O Congresso Nacional promulgou recentemente a Emenda Constitucional nº 138/2025, uma medida que promete impactar positivamente a carreira dos professores da rede pública, ao mesmo tempo em que oferece uma contribuição para reduzir o déficit de docentes conhecido como “apagão no magistério”.
O que muda com a emenda?
Até então, a Constituição Federal permitia que professores acumulassem dois cargos de magistério ou um cargo de professor com outro cargo técnico ou científico, desde que respeitados horários compatíveis e limites remuneratórios. A nova emenda amplia essas possibilidades, permitindo que um professor possa acumular seu cargo docente com qualquer outro cargo público remunerado, mantendo sempre a compatibilidade de horários e respeitando o teto constitucional de salários.
Tecnicamente, a alteração foi feita no artigo 37, inciso XVI, alínea “b”, que antes limitava o acúmulo remunerado do cargo de professor a outro cargo técnico ou científico. Com a nova redação, qualquer cargo público remunerado pode ser acumulado, oferecendo maior segurança jurídica e estabilidade para os docentes.
Segundo parlamentares que defenderam a medida, a emenda oferece segurança jurídica e estabilidade aos professores, que agora poderão conciliar a carreira docente com outras funções públicas sem receio de infringir normas legais. Além disso, a medida amplia as oportunidades de renda e incentiva a permanência de profissionais no magistério.
Benefícios para os professores
A medida representa um avanço significativo para os docentes. Ela permite que:
- Professores mantenham sua carreira na educação pública mesmo quando assumem outro cargo público;
- Possam aumentar sua renda sem precisar abandonar a sala de aula;
- Tenham mais previsibilidade e segurança jurídica, evitando litígios e questionamentos sobre o acúmulo de funções.
Essa maior estabilidade e atratividade pode contribuir para reduzir a evasão da carreira docente, um fator que historicamente contribui para a escassez de profissionais em determinadas regiões e disciplinas.
Contribuição para o combate ao "apagão no magistério"
O Brasil enfrenta um déficit significativo de professores, especialmente em áreas remotas, disciplinas específicas como matemática, física e química, e níveis como educação infantil e ensino fundamental. Estimativas recentes indicam que, se mantido o ritmo atual de formação e ingresso de professores, até 2040 poderão faltar cerca de 235 mil docentes para atender à demanda educacional.
A emenda aprovada pelo Congresso pode atenuar esse problema, pois ajuda a reter professores na carreira e aumentar a atratividade do magistério. Ao permitir que os docentes conciliem o ensino com outro cargo público remunerado, a medida reduz a saída de profissionais da educação e oferece uma forma de manter mais professores ativos nas salas de aula.
Limites da medida e a necessidade de ações estruturais
Apesar do impacto positivo, é importante destacar que o “apagão no magistério” é um problema estrutural. A emenda não resolve questões como:
- Baixos salários em algumas regiões e disciplinas;
- Infraestrutura insuficiente nas escolas;
- Falta de valorização e formação contínua de professores;
- Distribuição desigual de docentes entre regiões e redes de ensino.
Para uma solução mais completa, é fundamental que políticas públicas complementares sejam implementadas, tais como:
- A implantação efetiva do piso salarial nacional do magistério, garantindo remuneração digna;
- Investimentos em condições de trabalho, infraestrutura escolar e recursos didáticos;
- Programas de formação e valorização docente, incentivando a entrada de novos profissionais na carreira e reduzindo a evasão.
Somente com a combinação dessas medidas estruturais será possível enfrentar de forma consistente o déficit de professores e assegurar educação de qualidade para todos os estudantes brasileiros.
Conclusão
A promulgação da Emenda Constitucional nº 138/2025 representa um avanço relevante para a carreira docente e oferece um instrumento concreto para atenuar o apagão no magistério. Contudo, é fundamental compreender que essa medida é apenas uma parte da solução. A valorização integral dos professores, com salários justos, melhores condições de trabalho e políticas de formação e permanência, continuará sendo essencial para garantir o futuro da educação pública no Brasil.
📝Nota: A promulgação da Emenda Constitucional nº 138/2025 também traz implicações para o planejamento municipal. Com a possibilidade de acumular cargos, os municípios precisarão atualizar a gestão de pessoal, garantindo compatibilidade de horários e controle sobre a remuneração. Ao mesmo tempo, a medida oferece maior previsibilidade para reduzir o déficit de professores, permitindo melhor planejamento da equipe docente. No entanto, ela não substitui a necessidade de políticas estruturais, como valorização salarial, boas condições de trabalho e programas de formação continuada, essenciais para enfrentar de forma consistente o apagão no magistério.






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