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domingo, 15 de janeiro de 2017

SOS Amazônia




Se os governos petistas deram uma menor importância à Amazônia em relação ao desenvolvimento sócio-econômico, privilegiando o crescimento predatório do país, inegavelmente Temer tem demonstrado ainda menos consciência ambiental. O atual presidente pode até merecer alguns aplausos pela boa política externa que adotou, dando condições para o nosso ministro José Serra desalinhar o Brasil com os Estados de regime bolivarianista (principalmente a Venezuela), mas deve receber nota zero no que diz respeito à proteção do meio ambiente.

Lendo uma matéria no portal da ONG GreenpeaceGoverno abre as portas para o desmatamento no Pará, a qual comenta sobre as Medidas Provisórias 758/2016 e a 756/2016, editadas no dia 20/12, que alteram os limites de quatro unidades de conservação da natureza, por reduzirem o nível de proteção legal e incentivarem a permanência dos posseiros nas áreas, pude ver o quanto a situação ecológica anda preocupante na Região Norte:

"A MP 758 altera os limites do Parque Nacional do Jamanxim e da Área de Proteção Ambiental do Tapajós em favor do Ferrogrão, linha férrea de transporte de grãos que planejada para ligar Mato Grosso ao Pará. Por sua vez, a MP 756 reconfigura os limites da Floresta Nacional (Flona) do Jamanxim e do Parque Nacional do Rio Novo, além de criar a Área de Proteção Ambiental do Jamanxim. Todas essas UCs estão localizadas no Pará. Mesmo com recomendação do Ministério Público em agosto desse ano pela suspensão de qualquer alteração da Flona do Jamanxim, que já tem seu território cortado pela BR-163, o governo seguiu adiante com a ideia de enfraquecer a preservação da região. O ato abre o caminho para a regularização de dezenas de estabelecimentos rurais localizados dentro da Flona, além de abrir também um perigoso precedente (...) A Flona perdeu no total 743,5 mil hectares. Desse total, 304,8 mil foram para a recém-criada Área de Proteção Ambiental Jamanxim, onde está a maioria dos posseiros, que praticam em sua maioria a pecuária e agora podem ser regularizados. O restante foi para o Parque Nacional Rio Novo. Essa mudança pode facilitar a instalação de obras de infraestrutura e a ocupação de áreas que antes eram destinadas a conservação e uso sustentável da floresta."

O fato é que, em 2016, o Brasil teve um aumento de quase 30% na taxa de desmatamento da Amazônia. Para nos basearmos em dados oficiais, eis que, só no período de agosto de 2015 a julho de 2016, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou uma taxa de 7.989 quilômetros quadrados (km2) de remoção total da cobertura da floresta por corte raso. Só o estado do Pará teve 3.025 km2 de sua área devastada, o que representa a maior taxa de desmatamento na Amazônia Legal muito embora o Amazonas tenha sido a unidade federativa com o maior aumento, correspondendo a uma devastação 54% superior à registrada entre 2014 e 2015. 

Lamentavelmente, esse quadro negativo se explica pela anistia dada a desmatadores, prevista no atual Código Florestal, juntamente com o fato do país estar criando uma quantidade menor de áreas protegidas. E, a este respeito, a bancada ruralista no Congresso Nacional vem conseguindo levar adiante os seus projetos nocivos que, embora proporcionem um enriquecimento imediato aos grandes produtores no campo, certamente custarão bem caro às futuras gerações quando os nossos filhos, netos e bisnetos começarem a sofrer cada vez mais com a escassez de água e a desertificação das terras férteis.

Confesso andar bem pessimista com o problema do desmatamento pois os cenários políticos interno e externo não parecem nada favoráveis hoje. Ainda mais com a eleição de Donald Trump que pode romper com o Acordo de Paris, sendo provável que os Estados Unidos pressionarão menos o Brasil para cuidar da maior floresta tropical do planeta. E, por sua vez, o que temos de militantes defensores do meio ambiente aqui correspondem a uma meia dúzia de pessoas de uma classe média culta pois a população, em sua maior parte, está buscando satisfazer as suas necessidades mais básicas. E, desta maneira, um pobre que mal ganha o suficiente para manter sua família hoje dificilmente irá tomar consciência da importância de salvarmos a Amazônia. 

Talvez uma das melhores soluções que temos para conservarmos o patrimônio natural será pela tentativa de atribuição de valor econômico, o que vai exigir muita criatividade dos ambientalistas no desenvolvimento de projetos voltados para os municípios amazônicos. Ou seja, precisaremos de pessoas visionárias que, nessa economia de mercado selvagem e desigual, consigam criar atrativos para manter a floresta de pé.


OBS: Imagem acima extraída do arquivo da Agência Brasil.

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