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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Sem condições de votar a reforma da Previdência com o atual presidente




Acho um grave erro político o presidente Michel Temer insistir em ainda querer que seja votada a reforma da Previdência na próxima semana.

Sinceramente, pouco importa se o governo tem ou não uma base de apoio para aprovar tal proposta pois, a meu ver, continua lhe faltando legitimidade. Até porque a chapa Dilma-Temer nem foi eleita para isso.

Além do mais, estamos bem perto das eleições de 2018. E, se bem refletirmos, qual parlamentar em sã consciência, precisando ser reeleito no ano que vem para escapar da caneta do juiz Sérgio Moro, irá fazer um gol contra aos 45 do segundo tempo?

Há que se levar em conta ainda o fato do PSDB estar desembarcando desse governo sujo que só tem obtido apoio no Congresso em troca de recursos tal como fizera o presidente para escapar das duas denúncias contra ele.

Tendo em vista o momento de janela partidária que se aproxima, é bem possível que as legendas aliadas do Planalto recusem os deputados infiéis que votarem contra a reforma e os dirigentes partidários, assim como, no ano que vem, contemplem com maiores recursos do fundo eleitoral os que forem leais ao presidente. Porém, tendo em vista a impopularidade da proposta, duvido que, com todas as ofertas e ameças, todos os votos necessários sejam alcançados.

Com uma aprovação popular baixíssima, algo em torno de 5%, segundo uma pesquisa do Datafolha divulgada domingo (03/12), e sem um nome competitivo para a sucessão presidencial no PMDB, o que poderemos esperar do governo daqui para frente é cada vez mais um isolamento político. Ou seja, o Palácio do Planalto virou uma casa mal assombrada...

Considerando tudo o que vem acontecendo, também me parece bem provável que todos esses fatos acabem fortalecendo a infeliz candidatura de Lula ou mesmo um nome de oposição apoiado pelo ex-presidente petista pois a esquerda se tornaria uma espécie de porto seguro para muitos que se lembrariam dos bons momentos da nossa economia durante a década passada. Só que, com isso, esses eleitores estarão se enganando porque, se o PT retornar, dificilmente irá retroceder em relação às reformas trabalhistas já concluídas ou promoverá uma eventual mudança nas regras no tocante à Previdência, caso aprovadas.

Também de acordo com o Datafolha em relação à eleição presidencial de 2018, Lula aparece com 34%, enquanto Bolsonaro tem 17% e Marina Silva, 9%. Aí, mesmo que a economia brasileira esteja dando sinais de uma tímida recuperação, a ponto de ao menos haver estagnado a rejeição de Temer, o tempo restante de apenas dez meses é muito curto para o governo exercer alguma força significativa sobre as urnas por mais que venha a fazer um amplo uso da máquina.

Assim sendo, na remota hipótese de Temer conseguir a proeza que o Congresso vote ainda este mês reforma da Previdência, temo que o resultado dessa medida acabe sendo o fortalecimento do PT e a volta da esquerda no pleito de 2018.

Tomara que eu esteja errado!

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