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quinta-feira, 20 de março de 2014

Enganos do coração



"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto [ou incuravelmente enfermo]; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9; ARA)

No capítulo 17 do livro de Jeremias, lemos o profeta denunciando o pecado de sua geração. Nota-se, através do texto sagrado, que as pessoas daquela época decadente estavam inclinadas permanentemente para fazerem o mal apesar de toda a cultura religiosa característica do povo (versos 1 e 2). Daí podemos compreender as ameaças de castigo registradas pelo autor bíblico, isto é, as consequências dos atos ruins punidos através da invasão militar estrangeira dos caldeus seguida de um cativeiro servil na terra dos adversários (v.v. 3 e 4).

Toda aquela depravação ética estava intimamente relacionada também com a falta de fé! Os últimos reis de Judá confiavam mais em alianças políticas com os grandes impérios do Oriente Próximo do que em Deus, com quem Israel havia firmado seu pacto no Monte Sinai (Êxodo 24). Não queriam submeter-se à vontade soberana do Altíssimo e se deixaram levar pela obstinação de suas mentes. Acreditavam que a fórmula para escaparem dos ataques dos babilônicos seria pedindo o auxílio dos faraós do Egito. Algo que, conforme bem nos ensinam a história judaica e as próprias narrativas bíblicas, acabou se tornando uma articulação inútil quando as tropas de Nabucodonosor cercaram Jerusalém por volta de 586 a.C. Por isso Jeremias fez a seguinte comparação com o arbusto solitário em terra seca desenvolvendo um interessante contraste com a vida de fé do crente:

"Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço [ou a sua força] e aparta o seu coração do SENHOR! Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR. Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto." (v.v. 5-8)

Geralmente quando as pessoas se vêem no calor do aperto, elas tendem a buscar Deus. Pode-se dizer que essa foi a constante reação do povo israelita em sua trajetória na Terra Santa desde quando as doze tribos vieram a conquistar Canaã sob o comando de Josué. O livro de Juízes mostra-nos claramente qual foi a postura daquela nação diante dos problemas quando eles eram oprimidos por outros povos, o que continuou a ocorrer por alguns séculos depois com a monarquia davídica. No entanto, durante os obscuros dias em que viveu Jeremias, nem mesmo a disposição para o arrependimento existia entre a maioria das pessoas.

Meus irmãos, muitas vezes o nível de corrupção no ser humano chega a ser tão grande que o indivíduo pode tornar-se cego quanto à sua condição. Ele vai sendo destruído aos poucos (ou se auto-destruindo) mas prefere negar para si mesmo essa realidade. O coração voltado para as coisas más é capaz de enganá-lo formando raciocínios equivocados.

Ora, pior engano é quando nos tornamos religiosos impenitentes. Trata-se da hipótese em que nos iludimos acreditando que as nossas devoções, confissões, a prática de determinados rituais e até aquelas míseras obras de caridade feitas para aliviar a consciência seriam coisas capazes de nos tornar agradáveis a Deus ou ainda "merecedores" de sua bênção. Por isso o coração do homem em tais circunstâncias pode muito bem criar a sensação de um falso conforto espiritual e mascarar a necessidade da indissociável mudança de atitude. Deste modo, as celebrações aparentemente dirigidas ao Rei do Universo acabam se tornando algo indigesto como um abominável culto idólatra, não se diferenciando, em essência, das condutas dos antigos israelitas quando se desviavam da legislação mosaica e traziam suas oferendas aos asherim (os postes-ídolos que representavam as divindades cananeias).

Contudo o Eterno conhece a cada um melhor do que a nós mesmos e Ele esquadrinha os corações provando os pensamentos (verso 10). Seu amor pelo ser humano não tem fim e, por isso, as duras palavras do profeta trazem nelas mesmas um chamado de misericórdia. Pois está implícito na mensagem bíblica em comento que o povo deveria voltar-se confiantemente para Deus e se apartar do mal caminho. É o que podemos compreender pela bênção dos versículos 7 e 8 já citadas acima.

Meu amados, ter o Senhor como Deus não significa viver livre das dificuldades, mas a diferença para quem despreza a fé seria que o crente verdadeiro consegue manter um outro tipo de enfrentamento ao problema. Sua vida é alimentada por uma esperança eterna e indestrutível. O Altíssimo torna-se o seu sustento em todo o tempo dando-lhe forças e renovando o ânimo afim de que a caminhada tenha sempre continuidade. As aparentes derrotas não são capazes de afastar permanentemente o homem fiel do seu foco porque para ele um tropeço não será sinônimo de queda. Aliás, as lutas que se apresentam consolidam ainda mais a fé no Onipotente, o Guardião de Israel como diz o Salmo 121.

Quando o homem se dispõe a andar com Deus em sinceridade, creio que até os enganos do coração lhe são revelados e fechadas as brechas bloqueando a ação do mal em sua vida. Justamente porque o Pai Celestial quer o melhor para os seus filhos, seu Santo Espírito vem mansamente nos guiar para que modifiquemos as atitudes praticadas a cada dia, iluminando o caminho pelo qual andamos. E assim crescemos em sabedoria e em graça nos degraus da santificação.

Que o Eterno traga esclarecimento interior a cada um de nós!


OBS: A foto acima é oriunda da Embrapa retratando o semi-árido brasileiro, conforme extraído de uma página da Rede Globo em http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2013/07/de-minas-gerais-ao-ceara-caatinga-e-um-bioma-totalmente-brasileiro.html

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