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sábado, 13 de abril de 2019

Era uma vez uma árvore...



No começo da tarde de hoje (13/04), enquanto voltava para casa com Núbia, senti uma certa tristeza quando passei diante do toco que sobrou de uma bela árvore que antes havia na esquina entre as ruas São Paulo e Primeiro de Maio, aqui em Muriqui. Tratava-se uma amendoeira que foi cortada alguns anos atrás e que era praticamente tão frondosa quanto uma outra ainda existente no terreno de um restaurante de comida caseira, entre as ruas Rio de Janeiro e Ceará.


Para aumentar a minha tristeza, notei que os restos mortais da árvore cortada estavam servindo para depósito de resíduos domésticos, algo que, equivocadamente, chamamos de "lixo", por não sabermos (ou faltarem condições) de darmos um tratamento diverso ao estúpido descarte nas vias públicas. Porém, o que mais me incomodou foi ver o quanto as cidades brasileiras cuidam mal da exuberante natureza em sua volta, sendo o flagrante de hoje uma adequada ilustração para essa lamentável realidade.


É certo que a tal amendoeira jamais deveria ter sido cultivada numa calçada cujo espaço é pequeno, considerando também o fato de suas raízes quebrarem as construções em volta, como se vê claramente na foto. Inclusive por motivo de acessibilidade, por dificultarem a locomoção segura/confortável de pessoas ao longo do calçamento e constituírem um obstáculo para cadeirantes, deficientes visuais e mães com carrinho de bebê.

Por outro lado, tendo em vista que, nos tempos de minha infância, todas as ruas referidas nesse texto eram de terra e a sociedade brasileira não tinha absorvido as noções básicas sobre os direitos de acessibilidade, eu diria que foi até compreensível o fato de terem plantado ali a amendoeira assim como outras árvores mais velhas do distrito que se encontram indevidamente nas calçadas. Afinal, era um tempo em que se privilegiava mais o uso do automóvel numa sociedade de consumo, quando também nenhuma compreensão havia sobre o direito das pessoas com "necessidades especiais" poderem se locomover de maneira autônoma no espaço urbano, prédios públicos e no transporte coletivo.


Assim, ainda que justificável o corte da finada da árvore, confesso que aceitaria a medida numa boa, caso a Prefeitura daqui tivesse também um Plano de Arborização da cidade e de seus distritos, bem como não medisse esforços para promover a gradual acessibilidade de todos. Logo, se no lugar da saudosa amendoeira, por exemplo, plantassem três outras espécies em ambientes próprios para nos compensar daquela perda, a minha concordância seria plena.

Verdade seja dita que tanto Muriqui, quanto a totalidade do Município de Mangaratiba do qual fazemos parte, mais a vizinha Itaguaí e os inúmeros bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro carecem de mais arborização. Ao contrário das áreas consideradas "nobres" da Cidade Maravilhosa e do Plano Piloto de Brasília, onde minha mãe mora atualmente, o que predomina no nosso país são espaços urbanos irregulares, mal tratados, esburacados e esquecidos pelo próprio Poder Público.


Como em outubro de 2020 teremos eleições locais, eis aí a oportunidade dos cidadãos conscientes cobrarem dos seus candidatos aos cargos de prefeito e vereador um compromisso verdadeiro com essa causa. E, no caso dos nossos edis, eles podem não somente aprovar leis que incentivem uma arborização adequada como também exigir do Poder Executivo o cumprimento das normas jurídicas já existentes, fiscalizando. 

Ótimo final de sábado a todos!

OBS: Fotos tiradas na presente data por mim em Muriqui.

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