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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Um feriado de festas e de protestos no país




Diferente do clima tenso ocorrido durante a greve geral de sexta-feira (28/04), as comemorações do Dia do Trabalho foram relativamente mais tranquilas com muitos eventos pelo Brasil afora. De acordo com o G1,

"Na capital paulista, atos de centrais sindicais ocorreram por toda a cidade. A Força Sindical se reuniu na Praça Campo de Bagatelle. A programação de shows tinha Zezé Di Camargo e Luciano, Michel Teló e Bruno e Marrone. A festa que, segundo Paulinho da Força, presidente da associação, custa até R$ 3 milhões contava com patrocínio da Odebrecht até o ano passado. A Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) marcou outro ato com apresentações no Sambódromo do Anhembi (...) Em São José dos Campos, no entanto, moradores fizeram fila para saborear a tradicional macarronada da Festa do Trabalhador no bairro Novo Horizonte (...) Em Cascavel, no oeste do Paraná, o Dia do Trabalhador foi comemorado com o tradicional costelão fogo de chão. Foram assadas 16 toneladas de carne para servir 25 mil pessoas, segundo as expectativas dos organizadores."

Entretanto, nem só de festa vive o trabalhador de modo que protestos também foram organizados tanto em São Paulo como em outras cidades, conforme nos informa o citado portal de notícias da Globo:

"Já a festa da Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizou um ato que começou na avenida Paulista de onde manifestantes seguiram para a Praça da República, onde ocorreram shows de Emicida, MC Guimê e Leci Brandão (...) Convocados por centrais sindicais, manifestantes voltaram a se reunir na Cinelândia, no centro do Rio, para protestar contra as reformas. As pessoas reunidas no local também reclamaram da repressão policial aos protestos da sexta-feira (28). O policiamento foi reforçado na região para evitar as depredações (...) Em Porto Alegre, manifestantes contra reformas trabalhista e da previdência que tramitam no Congresso ocuparam as ruas e chegaram a bloquear um túnel. Em outras cidades, algumas rodovias foram tomadas por passeatas. Foi o que aconteceu em Passo Fundo, onde a BR-285 foi parcialmente bloqueada, e, em Santa Maria, onde RS-287 teve bloqueios, com queima de pneus (...) Milhares de pessoas se concentraram na Praça Oswaldo Cruz, no centro do Recife, de onde partiram para a Praça do Derby. Eles foram convocados por centrais sindicais e movimentos sociais, que levaram até trio elétrico para o local para protestar contra as reformas (...) Centenas de trabalhadores se reuniram em Belém, em comemoração pelas conquistas dos trabalhadores, mas também para reclamar contra a reforma trabalhista. Concentrados inicialmente na Praça Waldemar Henrique, no bairro do Reduto, eles caminharam pela avenida Presidente Vargas até a Praça da República. Levavam cartazes e instrumentos musicais, com que fizeram barulho pelas ruas."

Apesar de algumas tensões terem ocorrido em poucas áreas do país, como o absurdo fechamento das rodovias e uma atitude de intolerância no Rio de Janeiro (por causa de um defensor da monarquia que qual portava uma bandeira do Brasil Império e foi forçado a sair do local pelos manifestantes), considero que hoje tivemos reuniões saudáveis. Ou seja, foram protestos que expressam o espírito democrático de um povo em que uma parte da sociedade resolveu sair às ruas contra as reformas trabalhista e previdenciária propostas pelo governo.

Por sua vez, em seu pronunciamento, o presidente mostrou que pretende prosseguir com as mudanças. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Michel Temer defendeu que a criação de empregos ocorrerá de forma "muito mais rápida", inclusive para os mais jovens, com a reforma trabalhista defendida pelo governo, como se lê a seguir:

