Faltam exatos dez meses para o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. Porém, na prática, eis que o pleito já se inicia no dia 24/01 com o julgamento em segunda instância do ex-presidente Lula pelo TRF da 4ª Região. Ou seja, caberá aos desembargadores confirmarem ou não a condenação do líder petista por corrupção tornando-o, consequentemente, inelegível por oito anos, segundo prevê a Lei da Ficha Limpa.
Até o momento, Lula aparece em primeiro lugar nas intenções de voto, seguido pelo direitista Jair Bolsonaro. Senão vejamos o que mostram alguns resultados da última pesquisa do Datafolha feita no começo de dezembro/2017 e que não difere muito dos dados do Ibope:
Cenário 1 (com Marina, Joaquim Barbosa, Temer e Meirelles):Lula (PT): 34%Jair Bolsonaro (PSC): 17%Marina Silva (Rede): 9%Geraldo Alckmin (PSDB): 6%Ciro Gomes (PDT): 6%Joaquim Barbosa (sem partido): 5%Alvaro Dias (Podemos): 3%Manuela D´Ávila (PCdoB): 1%Michel Temer (PMDB): 1%Henrique Meirelles (PSD): 1%Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%Em branco/nulo/nenhum: 12%Não sabe: 2%
Cenário 2 (com o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa):
Lula (PT): 37%Jair Bolsonaro (PSC): 18%Geraldo Alckmin (PSDB): 8%Ciro Gomes (PDT): 7%Joaquim Barbosa (sem partido): 6%Alvaro Dias (Podemos): 4%Manuela D’Ávila (PCdoB): 1%Guilherme Boulos (sem partido): 1%Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%Em branco/nulo/nenhum: 14%Não sabe: 3%
Cenário 3 (com Meirelles):
Lula (PT): 37%Jair Bolsonaro (PSC): 19%Geraldo Alckmin (PSDB): 9%Ciro Gomes (PDT): 7%Alvaro Dias (Podemos): 4%Manuela D’Ávila (PCdoB): 2%Henrique Meirelles (PSD): 1%Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%Guilherme Boulos (sem partido): 1%Em branco/nulo/nenhum: 14%Não sabe: 5%
Cenário 4 (com Marina):
Lula (PT): 36%Jair Bolsonaro (PSC): 18%Marina Silva (Rede): 10%Geraldo Alckmin (PSDB): 7%Ciro Gomes (PDT): 7%Alvaro Dias (Podemos): 4%Manuela D’Ávila (PCdoB): 1%Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%Guilherme Boulos (sem partido): 1%Em branco/nulo/nenhum: 13%Não sabe: 2%
Cenário 5 (com Doria e Marina)
Lula (PT): 36%Jair Bolsonaro (PSC): 18%Marina Silva (Rede): 11%Ciro Gomes (PDT): 7%João Doria (PSDB): 5%Alvaro Dias (Podemos): 4%Manuela D’Ávila (PCdoB): 1%João Amoêdo (Partido Novo): 1%Paulo Rabello de Castro (PSC): 1%Guilherme Boulos (sem partido): 1%Em branco/nulo/nenhum: 14%Não sabe: 2%
Em todas essas simulações, teríamos um segundo turno polarizado entre os dois candidatos de tendências políticas opostas, já com intenções de votos se consolidando, sendo um de esquerda e o outro de direita. Porém, isto não traz uma total segurança para os setores moderados da sociedade e para os mercados. Mesmo com a recente filiação de Bolsonaro ao PSL do Luciano Bivar, a nota por eles assinada dia 05/01 não condiz com o histórico do pré-candidato.
É certo que, com o provável improvimento do recurso de Lula, teremos uma mudança radical do cenário eleitoral e que abriria oportunidades para outros candidatos mais próximos do centro, como Marina Silva, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes ou Álvaro Dias a fim de que possam seguir para uma disputa de segundo turno com Bolsonaro. Neste caso, qualquer um deles captaria o apoio da esquerda ou de uma parte significativa dela. Principalmente se o(a) concorrente for Marina Silva ou Ciro Gomes.
Entretanto, considero o que vem dizendo o ex-presidente Fernando Henrique ultimamente manifestando uma visão bem realista sobre as eleições. Segundo ele, caso apareça um candidato à Presidência capaz de unir o centro, os tucanos devem apoiá-lo, mesmo que não pertença ao PSDB. E, embora várias lideranças do partido não estejam ainda compreendendo esse posicionamento de FHC, justamente por não alcançarem o seu pensamento de estadista, entendo que o momento deve ser o de união das forças de centro na política brasileira tal como se viu em 2016 no segundo turno das eleições para a Prefeitura do Rio de Janeiro, a qual ficou entre o conservador Marcello Crivella (PRB) e o esquerdista Marcello Freixo (PSOL).
Certo é que, na hipótese de Lula se tornar inelegível, mesmo vindo a ser preso antes de outubro, ainda assim ele poderá influenciar nas eleições levando o candidato de sua preferência para um segundo com Jair Bolsonaro. Com isto, teríamos novamente uma eleição ideologicamente polarizada e, independentemente do resultado no segundo turno, a tendência de radicalização persistiria pelos próximos quatro anos, o que considero péssimo.
Como já havia exposto FHC no dia 03/01, "nada há mais distante de sua ação e de seu pensamento do que enfraquecer a candidatura presidencial do PSDB". Sua ideia é a de não descartar o apoio a outro nome para evitar a fragmentação do centro, o que significa, antes de mais nada, ser realista. Senão vejamos o que ele disse:
"Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos (do PSDB), tem que apoiar essa pessoa".
A meu ver, partidos como o PSDB, o Podemos, a Rede Sustentabilidade e até o PDT precisam desde já começar a estabelecer pontes entre si. E, neste sentido, vejo que uma composição entre Geraldo Alckmin e Marina Silva seja uma boa alternativa assim como podem os tucanos não ter um nome na disputa presidencial, passando a apoiar uma chapa Marina Silva com Álvaro Dias, por exemplo, ao mesmo tempo em que o partido lançaria alguns dos seus candidatos próprios para concorrerem à governança dos estados e ao Senado com o apoio das outras legendas aliadas.
Enfim, este é um momento de estratégia na política nacional, não de vaidades. É hora dos grupos moderados se unirem em prol do desenvolvimento da democracia e de uma política equilibrada que sirva de alternativa tanto para o PT de Lula quanto para o direitista Jair Bolsonaro, consolidando votos do eleitorado para um terceiro nome de centro.
Ótima semana a todos!
OBS: Imagem acima extraída do Instituto FHC para divulgação.
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