Há exatos 243 anos, mais precisamente em 29 de novembro de 1781, a tripulação do navio negreiro britânico Zong matava dezenas de africanos escravizados ao mar para reivindicar o seguro, dando início ao episódio que ficou conhecido como o "Massacre do Zong".
Depois que o navio negreiro havia chegado ao porto de Black River, na Jamaica, os donos da embarcação fizeram uma reclamação às seguradoras pela perda dos africanos escravizados. Porém, quando as empresas se recusaram a pagar, os processos judiciais resultantes sustentaram que, em algumas circunstâncias, o assassinato de africanos escravizados era legal e que as seguradoras poderiam ser obrigadas a pagar por aqueles que morreram.
A princípio, o júri decidiu pelos traficantes de escravos,l. Porém, em uma audiência de apelação subsequente, os juízes decidiram contra os escravagistas devido às novas evidências que sugeriram a culpabilidade do capitão e da tripulação.
Após o primeiro julgamento, Olaudah Equiano, um liberto, trouxe a notícia do massacre ao abolicionista Granville Sharp que trabalhou sem sucesso para que a tripulação do navio fosse processada por assassinato.
Por causa da disputa legal, os relatos do massacre receberam maior publicidade, estimulando o movimento contra a escravidão no final do século XVIII e início do século XIX. Inclusive, os eventos de Zong foram cada vez mais citados como um poderoso símbolo dos horrores da "Passagem do Meio", a rota transoceânica pela qual os africanos escravizados eram trazidos para o Novo Mundo.
Parece inacreditável, mas isso acontecia nos tempos em que houve escravidão no mundo e o tráfico transatlântico de seres humanos, sendo estes tratados como se fossem uma mercadoria, a carga de um navio...
OBS: Imagem da obra The Slave Ship (1840), uma representação do pintor inglês Joseph Mallord William Turner (1775 — 1851) do assassinato em massa de pessoas escravizadas, inspirada nos assassinatos do Zong.
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