"Meus amigos, minhas amigas,
O 1º de maio deste ano marca um momento histórico. Iniciamos nova fase, uma fase em favor do emprego.
Estamos fazendo a modernização das leis trabalhistas e você terá inúmeras vantagens. Primeiro, vamos criar mais empregos.
Segundo, todos os seus direitos trabalhistas estão assegurados. Com a modernização trabalhista aprovada pela Câmara dos Deputados, a criação de postos de trabalho, inclusive para os jovens, ocorrerá de forma muito mais rápida.
A nova lei garante os direitos não só para os empregos diretos, mas também para os temporários e terceirizados. Todos com carteira assinada. Portanto, concede direitos àqueles trabalhadores que antes não tinham. Empresários e trabalhadores poderão negociar acordos coletivos de maneira livre e soberana. O diálogo é a palavra de ordem.
Além de mais empregos, o resultado será mais harmonia na relação de trabalho, e, portanto, menos ações na Justiça. As empresas que pagarem salário diferente para homens e mulheres que exercem a mesma função em locais idênticos de trabalho, serão punidas. O salário há de ser o mesmo. O mesmo vale se houver discriminação salarial relacionada à etnia, nacionalidade ou idade.
Todas essas mudanças se somam a outras medidas importantes, já tomadas pelo governo, em benefício dos trabalhadores. Vou lembrar que nós liberamos, pela primeira vez, as chamadas contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, para que o trabalhador possa usar um dinheiro que é seu por absoluto direito. Nos dois últimos meses [R$] 15 bilhões já foram devolvidos aos trabalhadores. Até julho serão quase R$ 40 bilhões. Um recurso que faz toda a diferença na hora de você pagar uma dívida, comprar um bem, abrir um pequeno negócio, fazer uma viagem.
Ainda pensando na família brasileira, nós lançamos o Cartão Reforma. São em torno de R$ 5 mil para você reformar sua casa com obras necessárias: ampliar um quarto para os filhos, melhorar o banheiro, melhorar a cozinha. Não é um empréstimo, é um dinheiro para você, que não terá de devolvê-lo. Além de melhorar sua casa, movimentará a economia e gerará emprego.
Isso me faz lembrar nossa maior preocupação: há menos de um ano recebemos um país com muitos milhões de desempregados. O desemprego ainda persiste, mas estamos trabalhando o tempo todo para mudar esse quadro: baixamos a inflação de 10,7% o ano para 4,5 % ao ano. A área econômica está recuperando a confiança do país. Isto significa que você terá a abertura de mais empregos muito brevemente.
Finalmente, ao cumprimentar o trabalhador, trago essa mensagem de otimismo e harmonia entre todos os brasileiros. É com trabalho que vamos vencer nossas dificuldades. Os resultados já começam a aparecer.
Acredite no Brasil, acredite na força de cada um em transformar o nosso País. Muito obrigado e bom trabalho."

A meu ver, é preciso que haja mesmo mais diálogo e cabe ao Legislativo desempenhar esse papel. Por isso, considero que foi um erro a Câmara dos Deputados ter aprovado o regime de urgência para aprovar a reforma trabalhista pois acaba reduzindo as oportunidades para a sociedade poder compreender melhor as mudanças e discutir com profundidade cada ponto considerado polêmico.

Por outro lado, há que se considerar sempre qual o nível de legitimidade do atual governo para tentar mexer em assuntos tão delicados uma vez que Temer não foi eleito para o cargo que ocupa (tornou-se presidente com o impeachment de Dilma Rousseff) e goza hoje de uma baixíssima popularidade, além de que muitos membros do Congresso Nacional encontram-se investigados por corrupção na Operação Lava Jato. Logo, tendo em vista o momento de crise política atravessado pelo país, o momento não parece ser apropriado se para votar essas mudanças.

Assim sendo, espero que o recado das ruas seja ouvido. Pois em que pese tais protestos estarem sendo organizados pelos sindicalistas ligados à esquerda, as manifestações contrárias às reformas contam com o apoio de vários setores da sociedade brasileira, inclusive por outras centrais de trabalhadores além da CUT. de modo que podemos falar de uma unidade entre elas. Por isso, concordo plenamente com as palavras ditas hoje pelo deputado federal Paulinho da Força (SD-SP):

"A paralisação de sexta mostrou a força do movimento. Continuamos buscando a negociação, queremos um diálogo civilizado, queremos que o governo sente para negociar e queremos mudar a reforma da Previdência. Eles querem enfiar guela abaixo dos trabalhadores uma reforma que a gente não aceita. Eles têm que entender que tem que dialogar com a população para fazer uma reforma justa e civilizada"

Que haja mais diálogo! 


OBS: Créditos autorais da imagem acima atribuídos a Sumaia Villela/Agência Brasil, conforme consta em http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-05/no-recife-dia-do-trabalho-tem-manifestacao-contra-reforma-trabalhista

2 comentários:

  1. Bom dia
    Vocês aí dizem dia do trabalho. Nós cá, é dia do trabalhador. Também houveram manifestações, sem incidentes.
    Gostei da postagem

    Bjos ;-)

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    Respostas
    1. Bom dia, Larissa.

      Obrigado por sua visita e comentários.

      Aqui no Brasil, usa-se as duas denominações. Porém, há quem questione que dia do trabalho não se aplique porque se trata da atividade e que necessariamente pode não ter a ver com o trabalhador que vende sua força laboral no mercado de mão-de-obra. Mas para mim, se falo do trabalho, estou também incluindo universalmente todas as categorias de trabalhadores, inclusive os que não estão dentro da relação empregatícia.

      Obrigado mais uma vez por participar e ótima semana pra você.

      Beijos

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