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sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Um símbolo da democracia e da cultura ocidental



Ganhei esse belo suporte para copos de uma prima, filha de um pai grego, que mora no Município de Piraí. Na verdade, trata-se de um presente originalmente dado por uma tia dela (e também de minha mãe), que morava na Grécia. Pouco antes de falecer, ela veio ao Brasil na década passada para estar com as três sobrinhas e trouxe essa bolacha com  o desenho do Parthenon. 


Para quem não sabe, o Parthenon foi um templo dedicado à deusa grega Atena, construído no século V a.C., na Acrópole de Atenas, na Grécia Antiga, por iniciativa de Péricles, governante da cidade, e projetado pelos arquitetos Calícrates e Ictinos, além de haver sido decorado em sua maior parte pela oficina do escultor Fídias, o qual também executou a estátua criselefantina (feita de marfim e ouro) da divindade padroeira da cidade, presente no interior do templo naquela época.


Mil anos depois, o Parthenon acabou virando uma igreja cristã nos tempos do Império Bizantino, dedicado ao culto da Virgem Maria (Parthena Maria) e Mãe de Deus (Teótoco). Na conversão do templo em igreja, foram retiradas as colunas internas e algumas paredes da cela. Foi também criada uma abside no lado leste, o que levou à remoção de algumas esculturas. Essas imagens de deuses depostos eram reinterpretados de acordo com um tema cristão ou destruídos.


Em algum momento do século V, a grande imagem de Atena foi retirada e levada para a cidade de Constantinopla (atual Istambul), onde mais tarde acabou por ser destruída. Provavelmente tal fato ocorreu durante o saque promovido pela Quarta Cruzada, em 1204.


Na segunda metade do século XV, como Atenas veio a ser tomada pelo Império Turco, eis que, em 1458, o Parthenon foi novamente convertido, desta vez em uma mesquita muçulmana. Os invasores não destruíram as antiguidades de Atenas, porém não realizaram nenhum projeto de proteção e ainda usaram o templo, durante a guerra, como fortificação.


Contudo, o maior dano do Parthenon foi em 1687, quando os venezianos, liderados por Francesco Morosini, atacaram Atenas e os turcos usaram a edificação como paiol de pólvora. No dia 26 de setembro daquele ano, um canhão veneziano, disparando da colina de Filopapo, acertou no paiol e o edifício foi parcialmente destruído. A estrutura interna foi demolida, o telhado caiu e algumas colunas, particularmente do lado sul, foram decapitadas, sendo que as esculturas sofreram pesados danos e muitos pedaços do piso se soltaram.


Quando a Grécia conseguiu sua independência em 1832, as construções turcas e medievais foram removidas da Acrópole. Em 1975, o governo grego começou uma série de esforços para restaurar o Parthenon e outras estruturas da acrópole, projeto que mais tarde atraiu recursos e apoio técnico da União Europeia.


Já no século XXI, em 2004, foram finalizados os trabalhos de restauro dos pronau (salão leste: onde ficava a principal estátua, de Atena, em ouro e marfim, feita por Fídias) e opistonau (salão oeste: espaço reservado à guarda do tesouro da Liga de Delos), além da limpeza e conservação do friso da fachada oeste. 


Em 2019, antes da pandemia, mais de 3,5 milhões de pessoas visitaram a Acrópole que, atualmente, conta com iluminação noturna e um elevador para deficientes, após à realização de várias obras destinadas a favorecer o fluxo de público.


Ainda que o Parthenon não seja devolvido a um estado anterior à explosão de 1687, sua preservação se justifica. Afinal, estamos falando do mais conhecido dos edifícios remanescentes da Grécia Antiga, sendo um símbolo duradouro do país e da democracia, visto como um dos maiores monumentos culturais da história da humanidade.

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