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sábado, 17 de dezembro de 2016

Levando esperança ao suicida




Lendo neste sábado o artigo Como prevenir o suicídio, de Daniel Martins de Barros, publicado em 30/08 no Estadao, gostei muito de uma parte quando o autor escreve sobre "oferecer esperança" à pessoa que pretende tirar a própria vida.


"Às vezes basta alguém dizer que vai melhorar para que o instinto de sobrevivência retome o controle"


Fala também o texto que, além dos transtornos mentais, uma das causas do suicídio seria "a sensação de estar sem saída", e isto se observa com maior frequência em momentos de crise econômica. Ou seja, quando alguém fica desempregado, ou vai à falência nos negócios, ou sente sua reputação ameaçada, é alvo de cobrança de dívidas, ação de despejo, contantes humilhações, tal pessoa começa a sofrer por antecipação, podendo bloquear o pensamento racional pelo domínio das emoções descontroladas.



Ao refletir sobre essa mensagem publicada meses atrás no jornal, recordei-me de algo muito bem antigo que é uma passagem do livro bíblico de Atos dos Apóstolos quando Paulo e Silas estavam presos em Filipos e foram sobrenaturalmente libertos por meio de um súbito terremoto. Na ocasião, o carcereiro, por pensar que os detentos tivessem fugido enquanto dormia, planejou tirar a própria vida como se lê a seguir:


"O carcereiro despertou do sono e, vendo abertas as portas do cárcere, puxando da espada, ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido. Mas Paulo bradou em alta voz: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos! Então, o carcereiro, tendo pedido uma luz, entrou precipitadamente e, trêmulo, prostrou-se diante de Paulo e Silas. Depois, trazendo-os para fora, disse: Senhores, que devo fazer para que seja salvo? Responderam-lhe: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa." (At 16:27-31; ARA)


Certamente que, segundo a lei romana da época, o guarda estava sujeito a receber uma punição caso o prisioneiro escapasse. Logo, era provável que o funcionário da cadeia temesse um castigo mais severo que o açoitamento. Mesmo porque ele estava dormindo na hora do tremor de terra, o que deve ter aumentado ainda mais o seu temor pela responsabilidade ainda que não houvesse dado causa.



Todavia, a esperança de salvação foi uma forte mensagem de ânimo para o carcereiro de Filipos. A ideia de que tanto ele quanto sua família estariam acima de qualquer coisa que os homens pudessem lhe causar trouxe inegável segurança para o seu interior submetendo as emoções ao controle dos bons pensamentos. Pois, até diante da possibilidade de ser morto, nenhum magistrado da cidade conseguiria causar dano à sua alma.



Considero que uma esperançosa pregação sempre pode auxiliar a quem vem a exercer a fé. Porém, a assistência prestada pelos religiosos deve avançar mais. Pois é preciso uma dose maior de compreensão, conhecimento técnico de causa e diálogo com o assistido a fim de que a ajuda se torne realmente eficiente. Daí a importância das lideranças pastorais darem ouvidos à voz da ciência tanto quanto lêem as Escrituras Sagradas, atentando para as orientações dos psicólogos, psiquiatras e demais terapeutas de saúde mental.



De qualquer modo, conclui-se que, desde os tempos antigos, as pessoas do bem já desenvolviam intuitivamente a virtude da esperança no indivíduo de tendência suicida. Isso nos mostra o quanto a crença na possibilidade de alcançar resultados positivos é capaz de motivar o ser humano a romper os grilhões emocionais.



Desejo, meus amigos, que, com sabedoria, possamos transmitir ânimo às pessoas em conflito a fim de que, com ou sem fé, o assistido supere os seus sentimentos negativos.



Tenham todos um ótimo domingo!



OBS: A ilustração acima refere-se à obra A Saída, ou Idealização suicida, feita por George Grie, em 2007, conforme extraído do acervo virtual da Wikipédia em https://pt.wikipedia.org/wiki/Suic%C3%ADdio#/media/File:The_way_out.jpg

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