Há 189 anos, mais precisamente na manhã de 27 de novembro de 1835, os ingleses James Pratt (1805–1835), também conhecido como John Pratt, e John Smith (1795–1835) eram enforcados em Londres, tendo se tornado os dois últimos a serem executados por "sodomia" no país.
Pratt e Smith vieram a ser presos em agosto daquele ano após, supostamente, terem sido espionados através de um buraco de fechadura fazendo sexo no quarto alugado de outro homem, William Bonill. Este, embora não estivesse presente durante a suposta relação sexual, foi denunciado como cúmplice do crime.
Julgados em 21 de setembro no Tribunal Criminal Central, perante o Barão Gurney (um juiz que tinha a reputação de ser independente e agudo, embora severo), Pratt e Smith foram sentenciados com base na seção 15 da Lei de Ofensas Contra a Pessoa de 1828, que substituiu o Ato de Sodomia de 1533, e foram condenados à morte.
A convicção do suposto crime praticado pelos três homens baseava-se inteiramente no que o proprietário e sua esposa afirmavam ter testemunhado pelo buraco da fechadura, não havendo nenhuma outra evidência contra eles.
Comentadores modernos lançaram dúvidas sobre seu depoimento, com base no estreito campo de visão proporcionado por um buraco de fechadura e os atos (alguns anatomicamente impossíveis) que o casal alegou ter testemunhado durante o breve período de tempo que estiveram olhando.
O magistrado Hensleigh Wedgwood, que havia levado os três homens a julgamento, posteriormente escreveu ao Ministro do Interior, Lord John Russell, defendendo a comutação das sentenças de morte, declarando:
"É o único crime em que nenhum indivíduo é ferido e, em conseqüência, exige-se uma despesa muito pequena para cometê-lo de maneira tão privada e para tomar as precauções que tornem impossível a condenação. É também o único crime capital cometido por homens ricos, mas, devido às circunstâncias que mencionei, eles nunca são condenados."
Embora Wedgwood fosse um indivíduo profundamente religioso, ele contradizia a visão predominante de que o sexo gay era prejudicial. Ele também citou a injustiça de que apenas os homens mais pobres eram punidos. Mesmo se um homem rico fosse preso, ele teria os recursos para pagar a fiança e depois fugir para o exterior. No entanto, apesar desse grau de simpatia, Wedgwood descreveu os homens como "criaturas degradadas" em outra carta.
Dezessete indivíduos foram condenados à morte nas sessões de setembro e outubro do Tribunal Criminal Central por crimes que incluíram furto, roubo e tentativa de homicídio. Em 21 de novembro, todos receberam a remissão de suas sentenças de morte sob a Prerrogativa Real de Misericórdia, com exceção de Pratt e Smith.
Curiosamente, no Brasil, desde o Código Criminal de 1830, a homossexualidade havia deixado de ser prevista como crime como ocorria nas Ordenações Filipinas (legislação da época colonial), sem que houvesse, a partir daí, qualquer referência na nova legislação penal ao vocábulo "sodomia".
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