Há exatos 128 anos, mais precisamente em 18 de setembro de 1895, o educador e líder afro-americano estadunidense Booker Taliaferro Washington (1856 – 1915) proferia o histórico discurso da Exposição de Atlanta sobre relações raciais.
Sua fala se deu diante de uma audiência predominantemente branca e começou com um chamado aos negros, que compunham um terço da população sulista dos EUA, para ingressar no mundo do trabalho. Ele declarou que o Sul de seu país era onde os negros tinham sua chance, ao contrário do Norte, especialmente nos mundos do comércio e da indústria.
Washington disse ainda ao público branco que, em vez de depender da população imigrante chegando à taxa de um milhão de pessoas por ano, eles deveriam contratar alguns dos oito milhões de negros do país, tendo elogiado a lealdade, a fidelidade e o amor dos negros no serviço à população branca, embora alertando que eles poderiam ser um grande fardo para a sociedade se a opressão continuasse. Afirmou que o progresso do Sul estava inerentemente ligado ao tratamento dos negros e à proteção de suas liberdades.
Todavia, para o sociólogo, socialista, historiador, ativista pelos direitos civis, pan-africanista, William Edward Burghardt Du Bois (1868 — 1963), considerou o discurso de Washington insuficientemente comprometido com a busca da igualdade social e política dos negros nos EUA.
A meu ver, embora Washington estivesse bem distante do ativismo de Martin Luther King Jr., pois, ao que parece, não fez uso da desobediência civil, suas propostas foram coerentes para o seu tempo pois ele pensou no sustento da população negra do Sul dos Estados Unidos através da inclusão dos ex-escravizados e dos descendentes no mercado de trabalho. Inclusive, ele mesmo havia nascido nesta condição e só conseguiu frequentar a escolar após o fim da Guerra da Secessão, em 1865, quando foi libertado juntamente com sua família.
📷: Imagem de Booker T. Washington, feita por Frances Benjamin Johnston , cerca de 1895.
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