam 6.000 homens, mas o monarca sofreu uma baixa de 3.500, tornando-se um duro golpe, de modo que ele não aguentaria outro desfalque semelhante contra os romanos.
Creio que o pensamento também se aplique aos demais aspectos da nossa vida em que teimamos por ser reconhecidos como vitoriosos numa questão. Seja nos negócios, nas controvérsias de vizinhança, nas relações de trabalho, na política local ou num litígio judicial. É quando acabamos nos desgastando e muitas vezes deixando de obter os ganhos maiores de uma composição amigável. Ou ainda de ceder.
Por outro lado, devemos também levar em conta que o suposto adversário pode, num outro contexto, ser um ótimo aliado, bastando que para isso possamos alargar os nossos horizontes. E aí cabe outro exemplo baseado nas guerras, embora mais recente. Foi quando Saddam Hussein, mesmo após ter se rebelado contra os EUA, continuou sendo um mal tolerado por George Bush ao vencer a Guerra do Golfo em 1991. Só que, na década seguinte, o seu filho, George W. Bush, quando resolveu derrubar o regime do ditador iraquiano, acabou permitindo que os terroristas do Estado Islâmico dominassem parte do Oriente Médio.
Assim também, quando toleramos certos líderes, empresas ou autoridades, evitamos que o ambiente se torne ainda mais desfavorável. E aí não vejo muita dificuldade de compreendermos a aplicação dessa ideia.
Entretanto, o texto bíblico citado exalta o caráter de quem é "longânimo" e "domina o espírito", o que nos leva ao substantivo paciência que, por sua vez, tem a ver com a espera necessária numa negociação. Principalmente em não tomarmos medidas agressivas ou destruidoras deixando que as emoções nos conduzam ao invés da razão.
Neste sentido, é preciso saber dominar as palavras (ou não utilizá-las no calor da ira) e refletir primeiro antes de assumir qualquer posicionamento. Mesmo diante de uma afronta, pode ser melhor não retribuir, mas tentar entender o motivo do comportamento de modo que a exortação de Tiago, o Justo, considerado também o irmão de Jesus, vem muito a nos ensinar, conforme se lê em sua epístola do Novo Testamento cristão:
"Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus" (Tg 1:19-20; ARA)
Finalmente aí chegamos num ponto muito importante que é o fato da ira não gerar aquilo que é justo, mas, ao invés disso, provocar mais injustiças ainda. Logo, quando desejamos por ordem nas coisas, o melhor a se fazer é não permitir que o calor das emoções nos impulsione, mas, sim, exercitar ao máximo a compreensão.
Ótimo final de semana a todos!
OBS: A imagem acima refere-se a uma charge retratando a chegada de Pirro e suas tropas à Itália, conforme extraído do acervo virtual da Wikipédia com créditos autorais a John Leech.
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