O recente alerta dos Estados Unidos às companhias aéreas sobre os riscos de sobrevoar a Venezuela reacendeu uma preocupação que não é apenas diplomática: é estratégica, humanitária e política. A possibilidade, ainda que remota, de uma intervenção militar americana no país vizinho não pode ser ignorada. Mas, diante dessa ameaça, o que devemos defender é claro: a paz, a soberania e o diálogo como instrumentos de estabilidade regional.
Historicamente, a América Latina já pagou caro por intervenções externas. Guerras, crises econômicas e instabilidade política marcaram o continente quando interesses externos se sobrepuseram às decisões nacionais. Hoje, mais do que nunca, é necessário um posicionamento firme contra qualquer ação que viole a soberania da Venezuela, independentemente de opiniões sobre o governo de Nicolás Maduro. Defender a paz não significa ignorar problemas internos, mas sim proteger vidas e evitar que conflitos regionais se tornem tragédias humanitárias.
A realidade é que a ameaça de um ataque americano, ainda que limitada, gera efeitos imediatos: reforço militar, tensão diplomática e incerteza econômica. A Venezuela, cercada de vizinhos que observam com preocupação, vê sua população e sua infraestrutura em risco. Países da região, incluindo Brasil, Argentina, Colômbia e México, enfrentariam dilemas complexos, mas a tendência histórica e diplomática é buscar a mediação, não a escalada.
O momento exige equilíbrio. A paz não se sustenta apenas em boas intenções: exige realismo geopolítico. A defesa da soberania e da vida deve vir antes de qualquer cálculo de poder ou interesse estratégico. Apoiar a escalada militar seria um erro que afetaria toda a região e deixaria cicatrizes profundas — econômicas, sociais e políticas.
Portanto, é fundamental que governos, instituições e cidadãos latino-americanos se posicionem com firmeza: a região não pode ser palco de uma guerra estrangeira, e a única via responsável é a negociação diplomática, o respeito às fronteiras e a proteção da população civil. Defender a paz não é fraqueza; é, neste contexto, a estratégia mais inteligente e necessária para preservar a América Latina de um desastre evitável.


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